domingo, 13 de outubro de 2019

Literatura: "Fogo & Sangue - Volume 1" e "Hibisco Roxo"


Quando Aegon, o Conquistador chegou em Westeros com seus dragões a tiracolo toda a história do(s) reino(s) mudou drasticamente. Em “Fogo & Sangue – Volume 1” (Fire And Blood), George R. R. Martin conta um pouco mais sobre os 300 anos de reinado dos Targaryen até que a rebelião comandada por Robert Baratheon matasse Aerys II, o Rei Louco e desse início a saga que fez estrondoso sucesso tanto nos livros quanto na televisão. Lançado pela editora Suma no final do ano passado com 598 páginas e tradução de Regiane Winarski e Leonardo Alves, o livro - que apresenta partes anteriormente publicadas em 2013, 2014 e 2017 em outras obras - é narrado bem depois que os fatos aconteceram e são baseados em relatos de um septão, um meistre e um bobo da corte (que rende as melhores passagens). “Fogo & Sangue” apresenta em farta quantia coisas que o autor explorou de forma competente em “Game Of Thrones”, tais como mentiras, traições, intrigas, guerras, religião e sexo, mas aqui com um pouco de humor. O livro amarra algumas coisas, explica outras e até levanta alguns novos questionamentos, no entanto não ultrapassa aquilo que realmente é: um subproduto voltado para fãs e devotos da história “original” que serve para suprir a ausência do próximo livro que não chega nunca. Em determinadas pedaços a leitura fica tão arrastada e desenxabida que é difícil seguir adiante. O ponto alto acaba sendo as ilustrações de Doug Wheatley (Superman, Hulk, Conan) que acrescentam bastante ao texto.

Nota: 4,0

Leia um trecho aqui:
https://www.companhiadasletras.com.br/trechos/28000580.pdf 


“Hibisco Roxo” de 2003 é o primeiro livro da nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie que depois se tornaria uma das relevantes autoras da atualidade com livros como “Americanah” e famosas palestras. “Hibisco Roxo” (Purple Hibiscus) ganhou edição nacional em 2011 pela Companhia das Letras que constantemente faz reimpressões como agora em 2019 com tradução de Julia Romeu e 328 páginas. Nele somos apresentados a jovem Kambili e a um país que está permanentemente na corda bamba, na luta entre manter tradições e crenças e/ou se adequar as mudanças trazidas pela colonização branca, enquanto os processos políticos e sociais são instáveis e geram corrosivos efeitos. O pai de Kambili é um empresário de sucesso que ao mesmo tempo em que ajuda bastante a comunidade e pessoas estranhas gere com mão de ferro a família, formada além dela pela mãe e por um irmão. O pai que assumiu a religiosidade dos colonizadores despreza os deuses antigos e guia os passos dos seus quase como um diretor de presídio. Sufocada e sem conhecer outra realidade, as coisas mudam para a jovem quando vai passar um tempo com a tia, professora de universidade e residente em outra cidade. E aí ela começa a perceber que o mundo não era o que pensava. Com a realidade nigeriana de pano de fundo (que em alguns aspectos não difere muito da nossa), a autora mistura autobiografia e ficção em um relato que por mais simples e sensível que possa parecer de início, carrega uma força arrebatadora junto consigo.

Nota: 8,0

Leia um trecho aqui:
https://www.companhiadasletras.com.br/trechos/12753.pdf



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