O Surfista Prateado foi criado em
1966 por Stan Lee e Jack Kirby e desde então mesmo sendo um dos mais poderosos
do universo Marvel teve altos e baixos com poucos momentos debaixo de holofotes
maiores. Além de sagas espaciais onde costumeiramente tem destaque também esteve
em algumas histórias magistrais levantando questões filosóficas, existenciais e
pacifistas. O ex-arauto de Galactus entrou em uma dessas fases quando passou
para as mãos de Dan Slott e Michael Allred, que a partir de 2014 inseriram novo
frescor nas tramas. A primeira parte disso está em “Surfista Prateado: Novo Alvorecer”, encadernado de 2019 da Panini
Comics, com 128 páginas e tradução de Érico Assis. As histórias já haviam saído
antes nas mensais da editora, mas agora ganham uma caprichada edição onde o
Surfista conhece a terráquea Dawn Greenwood e embarca em aventuras
psicodélicas, surreais e com muito humor, como um verdadeiro gibi deve ser.
P.S: A história após esse tomo
fica ainda melhor. É torcer para a Panini botar esse produto no mercado também
nesse formato.
Nota: 7,0
Bruno Maron é carioca e nutria a
vontade de ser quadrinista, o que concretizou quando fez nascer em 2008 o blog
Dinâmica de Bruto. A decisão foi um acerto já que hoje foi publicado em
diversos veículos importantes do país como Folha de São Paulo e O Globo, entre
outros. Em 2018 lançou “Dinâmica de
Bruto II” que nasceu do financiamento coletivo e teve posterior publicação
pela editora Maria Nanquim (assim como o primeiro volume de 2014), com 168
páginas. Se na edição anterior se abrangia o período de 2010 a 2012, agora
temos um apanhado de 2013 a 2017 e mais coisas inéditas. O trabalho de Maron
incomoda, achaca, zomba constantemente e carrega um pessimismo com humor
próprio. Ataca com grande categoria a estupidez humana, a mesquinharia, as
relações modernas, a futilidade das coisas que nos cercam, os filósofos de
araque da esquina e mais um bocado de coisas.
Nota: 7,0
John Blacksad é uma criação dos
espanhóis Juan Díaz Canales (roteiro) e Juanjo Guarnido que começou a ser
publicado na França em 2010 pela editora Dargaud. Aqui no Brasil a editora
Sesi-SP vem lançando o título com frequência (depois de uma rápida passagem
pela Panini) desde 2017. Em “Blacksad –
Vol. 4: O Inferno, O Silêncio” vemos o protagonista atuando como detetive
particular depois de ter saído da polícia nas edições anteriores. Mesmo com uma
sequência existente de fatos, são álbuns que podem ser lidos isoladamente sem
problema. A trama dessa vez se passa em New Orleans, com todas as
peculiaridades e cores da cidade espelhadas belamente na arte, que como de
costume é detalhada com ênfase nos cenários de fundo. Com 64 páginas, tradução
da escritora Carol Bensimon e lançamento em 2018 temos outro trabalho da dupla
que mantêm o nível bem lá em cima. Corra atrás, é classe pura.
Nota: 7,5
Em 2017 o carioca Rapha Pinheiro
publicou “Salto” uma história fantástica inserida dentro de um universo com
várias nuances e inúmeras correlações com os nossos dias. Em 2018, esse universo
se expande mais com “Silas”, que é um
dos habitantes da cidade escondida debaixo da terra ambientada na trama que por
conta de um problema sério de saúde quando criança acaba sendo moldado pelos
poderosos da cidade para ser o capitão de uma polícia que serve somente aos interesses
da elite. Embrutecido e com bastante dificuldade de se expressar aos poucos conhece coisas novas e mais sobre seu passado e como as coisas realmente
funcionam na cidade. Novamente via financiamento coletivo e com publicação pela
AVEC Editora as 96 páginas mantêm o climaço steampunk anterior e apresentam metáforas
e analogias mais vigorosas em um mundo criado com esmero e habilidade
pelo autor, onde a vida sempre pode ser bem mais.
Nota: 8,0
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