A quadrinista e ilustradora carioca
Cora Ottoni passou a contar as vergonhas que passava em tirinhas autobiográficas
na internet, o que culminou com a publicação independente de uma coletânea em
formato físico durante o ano de 2017. Em 2019 - novamente de maneira independente
- lança “Corenstein - Volume Dois” que reúne tirinhas feitas durante esse
intervalo. O teor desse segundo volume é diferente do anterior pois mostra a
artista entrando de vez na vida adulta e tendo que lidar com as responsabilidades
que são inerentes a esse processo. Responsabilidades, que de maneira extremamente
divertida, ela conta como faz para lidar (ou absolutamente não lidar). No entanto,
as relações pessoais ainda se fazem presentes e retratam constrangimentos seja
no trabalho, no namoro, na família ou onde quer que seja. Tudo servido ao
leitor de bandeja para extrair alguns sorrisos e aliviar aquele dia ruim nem
que seja por um tempo.
Nota: 7,0
Instagram da autora: https://www.instagram.com/corottoni
Box Brown é quadrinista e ilustrador
residente na Filadélfia nos EUA, onde tem editora própria, a Retrofit Comics.
Sem ser publicado ainda no Brasil estreia pela editora Mino em 2019 com “Cannabis
– A Ilegalização da Maconha nos Estados Unidos”, com 256 páginas em preto e
branco e tradução de Diego Gerlach. Como o nome já leva a induzir o autor faz
uma peregrinação sobre a entrada da maconha nos EUA, até voltando para outras
épocas para contextualizar os pontos de vista. No seu entendimento todo o
movimento a que se refere ao uso da maconha no país foi permeado por inverdades
sempre ancoradas em interesses próprios, preconceitos e como ferramenta de
controle de poder. Da campanha falsa que gerou a famigerada e improdutiva “guerra
às drogas” americana e passando por comentários irônicos e sagazes, temos
uma visão bem interessante sobre um tema para lá de polêmico e repleto de desinformação.
Nota: 7,5
Site do autor: www.boxbrown.com
Brasil, início dos anos 70. A
ditadura vem há alguns anos corroendo sonhos e direitos de uma nação que ousara
sonhar com mais. Os irmãos Jonas e Leona saem de carro do enterro do pai, um
coronel turrão que nunca os reconheceu como filhos. Junto estão a esposa de
Jonas e um misterioso passageiro. Enquanto estão na estrada pequenos
acontecimentos estimulam fatos maiores que chegam em uma enxurrada de dor e
rancor. Em “Entre Cegos e Invisíveis”, o quadrinista André Diniz
constrói um drama sobre família, preconceito, aparências e natureza pessoal
utilizando o fenômeno da super-Lua e o cenário político e social do país como
importantes coadjuvantes. Publicado primeiramente em Portugal - onde esse
carioca reside - teve edição nacional agora no final de 2019 pelo selo Café
Espacial com 128 páginas e é mais um trabalho de alto nível de um autor que não
cansa de forjar ótimas obras.
Nota: 8,0
“Homem-Aranha: Azul” é sobre
se apaixonar, sobre perder e sobre seguir em frente. Uma história simples e
singela no seu cerne como tantas outras, mas que por conta da delicadeza,
condução e arte se tornou um pequeno clássico do aracnídeo. A Panini Comics publicou
a obra da primeira metade dos anos 2000 por aqui em vários formatos, porém lançou
esse ano uma nova (e bonita) edição de 168 páginas e capa dura com textos e esboços.
Jeph Loeb e Tim Sale, responsáveis por obras com tônicas parecidas (“Demolidor:
Amarelo”, “Hulk: Cinza” e “Capitão América: Branco”) contaram com as cores de
Steve Buccelatto para mostrar um Peter Parker que de acostumado a ser invisível
passa a se destacar mais e acaba se apaixonando por Gwen Stacy. Entre brigas
com vilões, diminutas lições de vida e sonhos feitos e desfeitos, “Homem
Aranha: Azul” ainda é um trabalho que carrega um sólido charme.
Nota: 8,5
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