Quando Aegon, o Conquistador
chegou em Westeros com seus dragões a tiracolo toda a história do(s) reino(s)
mudou drasticamente. Em “Fogo & Sangue – Volume 1” (Fire And Blood),
George R. R. Martin conta um pouco mais sobre os 300 anos de reinado dos
Targaryen até que a rebelião comandada por Robert Baratheon matasse Aerys II, o
Rei Louco e desse início a saga que fez estrondoso sucesso tanto nos livros
quanto na televisão. Lançado pela editora Suma no final do ano passado com 598
páginas e tradução de Regiane Winarski e Leonardo Alves, o livro - que
apresenta partes anteriormente publicadas em 2013, 2014 e 2017 em outras obras -
é narrado bem depois que os fatos aconteceram e são baseados em relatos de um septão,
um meistre e um bobo da corte (que rende as melhores passagens). “Fogo &
Sangue” apresenta em farta quantia coisas que o autor explorou de forma
competente em “Game Of Thrones”, tais como mentiras, traições, intrigas, guerras,
religião e sexo, mas aqui com um pouco de humor. O livro amarra algumas coisas,
explica outras e até levanta alguns novos questionamentos, no entanto não ultrapassa
aquilo que realmente é: um subproduto voltado para fãs e devotos da história “original”
que serve para suprir a ausência do próximo livro que não chega nunca. Em
determinadas pedaços a leitura fica tão arrastada e desenxabida que é difícil seguir
adiante. O ponto alto acaba sendo as ilustrações de Doug Wheatley (Superman,
Hulk, Conan) que acrescentam bastante ao texto.
Nota: 4,0
Leia um trecho aqui:
https://www.companhiadasletras.com.br/trechos/28000580.pdf
“Hibisco Roxo” de 2003 é o
primeiro livro da nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie que depois se tornaria uma
das relevantes autoras da atualidade com livros como “Americanah” e famosas
palestras. “Hibisco Roxo” (Purple Hibiscus) ganhou edição
nacional em 2011 pela Companhia das Letras que constantemente faz reimpressões
como agora em 2019 com tradução de Julia Romeu e 328 páginas. Nele somos
apresentados a jovem Kambili e a um país que está permanentemente na corda
bamba, na luta entre manter tradições e crenças e/ou se adequar as mudanças trazidas
pela colonização branca, enquanto os processos políticos e sociais são
instáveis e geram corrosivos efeitos. O pai de Kambili é um empresário de
sucesso que ao mesmo tempo em que ajuda bastante a comunidade e pessoas
estranhas gere com mão de ferro a família, formada além dela pela mãe e por um
irmão. O pai que assumiu a religiosidade dos colonizadores despreza os deuses
antigos e guia os passos dos seus quase como um diretor de presídio. Sufocada e
sem conhecer outra realidade, as coisas mudam para a jovem quando vai passar um
tempo com a tia, professora de universidade e residente em outra cidade. E aí
ela começa a perceber que o mundo não era o que pensava. Com a realidade
nigeriana de pano de fundo (que em alguns aspectos não difere muito da nossa),
a autora mistura autobiografia e ficção em um relato que por mais simples e
sensível que possa parecer de início, carrega uma força arrebatadora junto
consigo.
Nota: 8,0
Leia um trecho aqui:
https://www.companhiadasletras.com.br/trechos/12753.pdf
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