Lançamento de 2017 da Panini
Comics, “Lua do Lobo” (Wolf Moon, no original) recria o mito do
lobisomem que passa a ser uma espécie de entidade que se transfere de corpo em
corpo através dos tempos realizando atos horríveis nesse período em hospedeiros
que escolhe meramente ao acaso e toma por possessão. Criação de Cullen Bunn com
arte de Jeremy Haun e cores de Lee Loughridge, a história passou anos
engavetada até que o selo Vertigo da DC bancou a aposta em 6 edições publicadas
no primeiro semestre de 2015 nos EUA. O trabalho recebeu elogios contundentes e
desembarcou no Brasil em um encadernado de 162 páginas com direito a esboços
como extras. O condutor da história é Dillon Chase que quando estava possuído pela
fera causou danos mortais a diversas pessoas, inclusive algumas próximas e
queridas. A maneira que busca para aliviar toda culpa que carrega consigo é
caçar cegamente essa besta pelos quatro cantos do país e quando a grande chance
surge descobre que outros estão interessados na questão, o que dificulta muito
mais as coisas. Com bom ritmo, arte funcional e cores bem adicionadas, “Lua do Lobo” é uma boa hq, mas distante
dos grandes elogios que recebeu.
Nota: 6,0
Afrânio sempre esperou que a vida
lhe proporcionasse algo mais. Parado no quarto já no alto dos 40 e poucos anos
e levando uma vida sem muita graça, continua esperando que em um dia qualquer
por algum desmando do destino sua existência sofrerá uma drástica guinada e
enfim será um protagonista no mundo. Quando sonhos estranhos começam a invadir as
noites, entende isso como a mensagem que aguardou por tanto tempo e passa a
tomar atitudes que levarão as coisas por outro caminho. De início até que essas
decisões remetem a coisas positivas, no entanto, depois tudo fica nublado. “O Sinal” é mais um bonito trabalho do
quadrinista, cartunista e ilustrador Orlandelli (de “Grump” e “Chico Bento:
Arvorada”). Com 96 páginas foi lançado no final do ano passado na CCXP através
da Jupati Books, selo da Marsupial Editora. Como de costume Orlandelli mescla
vida real e questões imaginárias para gerar uma história que pode ser entendida
de outras formas e maneiras. Com o traço sempre agradável e a ótima maneira que
direciona as cores, mantêm a sensibilidade ali escondida no meio do caos
enquanto versa sobre a relação de cada um com as conquistas, anseios, ambições
e decepções que norteiam a estrada que percorremos diariamente.
Nota: 7,5
Em 2017 o tradicional Prêmio
Jabuti incluiu a categoria de quadrinhos e o primeiro trabalho a levar essa
honraria foi “Castanha do Pará”,
produção independente do professor e artista visual Gidalti Jr. que foi
financiada através de crowdfunding e tem 84 páginas, capa dura e formato grande
(22,5 x 30,5cm). Nascido em Belo Horizonte, mas criado em Belém, o autor criou
uma fábula suja e atual que pode ser visualizada em qualquer estado do país
além do mercado do Ver-O-Peso onde passa a maior parte da história. Castanha é
um garoto que vive na rua, completamente marginalizado e sem suporte. Deixou a
família para trás depois de uma tragédia praticamente anunciada e se vira entre
as vielas do bairro da Cidade Velha. Com arte esplendorosa, toda pintada em
aquarela e com as cores vibrantes tão presentes na cidade, o trabalho foi inspirado
na obra “Adolescendo Solar” de Luizan Pinheiro. A narração feita por uma
vizinha em conversa com a polícia acrescenta tons de humor a um drama real que
conta com o descaso do poder público para se alongar acintosamente nos últimos
anos não somente na vida do imaginário Castanha com sua cabeça de urubu, mas
também em inúmeros outros jovens arremessados a própria sorte por aí.
Nota: 8,5
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