Um sistema opressor que massacra
a população de todas as formas possíveis e imaginárias incluindo uma violenta
repressão que descamba para a tortura pura e simples quase que sempre. No apoio
a esse regime além de um forte braço militar estão a religião, ciência e a
manipulação de fatos e verdades com informações que favoreçam aos que estão no
poder e espalhem o medo. Essa é a realidade de Unthreak, a última região
habitada do mundo apresentada em “Ordem Vermelha: Filhos da Degradação (Vol.
1)” do escritor paulista Felipe Castilho. A obra foi lançada na CCXP em
dezembro de 2017 com participação direta da empresa e teve publicação pela
editora Intrínseca com 448 páginas. Fantasia onde transitam seres fantásticos e
criaturas assombrosas tem como grande inspiração “O Senhor dos Anéis” e outras obras
correlatas, contudo exibe brilho próprio não somente pelo universo que
cuidadosamente cria em termos de ambientação e dinâmica visual, mas particularmente
pelo teor do texto que insere uma sólida pegada política ainda que mascarada e
encoberta por várias camadas. Os indivíduos que se atrevem a derrubar e
desmascarar o governo corrosivo da deusa Una, precisam lidar com táticas e
nuances que quando tiramos as espadas, bestas, escudos e bichos grotescos não
são tão diferentes das que hoje vemos por aí tanto no Brasil quanto em alguns
países do mundo. Dosando aventura, tensão e humor com essa dose camuflada de
crítica política e social o primeiro volume de “Ordem Vermelha” é um
trabalho que exibe vários bons atributos.
Nota: 7,0
Se atualmente as mulheres ainda se
deparam com os mais diversos tipos de preconceito e ouvem absurdos mil, imagine
isso na década de 40? É onde Anna Kerrigan, a protagonista de “Praia de
Manhattan” (Manhattan Beach, no original) da escritora Jennifer Egan
se encontra e lida diariamente com isso para conseguir o que deseja enquanto sustenta
o crescimento pessoal junto com os erros, dúvidas e afirmações decorrentes.
Publicado nos EUA em 2017 a obra recebeu edição nacional em 2018 pela editora
Intrínseca com 448 páginas e tradução de Sergio Flaksman. A vencedora do
Pulitzer de 2011 com o magistral “A Visita Cruel do Tempo” aqui navega por uma
narrativa mais convencional (mas não menos elegante), usando a ficção histórica
como condutora. Desenvolvido sobretudo na Nova York da época em que a segunda
guerra mundial se desenrolava, mas também tendo uma relevante parte nos anos
30, no cenário pós-crise financeira de 1929, o trabalho versa sobre escolhas,
consolidação, luta, inquietação, risos e lágrimas, sejam no mar ou em terra.
Entramos de cabeça na vida da personagem principal que trabalha no Arsenal da
Marinha e anseia por ser mergulhadora quando mulheres eram proibidas disso. Vivendo
sozinha com a mãe e com a irmã que carrega sérios problemas de saúde, Anna Kerrigan
fica sempre a um pé de desmoronar enquanto toma uma decisão difícil ou quando se
entrega aos prazeres da vida. Com ambientação histórica que beira a perfeição,
Jennifer Egan mostra de novo suas habilidades e o que é capaz de construir.
Leia um trecho no site da editora: https://www.intrinseca.com.br/upload/livros/1ºCAP_PraiaDeManhattan.pdf
Nota: 8,0
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