A editora Draco tem o (ótimo)
costume de colocar no mercado coletâneas de quadrinhos com histórias curtas definidas
por tema específico o que rende quase sempre um resultado bem convincente. “Sangue No Olho” fica dentro desse
quadro de maioria. Publicada no final de 2019 com 184 páginas e organizado pelo
Raphael Fernandes (que também assina uma das dez histórias) apresenta o
faroeste como inspiração, contudo sem se prender necessariamente a isso e dando
liberdade aos autores para localizarem os enredos em diferentes épocas e
lugares, como também partir para visões mais amplas. São casos de vinganças, de
acertos de contas e principalmente de sobrevivência e resistência contra
opressores de qualquer estirpe. Todas as histórias se mantêm mais ou menos no
mesmo nível, porém merecem maior destaque “Sangue” do Gustavo Whiters e Weslley
Marques, “Augusta” da Thaïs Kisuki e Paloma Diniz e “A Retomada” de Caio H.
Amaro e Má Matiazi.
Nota: 7,0
Instagram da editora: https://www.instagram.com/editoradraco
O paulista Fábio Coala possui a
rara maestria de dispor mensagens sobre perseverança, superação, compaixão,
bondade e coragem no meio de histórias simples nas suas essências e sem ser
enfadonho ou pretensioso ao fazer isso. Com “Horo: A Floresta Dos Esquecidos” isso não é diferente. Publicado
de maneira independente via financiamento coletivo em 2019 com 128 páginas (e
dessa vez em cores) apresenta uma trama anterior ao primeiro álbum do
personagem (“Horo – O Castelo da Neblina” de 2016) que narrava a busca por
respostas e pelo próprio caminho. Os temas que são tão caros ao autor continuam
presentes nesse trabalho mais recente. Em tempos em que notícias ruins não
param de chegar e deixam a mente recheada de preocupações e de medo, é um
alento e tanto ler e ver o pequeno Horo encarando tudo e todos de coração
aberto para salvar a quem ama e defender aquilo que acredita.
Nota: 7,0
Instagram do autor: https://www.instagram.com/mentirinhasdocoala
“Clean Break” levou dois anos de produção e aqui vale aquele velho clichê:
a espera valeu a pena. O trabalho do Felipe Nunes nessa hq é prazeroso,
divertido, crítico e ácido, algo bem diferente do tom de obras anteriores como
“Klaus” e “Dodô”. Depois de um financiamento coletivo o projeto foi endossado
pela Balão Editorial por onde foi publicado em 2019 com 240 páginas. É uma
ficção científica com enredo policial que tem ação, drama, lisergia e nonsense
contra uma cruzada moral não tão distante dos nossos dias, mas levada a pontos
extremos. A dupla de agentes da lei
Silas e Alberico que já carrega os próprios dramas e está inserido em um mundo cada
dia mais diferente recebe o ingresso da jovem Tarsila que também possui bagagem
nas costas. Com uma arte que se destaca (e dá para imaginar como ficaria em
cores), “Clean Break” é
definitivamente uma viagem.
“O Ditador Frankenstein e Outras Histórias de Terror, Tortura e Milicos”
é um trabalho daqueles que podemos tranquilamente e sem receio algum chamar de “necessário”.
Além de registrar para novas gerações uma pequena parte da produção e da arte
do grande Julio Shimamoto que completou 80 anos em 2019, usa como pano de fundo
em várias das 12 histórias que compõem a antologia uma fase extremamente
tenebrosa do nosso país que não deve ser esquecida jamais sob nenhuma hipótese.
Produzidas em sua maioria entre os anos de 1978 e 1982 quando a ditadura
militar ainda assolava o país, mostra histórias de terror e violência com cunho
político e social com o traço hábil do mestre Shima e roteiros de Luiz Antonio
Aguiar, Basílio de Almeida, Nani, Reinaldo, Luscar e Maria Emilia, além do
próprio artista em contos mais gerais de terror. Produção impecável da M Marte
Produções com 220 páginas.
Nota: 9,5
Site da editora: https://www.mmarteproducoes.com
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