Castle Rock é uma cidade pequena e provinciana
situada nos EUA. Altamente conservadora e satisfeita com suas rotinas e regras,
não gosta de nada que altere isso. Scott Carey é um dos seus moradores há algum
tempo. Com um divórcio ainda recente, busca se restabelecer e focar no trabalho
quando uma coisa para lá de estranha acontece: ele está perdendo peso diariamente,
ficando mais leve, no entanto suas medidas não mudam nada e o corpo continua exatamente
igual. “Ascensão” (Elevation, no original) é um livro curto de Stephen
King lançado em 2018 e publicado aqui no Brasil pela editora Suma no final do
ano passado com 130 páginas e tradução de Regiane Winarski. É uma pequena fábula
que usa a atualidade (a política americana aparece ao fundo) para versar sobre
intolerância, harmonia, preconceito e a finitude da vida e o que fazemos com
ela. Quando o protagonista percebe que sua condição não tem saída e os dias na
face da terra estão contados opta por deixar um legado ao invés de sair
aproveitando os últimos meses. O objetivo é fazer com que o casal de mulheres
que passou a residir na cidade e abriu um restaurante seja aceito pela
comunidade que ele jurava ser boa, mas desconhecia alguns pensamentos. “Ascensão”
não passa nem perto de ser um dos melhores livros do autor, mas traz consigo
uma beleza (ainda que triste) e vibração que nos servem bem, ainda mais quando
passamos os dias tão absortos em notícias (cada vez mais) ruins.
Nota: 6,0
Leia um trecho : https://www.companhiadasletras.com.br/trechos/28000565.pdf
Uma professora aposentada é chamada
por um vizinho que avisa que outro habitante da localidade morreu. Quando
chegam lá percebem que o falecimento foi porque ele se engasgou com um osso. Depois
que a polícia aparece e começa os procedimentos no meio da neve que cai nessa
região isolada da Polônia, a senhora - que não tinha o finado em alta conta - entende
que isso se trata de uma vingança dos animais que eram caçados por ele. “Sobre
Os Ossos Dos Mortos” (Prowadź Swój Pług Przez Kości Umarłych, no
original) foi publicado em 2009 e ganhou edição brasileira dez anos depois pela
editora Todavia, com tradução de Olga Baginska-Shinzato e 256 páginas. Na essência um suspense
que busca desvendar os assassinatos que aparecem na sequência da morte descrita
acima, a obra da vencedora do Prêmio Nobel de Literatura de 2018 caminha em
várias outras ruas e atalhos. A escritora polonesa Olga Tokarczuk cria uma protagonista
fascinante, que além de não ser afeita a pessoas, se dedica com afinco a
astrologia, não come carne, não gosta dos caçadores da região e os sabota
quando pode (sejam ilegais ou não), carrega várias efemérides e no meio disso ainda
produz argutas reflexões em relação a vida e principalmente a morte. “Sobre
Os Ossos Dos Mortos” é um livro que disserta sobre a crueldade com os
animais e os direitos desses em troca de uma “tradição”. É estranho, carrega um
humor meio macabro nas bordas, faz pensar um pouco e enfeitiça o leitor.
Nota: 8,0
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