Entre 1978 e 1995, Ted Kaczynski (Paul
Bettany) espalhou terror nos EUA com bombas enviadas por via postal. Para expor
ideias e inconformidade com o rumo que a sociedade estava tomando matou 3
pessoas e feriu outras 23. Conhecido como Unabomber foi uma pedra e tanto no
sapato do FBI até finalmente ser preso em 1995 devido a uma nova técnica de
investigação chamada linguística forense, baseada em cartas fornecidas pelo
irmão depois que leu um manifesto publicado nos jornais. Essa técnica foi
criada meio na marra e na necessidade pelo agente Jim Fitzgerald (Sam
Worthington), especializado em criar perfis de criminosos. Andrew Sodroski
aproveitou a onda de produções sobre crimes reais na televisão e criou pelo
canal Discovery “Manhunt: Unabomber”
que estreou ano passado e está disponível no Netflix. Não confundir com
“Mindhunter”, que apesar de ter o mesmo teor em linhas gerais caminha com outra
pegada, outro ritmo e outros objetivos. Como é uma produção do Discovery os 8
episódios têm um ar de documentário inerente, contudo passa longe daquelas
produções horríveis feitas para a tevê em outras épocas. Tudo nela é pensado com
cuidado e as atuações são competentes, mesmo sem ser brilhantes. Situada
principalmente nos anos de 1995 e 1997, quando Jim Fitzgerald entra na
força-tarefa e precisa provar a todo momento que aquilo que percebe é válido
quando todos dizem o contrário, “Manhunt:
Unabomber” tem a capacidade de prender na frente da tela, apesar de já se
saber o final. Explorando a conexão do agente do FBI com os questionamentos
feitos por Kaczynski no manifesto a série mergulha em águas mais profundas,
porque apesar da maneira brutal e covarde que foi usada para propagá-lo, o
texto traz pontos interessantes, ainda mais em tempos como o nosso onde a
tecnologia é cada vez mais senhora de tudo.
Nota: 7,5
“Deuses Americanos” (American Gods) é a obra mais completa do
britânico Neil Gaiman na literatura. Publicada em 2001 teve edições nacionais
no decorrer dos anos, inclusive uma excelente “edição preferida do autor” em
2016 pela Intrínseca. Versando sobre a formação dos EUA e usando os deuses e
lendas que os milhões de imigrantes trouxeram nos corações e bolsos, criou um
trabalho repleto de nuances como a relação do país com seus formadores, o
combate do velho contra o novo e a maneira que esse novo molda a sociedade,
entre outras coisas. Mesclando realidade e fantasia como poucos sabem fazer -
além do peculiar humor - era difícil imaginar como transportar isso para a
televisão quando foi anunciada uma série sobre o livro. Produzida pelo canal
Starz e criada por Bryan Fuller (de “Hannibal”) e Michael Green (roteirista de
“Logan” e “Blade Runner 2049”) com Gaiman participando ativamente do processo,
a série é um acerto fenomenal. Disponível no Brasil na Amazon Prime Video, a
primeira temporada tem 8 episódios e direção precisa de nomes como David Slade
(“30 Dias de Noite”) e Floria Sigismondi (“The Runaways”). A história tem como
protagonista Shadow Moon (Ricky Whittle) que prestes a sair da cadeia descobre
que a esposa Laura (Emily Browning) faleceu. Na sequência é abordado pelo
misterioso e intrigante Mr. Wednesday (Ian McShane) que após dura negociação o
convence a trabalhar para ele. No decorrer disso Shadow se vê inserido em algo
que não passa nem perto de entender e conhece estranhas figuras. Na briga dos
deuses antigos contra os novos (como tecnologia, internet, etc.), “American Gods” reluz a cada momento, a
cada cena. Também merecem destaque a
entidade irlandesa conhecida como Mad Sweeney (Pablo Schreiber) e Gillian
Anderson estupenda como a deusa moderna Media, onde é responsável pela melhor
cena do ano vestida de Marilyn Monroe.
Nota: 9,0
Sobre o livro, passe aqui.
Nenhum comentário:
Postar um comentário