August Pullman, mais conhecido
como Auggie, tem 10 anos e uma vida bem diferente da maioria das crianças da
mesma idade. Desde que nasceu passou por 27 cirurgias para corrigir diversas
situações e mesmo com o sucesso delas seu rosto ainda exibe deformidades
acentuadas. Educado pela mãe em casa e amparado em toda uma rede de proteção
familiar, vê as coisas mudarem quando começa a ir para a escola pela primeira
vez e passa a lidar com todo o assombro e preconceito dos demais alunos. “Extraordinário” (Wonder, no original) que estreia agora no Brasil é a adaptação do
livro homônimo da escritora R. J. Palacio que fez bastante sucesso e rendeu trabalhos
posteriores para aproveitar isso. Dirigido por Stephen Chbosky (autor do livro
e roteirista do filme “As Vantagens de Ser Invisível”) é bastante fidedigno as
páginas e apresenta Jacob Tremblay (do ótimo “O Quarto de Jack”) no papel
principal, com Julia Roberts e Owen Wilson como os pais. A maior parte da
película é narrada pela visão do protagonista, porém, os demais envolvidos como
coadjuvantes também contam sua visão da história na tela. A mensagem de “Extraordinário” é nobre e mais do que
nunca necessária. Respeitar as diferenças e aqueles que não são iguais a gente
é preciso e ainda avança delicadamente sobre a questão do bullying. Contudo, é a
típica produção feita sob medida para emocionar o espectador. Tudo é pensado
nesse sentido. Cada frase, cada gesto, cada mensagem que fica nas entrelinhas.
Tradicional longa que pega uma ideia de validade universal e a transforma em
produto açucarado para o grande público. Com atuações bem medianas, exceção
feita a Jacob Tremblay, Izabela Vidovic que interpreta a irmã e Sônia Braga que
faz a avó materna, o filme emociona por conta da mensagem, mas incomoda em
igual escala por tamanha plastificação.
Nota: 5,0
Há muita coisa para se admirar na
carreira do norte-irlandês Kenneth Branagh. O ator, diretor, roteirista e
produtor tem várias obras respeitáveis no currículo como as adaptações de
William Shakespeare para o cinema. Em 2017 ele parte para a incumbência de
jogar o universo de suspense, crimes e mistério da escritora Agatha Christie
para as telonas e inicia com o famoso “Assassinato
no Expresso do Oriente” (Murder on
The Orient Express), publicado originalmente em 1934, onde é responsável
pela direção e interpretação do protagonista, o hábil detetive belga Hercule Poirot.
O livro já teve adaptações anteriores, mas agora é apresentado com um elenco
repleto de estrelas formado por Daisy Ridley, Penélope Cruz, Johnny Deep, Michele
Pfeiffer, Judi Dench, Josh Gad e William Dafoe. Além disso faz parte de um
plano maior de levar mais trabalhos da autora para um novo público. A trama foi
modificada um pouco pelo roteirista Michael Green, todavia mantêm a essência
intacta. Durante uma viagem no expresso do título ocorre um assassinato que
logo cai nos braços de Poirot para resolver quando a neve tira o transporte dos
trilhos e os impedem de ir adiante. Ali, parados e sem auxílio, o detetive
parte para a resolução do caso, mas se depara com uma vastidão de dissimulações,
mentiras e informações desconexas que o travam na busca rápida ao culpado,
coisa não muito comum na carreira e que o deixa meio transtornado. Com ritmo
lento e sincopado, Kenneth Branagh conduz o filme revelando um pouco de cada
vez e, para quem não conhece o livro ou viu as adaptações anteriores, deixa o
mistério em alta até o esperado último momento. Esse ritmo cadenciado pode até
não agradar os espectadores acostumados com filmes a 180 por hora a todo
momento, mas servem perfeitamente ao trabalho em questão.
Nota: 7,0
Harold Meyerowitz (Dustin Hoffman) é um escultor e ex-professor universitário que teve relativo destaque na primeira profissão e foi mais aplaudido na segunda. Amargurado com o reconhecimento que nunca teve, mas fazendo com que isso não transpareça tão fácil (pelo menos ele acha que não) mora em uma boa casa com a mais recente esposa Maureen (Emma Thompson). É o personagem de Hoffman que serve de ponto de partida para todos os acontecimentos de “Os Meyerowitz: Família Não Se Escolhe” (The Meyerowitz Stories, no original), uma produção do Netflix que causou discussão esse ano sobre a possibilidade de longas feitos e distribuídos na plataforma poderem participar de festivais (foi exibido em Cannes). Discussões à parte, o novo filme do diretor Noah Baumbach (de “Frances Ha”, “Margot e o Casamento” e “Lula e a Baleia”) é um ótimo trabalho. Explora temas já conhecidos na sua filmografia e apresenta personagens deslocados e com pouca aptidão social no meio de relações disfuncionais na maioria das vezes. Tudo tem início quando Danny (Adam Sandler, talvez no trabalho mais interessante da carreira) chega para passar uns dias com o pai em Nova York junto com a filha Eliza (Grace Van Patten). Danny largou a carreira de músico para criar a filha e agora que está divorciado e a filha vai para a Universidade está perdido, bem perdido. No decorrer da trama aparecem a irmã Jean (Elizabeth Marvel) e Matthew (Ben Stiller), todos igualmente detonados pelos anos de convivência com o egoísmo e rancor escondido do pai. Com diálogos afiados que se cortam e atravessam em uma dinâmica que só os próprios personagens entendem, Noah Bambuach extrai de cada ator um trabalho contundente em um drama familiar maluco que no meio dos acontecimentos usa o humor como forma de amenizar as pesadas dores silenciadas.
Nota: 8,0
Assista aos trailers legendados:
Um comentário:
É um filme bom e muito interessante, sinto que história é boa, mas o que realmente faz a diferença é a participação de Adam Driver neste filme. O último que eu vi foi em um dos top filmes de comedia chamado Lucky Logan Roubo em Família, na minha opinião, foi um dos melhores filmes de comédia. O ritmo é bom e consegue nos prender desde o princípio, cuida todos os detalhes e como resultado é uma grande produção, um filme que se converteu em um dos meus preferidos. Sem dúvida o veria novamente! É uma boa opção para uma tarde de filmes.
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