No vasto rol
de vilões da Marvel poucos se equiparam ao poder do Magneto. E poucos já foram
tão radicais e ferozes quanto ele. Com os anos largou de mão de algumas ideias
mais tenebrosas, fez parte do grupo dos mocinhos (ainda que sempre de maneira
controversa) e até mesmo foi marionete de terceiros. Em “Magneto: Infame” ele esquece toda essa história e volta a buscar o
que sempre ambicionou: proteger os mutantes a qualquer custo e da maneira que
for preciso. O encadernado de capa dura que a Panini Comics publica aqui com
140 páginas, reúne as edições originais de 1 a 6 lançadas nos EUA entre maio e
setembro de 2014 com roteiro de Cullen Bunn (The Sixth Gun) e arte de Gabriel
Hernandez Walta e Javi Fernandez dependendo do número. A ideia de trazer
Magneto de volta para o lado do “mal” é no papel, ótima. Essa é a faceta que
sempre lhe coube melhor. Ainda mais se considerarmos que nesse momento seus
poderes não exibem mais a magnitude de outrora, estão bem combalidos, o que o
impele a ser mais inteligente que nunca. Infelizmente, a boa ideia esbarra em
um roteiro apenas razoável e em uma arte que deixa bem a desejar.
Nota: 5,0
O Monstro é um
bicho de pelúcia que passa de pessoa para pessoa ajudando nos problemas. Essa
fantasia inicial serve para que o quadrinista Fabio Coala disponha sobre medos,
dúvidas e a força que cada um tem de superar isso e ir adiante. O personagem
surgiu em 2013 e desde então se faz presente. A mais recente história é “O Monstro - A Casa no Fim da Rua”, concebida através de financiamento coletivo esse ano, cada vez
mais um ótimo caminho para os quadrinhos nacionais. São 176 páginas com o que Fabio Coala tem de melhor. Um pouco de suspense, alguma aventura e romance,
diversas analogias escondidas ali na superfície ao lado da premissa inicial, e
nesse caso, até mesmo um alerta para os jovens em seus mundos virtuais (tanto
fisicamente quanto emocional). Jô é uma adolescente que vive isolada do mundo e
mal suporta as pessoas. Seu único relacionamento é com os amigos virtuais que
joga online. Tal isolamento tem origens mais profundas e quando uma misteriosa
figura se muda para a casa do título, seu mundinho sofre um sério balanço.
Com toques simples e singelos o autor constrói um bonito trabalho sobre temas
nem tão simples e singelos assim.
Site do autor: http://mentirinhas.com.br
Nota: 7,0
Existem obras
que são imprescindíveis. Obras que estão dentro daquilo de melhor que um tipo
de arte produz. Obras como “Black Hole”
de Charles Burns. Lançada nos EUA em 12 edições de 1995 a 2005 já teve
publicação nacional em 2007 pela Conrad. Agora em 2017 é a vez da Darkside
Books reunir tudo em um caprichado volume único de 370 páginas com tradução do
escritor Daniel Pelizzari. Ambientada nos anos 70 nos arredores de Seattle, trata
de uma inexplicável peste que se alastra entre os jovens através do contato
sexual e que causa as mais variadas mutações. Usando essas mutações como metáforas
para as angústias adolescentes, como também de crescimento e aceitação, Burns construiu
uma obra admirável em todos os aspectos. A arte não é fofinha ou fácil e escancara
corpos nus e deformidades com tranquilidade. Em preto e branco o terror
explorado não é somente visual, aliás, fica longe disso, é um terror emocional,
psicológico, que gera angústias e mais angústias. “Black Hole” ganhou prêmios importantes na sua trajetória até aqui
como o Eisner e o Harvey e é o tipo de caso em que é mais que justo. Se gosta
de quadrinhos não cometa o erro de não ter essa edição na estante. É quase um
crime.
Nota:
10,0
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