Um castelo antigo, enfiado no
meio do nada, repleto de estranhezas e que esconde muito mais do que se pode
imaginar. Uma construção que se contorce, se contrai e se expande ao próprio
gosto e necessidade tanto para afastar visitantes indesejados e se proteger quanto
para confinar uma família entre as paredes por várias gerações. Herbert é o
mais novo integrante dessa família quando recebe a visita de um tio e uma prima
cheios de segundas intenções. Morando apenas com o mordomo e o pai completamente
ensandecido, além de uns serviçais bem peculiares, o anfitrião vê as coisas literalmente
desmoronarem na noite que se segue a essa visita. Essa é a história básica de “Ragemoor”, publicação desse ano da
editora Mino com capa dura, 122 páginas, formato 16,8x25,9cm em preto e branco e
contendo vários extras. Com roteiro de Jan Strnad e arte do mestre Richard
Corben (de “Espíritos dos Mortos” lançado aqui no ano passado) a obra traz um
horror à moda antiga, com monstros, castelos e entidades misteriosas envolvidas
em um pano de fundo de provação, superação, loucura e romance. Um tipo de
terror que foge um pouco dos lançamentos mais comuns do estilo atualmente e por
conta disso agrada bem.
Nota: 7,0
Estamos no futuro. Uns 40 anos
antes o mundo se partiu após um conflito mundial de enormes proporções onde
pouco mais de 20% da população sobreviveu. As antigas nações acabaram e se
fundiram em apenas dois lados: a União Ocidental e o Governo Popular Oriental. Ocidente
contra Oriente. Esse é o cenário de “Bipolar
- Volume 1”, primeira metade da história concebida por Renan Rivero com arte
de Diogo Torres e capa de Ramon Saroldi. Com 84 páginas, em preto e branco, e
produção independente alcançada através de financiamento coletivo, é ficção
científica das boas, bem articulada e construída, em um leve nível acima da
média da produção nacional. Nesse panorama todo está Charlie, uma jovem
criptóloga que serve as forças ocidentais, mas além dos propósitos implícitos da
sua atividade, busca saber mais sobre o pai que morreu misteriosamente quando
ela era criança. Quando aparece um estranho e misterioso objeto com
propriedades e fabricação oculta, ela tem a possibilidade de atingir os dois
objetivos. Usando de maneira habilidosa diversas influências do universo da
ficção científica futurista (o clássico “Neuromancer” de William Gibson é bem
presente, por exemplo), “Bipolar” é
uma hq que merece muito sair em uma edição que atinja um alcance maior.
Nota: 8,0
A série animada “Os Flintstones” criada nos anos 60 nos
EUA teve mais de 160 episódios e se tornou sucesso em vários outros países. Obra
da lendária dupla William Hanna e Joseph Barbera, também cativou milhares de
crianças e jovens no Brasil. A DC Comics que possui os direitos sobre os
personagens os reimaginou em quadrinhos em 12 edições que saíram originalmente
entre setembro de 2016 e agosto de 2017 e que a Panini Books lançou aqui em
dois volumes publicados no ano passado e agora em 2018, com capa cartonada e
alguns extras. Vivendo na idade da pedra na cidade de Bedrock, mas com
tecnologias que remetem diretamente a nossa época que são construídas ou por
animais ou por estranhas geringonças, Fred Flintstone, sua esposa Wilma e a
filha Pedrita vivem em harmonia com os vizinhos e demais habitantes da cidade.
Em cima desse cotidiano é que o roteiro de Mark Russell se expande e atravessa
de modo satírico e mordaz temas como trabalho, religião, costumes, guerras, política
e relações pessoais. A arte de Steve Pugh com as cores de Chris Chuckry são
mais que eficientes para amplificar essa pegada inserido um humor visual no
meio dos absurdos e críticas afiadas da história.
Nota: 9,0
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