Colson Whitehead ganhou o Prêmio
Pulitzer de 2017 e foi finalista do Man Boooker Price com o livro “Underground Railroad – Os Caminhos Para a Liberdade” que foi publicado aqui pela Harper Collins
Brasil. A mesma editora no ano seguinte colocou no mercado uma edição com o
primeiro romance do autor, lançado originalmente em 1999 nos USA, chamado “A Intuicionista” (The Intuitionist). Com 320 páginas e tradução de Caroline Chang
esse debute é ambientando em uma cidade fictícia (mas não tanto assim) que mistura
modernismos estruturais com políticas sociais e comportamentais conservadoras
com racismo e misoginia bem entranhados. A protagonista é Lila Mae Watson, uma
das raras inspetoras negras do Departamento de Inspeção de Elevadores, um órgão
forte que além da importância tem grande poder de barganha junto ao governo.
Quando um elevador de um prédio chique despenca logo após uma verificação em que
nada de errado foi atestado, Lila Mae se vê no meio de uma trama intricada e
complexa com política, ego, interesses próprios e corrupção dos envolvidos. A
leitura de “A Intuicionista” é um
pouco travada, pois o texto se preocupa de modo demasiado em exibir conceitos e
técnicas do cenário que usa como ambientação, além de contrapor as teorias dos
lados envolvidos na briga por uma grande revelação que mudará tudo. Não possui
o brilho do premiado livro já citado, mas já carrega em seu corpo as
características que seriam exploradas de modo mais luminoso anos depois como a
crítica social tendo o racismo como principal alvo.
Nota: 5,0
Site do autor: https://www.colsonwhitehead.com
Em 31 de maio de 1998 uma criança
de quatro anos teve toda a família assassinada dentro da própria casa, sendo que como única sobrevivente – por motivos óbvios – cresceu de maneira angustiada e 20 anos depois trabalha como atendente em um café, mora sozinha em lugar não muito sadio da cidade maravilhosa, passa por sessões de terapia com frequência e foge de qualquer tipo de contato pessoal um pouquinho mais intenso seja por medo, por raiva ou por falta de confiança. Esse é o mote de “Uma Mulher no Escuro” do escritor carioca Raphael Montes que completa 30 anos em 2020 e já tem uma lista bem interessante de obras na carreira, como o ótimo “Jantar Secreto” de 2016. Com publicação da Companhia das Letras em 2019 com 256 páginas esse novo suspense do autor possui o ritmo ditado em um thriller psicológico apreensivo onde a protagonista é arremessada dentro de um túnel escuro repleto de segredos, mentiras e mais violência. O grande destaque é a personagem principal, Victoria Bravo, que a duras penas tenta se preservar com sanidade para encarar os desafios da vida depois de ter passado por uma provação tão gigantesca. Quando parece que as coisas estão melhorando pelo menos um mínimo que seja se vê confrontada novamente com o pavor e paralelamente com sentimentos de paixão e desejo que desconhecia até então, o que não a impede de ir definitivamente de encontro ao perigo para colocar as coisas enterradas no passado de uma vez por todas.
Nota: 7,0
Leia um trecho: https://www.companhiadasletras.com.br/trechos/14606.pdf
Site do autor: https://www.raphaelmontes.com.br
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