Marty Byrde (Jason Bateman) e
Bruce Lidell (Josh Randall) tem uma bem-sucedida empresa de consultoria
financeira em Chicago. O primeiro tem estilo calmo, é mais técnico e leva uma
vida boa, mas sem grandes esbanjamentos. Já o segundo é expansivo, falador e
gosta de exibir o dinheiro que ganha e se gabar disso. Por trás desse sucesso
todo e transformação de pequeno empreendimento para algo maior está um dos
maiores cartéis de droga do México, que tem seu dinheiro lavado e convertido em
limpo pela empresa da dupla. Quando Lidell dá o passo maior que a perna e
desvia grana dos mexicanos, Byrde entra em uma fria, onde para ganhar tempo e
se salvar muda com a família de Illinois para o Missouri, na pacata região do
lago que empresta o nome a série. Criada pela dupla Bill Dubuque e Mark
Williams que trabalharam juntos em filmes como “O Contador” e “Um Homem de
Família”, “Ozark” tem 10 episódios
na primeira temporada (uma segunda já foi confirmada) que foram
disponibilizados de uma vez só no Netflix em julho desse ano. Mais um dos
produtos originais da plataforma, a série rendeu comparações imediatas com
“Breaking Bad”, mas envereda por outros caminhos e com atitudes bem diversas do
personagem principal. Jason Bateman está surpreendente no papel, com uma performance
que não estamos muito habituados a ver nos filmes em que estrela. Junto a ele
como esposa está a sempre ótima Laura Linney que tem importância direta no
desenrolar de tudo. Com elenco de apoio bem utilizado e atuações consistentes, “Ozark” é uma daquelas séries que
trazem a capacidade de prender o espectador na poltrona episódio após episódio.
Com ótima fotografia usando tons escuros e sombrios para dar o tom tenso, temos
uma das melhores produções que debutaram nesse ano.
Nota: 8,0
“Preacher” é uma das histórias mais incríveis dos quadrinhos. Com
roteiro de Garth Ennis, arte de Steve Dillon e capas de Glenn Fabry foram 66
edições normais e mais 6 especiais (sim, 666), todas já publicadas aqui pela
Panini. No primeiro semestre do ano passado uma série televisiva adaptando a
obra estreou nos Estados Unidos em produção do canal AMC. Criada pelo astro
Seth Rogen em parceria com Evan Goldberg e Sam Catlin, pretendeu levar para a
telinha o bizarro e estrondoso universo concebido por Ennis e Dillon com muita
acidez, violência e humor negro. Tarefa nada fácil, diga-se, afinal como levar tudo
para a televisão? O resultado podemos conferir na plataforma digital Amazon
Prime onde a primeira temporada está disponível (a segunda já acabou nos EUA
mas ainda não foi liberada). A saída para deixar a trama mais palatável foi
suavizar um pouco os temas e fatos, mudar a história parcialmente, inserir
novos personagens coadjuvantes e estender por toda a temporada inicial o arco
que se resolve logo de início nos quadrinhos. A história do pastor Jesse Custer
(Dominic Cooper) que recebe uma entidade sobrenatural repleta de poderes
chamada Gênesis e a partir disso se vê em guerra com o paraíso e outras coisas
mais, realmente seria impossível de se ver na totalidade. Do lado da
ex-namorada Tulip (Ruth Negga) e do amigo Cassidy (Joseph Gilgun em exuberante
atuação), Custer tem que achar novamente (ou não) o lugar da sua fé na pacata
Annville no Texas. A decisão dos criadores foi deixar toda a temporada inicial
na cidade, coisa que nos quadrinhos não ocorre. Contudo, apesar do ritmo lento
para quem conhece a obra, tudo flui bem. As blasfêmias, personagens estranhos,
ironias e maluquices aparecem em boa quantidade preparando terreno para que na
segunda temporada a coisa aconteça para valer e se torne ainda mais feroz.
Imperdível.
Nota: 9,0
Assista aos trailers legendados:
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