“Your Song”, “Tiny Dancer”,
“Rocket Man”, “Mona Lisas And Mad Hatters”, “Bennie And The Jets”, “Goodbye
Yellow Brick Road”, Don’t Let The Sun Go Down On Me”, “Bitter Fingers”,
“Someone Saved My Life Tonight”. Essas são só algumas das canções que Elton
John compôs nos anos 70, sendo a maioria ao lado do parceiro Bernie Taupin. Sem
dúvida a década foi o momento mais brilhante do artista que por meio de canções
como essas gravou discos excepcionais.
A fase contida nesses anos virou
livro e teve publicação nacional no ano passado em edição da editora Benvirá
com 320 páginas e tradução de Irenêo Baptista Netto. “Captain Fantastic – A Espetacular Trajetória de Elton John nos Anos
70” (Captain Fantastic – Elton John’s
Stellar Trip Trough The ´70s, no original) é escrito por Tom Doyle e foi
desenvolvido e forjado depois de uma série de entrevistas realizadas para uma
matéria na revista Mojo sobre o referido período.
Foram anos loucos e esplêndidos
regados com inseguranças, afirmações, criatividade e excessos. Reginald Dwight
era um garoto prodígio tímido e gordinho, fascinado pelo rock de nomes como
Jerry Lee Lewis e Little Richard e ouvinte voraz das coisas ao redor. Com início
periclitante pensou em desistir de tudo, mas as coisas mudaram na excursão aos
EUA em 1970. Então com 23 anos (re)nasceu para a vida artística em shows
antológicos no palco do lendário Troubadour.
O músico administrava a constante
briga da personalidade introvertida com aquela extremamente oposta que exibia
nos palcos e que fazia com que a música parecesse suprimida, jogada para
segundo plano em detrimento do espetáculo. Todo o caminho até virar um popstar
é narrado por Tom Doyle de maneira calma, mas sem deixar de ser incisivo. Um
retrato de um outro mundo onde um show importava, uma resenha positiva tinha
peso e a rádio tinha as gravadoras atuando fortemente na divulgação.
De 1970 a 1976 ele colocou 7
discos consecutivos no topo das paradas americanas e 14 singles entre os 10
mais. Foi musicalmente influente no mesmo patamar de nomes como Led Zeppelin,
Rolling Stones e David Bowie. Depois do álbum duplo “Captain Fantastic And The
Dirty Brown” de 1975 as coisas começaram a degringolar e do alto em que se
encontrava a queda foi considerável. Devorado pela cocaína e pelo excesso de
trabalho uma crise emocional se instaurou e até a parceria com Taupin teve ruptura.
Discos bem mais fracos vieram (como “Victim Of Love”).
A associação com Bernie Taupin é
um dos vários pontos emblemáticos nessa história toda. A maneira como ele
aparece na vida do músico é coisa do destino. Daquelas coisas maravilhosas do
destino. Outro ponto fascinante são os encontros narrados com figuras como John
Lennon, Neil Diamond, Leon Russell, Brian Wilson, Iggy Pop, Groucho Marx e Rod
Stewart. O de Lennon é um caso a parte em 1974 antes de tocarem juntos no
Madison Square Garden em Nova York.
No meio dos questionamentos
constantes que martelavam sua mente, Elton John passou por um processo imenso
de afirmação, não só da própria capacidade técnica em menor instância, mas
principalmente da questão pessoal com a sexualidade vindo finalmente à tona em
relacionamentos complexos e protetores. E durante esse percurso que resultou em
conquistas gigantescas e fracassos retumbantes deixou músicas boas, músicas
realmente muito, muito boas.
Nota: 8,5
Aqui uma playlist com 37 canções e quase três horas dessa frutífera década:
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