Tom King é hoje um dos melhores roteiristas das grandes editoras. São vários acertos na carreira: Batman, Senhor Milagre, Visão, O Xerife da Babilônia. Então quando ficou à frente de “Heróis em Crise”, a saga da DC publicada nos EUA entre novembro de 2018 e julho de 2019 que saiu aqui ano passado pela Panini Comics em 5 edições, a expectativa era boa, também por conta do argumento geral que reside em heróis e vilões sendo atendidos por uma “instituição” para tratar de estresse pós-traumático e depressão. No entanto, dessa vez Tom King errou e errou feio. Começa até bem nas duas primeiras revistas, mas o negócio desanda de tal maneira que além de confusa e mal alinhada, a trama força a barra mais do que o normal. A arte de Clay Mann é no máximo correta e não ajuda em nada o resultado que é para lá de decepcionante.
Nota: 2,0
Uma pequena e pacata cidade do
interior onde as águas rodeiam e todos habitantes se conhecem tem a suposta tranquilidade
e paz reviradas do avesso quando um novo morador chega e fica trancado em casa
a sós com experiências que ninguém sabe ao certo o que são. Quando essas
incursões científicas pouco a pouco passam ao conhecimento da população, a
ganância e a natureza mesquinha das pessoas tomam conta das ações de modo
abrupto. “A Nova Califórnia” é uma adaptação em quadrinhos escrita e
desenhada pelo Daniel Araujo em cima do clássico conto de 1910 do escritor Lima
Barreto. A obra que já ganhou várias releituras recebeu no ano passado uma das melhores
nessa versão, tanto no que concerne a arte quanto a condução do roteiro que demonstra
com certo humor embutido como as pessoas trazem consigo um egoísmo e maldade que
podem emergir em qualquer momento da pior forma.
Nota: 7,0
Instagram do autor: https://www.instagram.com/daraujop
Barthô é um cara grandão, forte,
mas muito ingênuo e sem maldade no coração. Para ele tudo é bonito, todas as
pessoas são legais e o mundo é um lugar sempre bacana de estar. Seu melhor amigo
é Nicola que ao contrário é cheio de segundas intenções, pensamentos
estapafúrdios e com uma visão de mundo mais cruel. Até que por conta disso, ao
achar que está fazendo o bem, o protagonista se mete em uma grande roubada e vê
a cabeça degringolar quando precisa lidar com o acontecido. É isso que vemos em
“Os Olhos de Barthô” do quadrinista Orlandeli publicado de modo
independente em 2019 com 97 páginas. Em mais um trabalho encantador e com uma arte
exuberante o autor fala sobre bem e mal, sobre os nossos complicados dias atuais
e sobre como o mundo pode ser sim um bom lugar. Nem que seja por um breve
momento.
Nota: 7,5
Instagram do autor: https://www.instagram.com/orlandeli
E o Jeff Lemire conseguiu de
novo. Já está até meio repetitivo elogiar o trabalho do canadense. Em “Apanhadores
de Sapos” que a editora Mino publicou no final do ano passado com 112
páginas em capa dura, ele arregimenta uma fábula fascinante a respeito do envelhecimento
e das memórias que ficam (ou não) quando as coisas realmente se encaminham para
o final. Em conjunto a isso versa de modo singelo e delicado sobre o poder que
cada escolha tem no decorrer da nossa jornada no mundo e trata dos
arrependimentos que nos perseguem durante isso. É outro grande trabalho de um
autor que parece ter um baú inesgotável de grandes histórias para contar (ainda
bem) e que aqui se dá o direito de apresentar uma arte um pouco mais experimental.
Uma obra para ler, refletir, ler de novo e dar uma olhadinha para o lado, para aqueles
que vivem perto.
Nota: 9,0
Site da editora Mino: http://www.editoramino.com
Instagram do autor: https://www.instagram.com/jefflemire
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