Desde que o filme “A Bússola de
Ouro” foi lançado em 2007 que os fãs da obra do escritor Philip Pullman
esperavam por uma sequência ou uma nova adaptação. A sequência não veio (ainda
bem), mas a obra virou série pelas mãos da HBO em parceria com a BBC e está
disponível no canal desde novembro do ano passado. “His Dark Materials:
Fronteiras do Universo” apresenta 8 episódios adaptados pelo roteirista
Jack Thorne (de filmes como “Extraordinário”) e contando com diretores como Tom
Hooper (de “O Discurso do Rei”) no rol dos contratados. A história tem a jovem
e destemida Lyra (Dafne Keen) como protagonista e retrata um universo paralelo
ao nosso que é comandado de maneira bruta e opressora pelo Magisterium, uma
organização com um poderoso braço armado que usa a religião como forma de se
perpetuar no poder. Neste mundo onde ciência e magia às vezes andam de mãos
dadas e em outras são ferrenhas opositoras, Lyra se mete em uma jornada de
busca a um amigo desaparecido que é repleta de perigos, aprendizados e
descobertas pessoais. Com um elenco recheado de bons atores como Ruth Wilson,
James Cosmo, Lin-Manuel Miranda e James McAvoy, a HBO faz uma produção bem ao
seu estilo, com tons escuros e indo bem nas questões técnicas, apesar dos
efeitos visuais deixarem um pouco a desejar quando são mais necessários.
Contudo, a forma que a história é contada é lenta demais, arrastada demais e
isso faz com que o telespectador saia dessa primeira temporada sem se envolver
completamente, e, principalmente, sem a certeza de que encarará a segunda.
Nota: 6,0
Geralt de Rivia é um bruxo
solitário. Anda pelo mundo a esmo oferecendo seus serviços que consistem em
matar criaturas e monstros em troca de dinheiro. Porém, às vezes as coisas não
saem como deveriam e aceita um trabalho que não é o que parece, outro que paga
mal, outro que não quer e acaba pegando, outro que nem é pago e assim vai. Ser
autônomo não é fácil, sabemos disso. “The Witcher” foi criado nos anos
80 pelo escritor polonês Andrzej Sapkowski e anos depois estourou nos games,
passou pelos quadrinhos, retornou a literatura e no final de 2019 ganhou série
na Netflix com 8 episódios disponibilizados de uma vez só na plataforma, que mostram
a rotina descrita no início do texto. Interpretado pelo Henry “Superman” Cavill
de maneira às vezes com excelência, às vezes bem canhestra, a série apresenta
cada episódio meio que fechado em si com um novo conto, um novo desafio,
enquanto aos poucos constrói a trama principal e apresenta o universo. Com dois
impérios em guerra no decorrer dos episódios o protagonista descobre sobre o
passado, se apaixona, faz algumas promessas, escapa da morte e aumenta o volume
de inimigos. Com ótimas cenas de luta, bons efeitos visuais no que tange aos
monstros e demais seres, outros personagens com destaque como a Yennefer da
atriz Anya Chalotra (que rouba a cena), bom humor e uma maneira não tão óbvia
de confrontar presente e passado na trama, “The Wicther” é o tipo de
série que cumpre o papel de entreter bem, sem maiores preocupações ou ambições.
E parece confortável com isso.
Nota: 7,0
“Watchmen” de Alan Moore e
Dave Gibbons é daquelas obras capazes de mudar as coisas. Ao lado de outras da mesma
época redefiniu (para o bem e para o mal) o conceito de super-heróis e ganhou status
de “intocável”, o que na cultura pop não quer dizer praticamente nada,
convenhamos. Em 2009 o diretor Zack Snyder fez um filme bem fiel, os quadrinhos
já revisitaram a história (e continuam revisitando), enfim, vida que segue. Nessa
vida está “Watchmen”, série produzida pela HBO e idealizada por Damon
Lindelof (criador de “Lost”) que conta com 9 episódios. Recentemente finalizada,
manifesta como enredo um mundo imaginado mais de 30 anos depois dos eventos
finais da graphic novel que culminaram com a morte de 3 milhões de pessoas. Com
um elenco magistral com nomes do porte de Regina King, Jeromy Irons, Tim Blake
Nelson, Louis Gossett Jr., Jean Smart e Hong Chau, a produção exibe uma robusta
pegada política e social que funciona demais como uma nova história, sendo
intrinsicamente ligada ao mundo de hoje e ao momento em que vivemos, retratada
principalmente nos ideais estapafúrdios de supremacia branca da Sétima Kavalaria
(inspirados em Rorschach e filha direta da abominável Klu Klux Klan), sendo que
isso já torna bem recomendável assistir. No entanto, nem tudo são flores, e se analisarmos
friamente em relação a relevância do trabalho para o mundo visualizado por Alan
Moore originalmente, não se constata maiores patamares de importância. E nesse
limbo entre ser uma continuação ou um remix – como o próprio Lindelof já
definiu – é que Watchmen vai bem menos longe do que poderia alcançar.
Nota: 7,5
A HBO fez um site explicando vários
fatos: https://www.hbo.com/peteypedia
Assista aos trailers:
Nenhum comentário:
Postar um comentário