Mais um encadernado cobrindo o
“renascimento” da DC Comics chegou nas bancas no início desse ano. Como já
visto com várias revistas da editora, agora é a vez de “Trindade” ganhar o primeiro volume com 140 páginas e capa
cartonada. Traz as seis primeiras edições dessa fase publicadas nos EUA entre
setembro de 2016 e abril de 2017, escritas e desenhadas pela estrela em ascensão
Francis Manapul (“Flash”) com auxílio de outros artistas. Na edição temos
Batman, Mulher-Maravilha e Superman contra dois antigos rivais onde seus
poderes e habilidades não valem quase nada para vencer. Os heróis repaginados
dessa empreitada da DC estão dispostos a se conhecer melhor e superar algumas
desconfianças, sendo que para tanto fazem uma refeição juntos na casa do
Superman quando são surpreendidos em uma briga que é mais psicológica do que
física (ainda que essa parte apareça). Mesmo com a participação dos principais
nomes do seu panteão de histórias e contar com dois vilões clássicos, a
história proposta por Manapul em nenhum momento empolga o leitor, o que é
bastante desanimador pois esperava-se mais do autor ao mexer com tais
personagens. “Trindade - Volume 1” é
indicado somente para os fãs mais fervorosos. E olhe lá.
Nota: 4,0
Entre os meses de setembro de 2003
e janeiro de 2004 foi publicada nos EUA uma aventura mais visceral do Deus do
Trovão. Com roteiro de Garth Ennis e arte de Glenn Fabry (ambos de “Preacher”),
Thor recebeu em cinco edições uma história com muita magia, maldições, zumbis
(antes de estarem tão na moda assim) e, claro, muita violência e o humor ácido
do autor. No ano passado a Panini Books lançou isso por aqui em um encadernado de
capa dura com 124 páginas. Ambientada na época dentro do selo “Marvel Max” que
permitia enfoques mais adultos e violentos em cima dos personagens da editora, Garth
Ennis criou uma trama repleta de bons momentos. Quando vikings zumbis
desembarcam de surpresa sobre New York e destroçam todos os heróis que passam
pela frente (até mesmo o Thor), o Dr. Estranho entra na jogada e expõe um plano
mirabolante para acabar com a maldição que os invasores receberam e trazer paz
novamente para a cidade. “Thor - Vikings”
é contada de um modo que se torna um prato cheio para quem gosta da pegada do
autor, além de contar com a exuberante arte de Glenn Fabry em todas as edições.
Nota: 7,5
O trabalho da quadrinista Bianca
Pinheiro se caracteriza - entre outras coisas - pela sensibilidade e doçura que
expôs em trabalhos como “Bear”, “Mônica: Força” e “Dora”. Já nas 56 páginas de “Alho-Poró” que foi publicado no
finalzinho do ano passado pela editora La Gougoutte e teve financiamento
através de crowdfunding a artista se aventura em uma história diferente daquilo
que nos habituamos a ler dela. A trama reúne três amigas chamadas Márcia,
Denise e Brenda que estão na missão de comprar os ingredientes necessários para
fazer uma quiche de alho-poró. Peregrinando por supermercados atrás do que é
preciso conversam sobre amenidades e sobre casos do passado. Nada demais até
aí. E a história vai caminhando assim, sem parecer que vai decolar em algum
momento, parecendo ser mais um trabalho sobre o cotidiano. Bom, isso até as
páginas finais, onde a coisa muda completamente de figura. Em “Alho-Poró”, Bianca Pinheiro ousa ir
por outros caminhos e faz isso muito bem. Tudo nessa nova empreitada é
diferente: o traço, as cores, o papel, o tom (ainda que certa afabilidade
permaneça ao fundo). É uma história que pede sequência e tem poder para se
tornar algo bem maior.
Nota: 7,5
Site da autora: http://bianca-pinheiro.tumblr.com
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