Um som poderoso que causa danos
tremendos a quem escuta aparece na África sem maiores explicações. O exército
norte-americano fica preocupado com o que pode ser uma nova arma a ser
utilizada contra o país e por conta desse poder todo pensa evidentemente em reverter
isso a seu favor. O cenário é os anos 50 e depois de algumas tentativas de
descobrir mais sobre o som o exército resolve apelar para músicos que também
são soldados e serviram na segunda guerra mundial. Esses músicos formam os
Danes, uma banda localizada em Detroit que teve um grande sucesso e hoje paga
as contas gravando outras bandas no próprio estúdio. Essa é a premissa de “Piano Vermelho” (Black Mad Whell, no original), lançado lá fora esse ano e que ganha
edição tupiniquim pela editora Intrínseca com 320 páginas e tradução de
Alexandre Raposo. Obra do escritor e músico Josh Malerman é o sucessor de
“Caixa de Pássaros”, um thriller psicológico que rendeu boas vendas e críticas.
Intercalando passagens ocorridas na África e as que vieram após isso, o autor
tenta montar um mosaico de mistério sobre o que realmente representa o som,
contudo faz isso de maneira nada objetiva, inserindo capítulos que servem
somente para crescer o número de páginas e nada mais. A narrativa simples e sem
muitos floreios – que podia ser um mérito quanto ao ritmo – não rende o
esperado e deixa a obra com aquele sabor de descartável. Para dizer que não há
bons momentos, a amizade dos membros dos Dunes rende bem e podia ter sido mais
explorada em contrapartida ao mistério que expõe. E depois de heroicamente se
chegar ao final do livro, a revelação do tal mistério é bem chinfrim,
convenhamos. Emulando questões temporais, existenciais e pessoais, aumenta
ainda mais o sentimento de tempo perdido quando se chega ao final do último parágrafo.
Nota: 3,0
Leia um trecho diretamente do
site da editora, aqui.
O suíço Joël Dicker alcançou o
sucesso com o livro “A Verdade Sobre o Caso Harry Quebert”, que vendeu mais de
3 milhões de cópias no mundo. Vários superlativos lhe foram direcionados e
mesmo que não fosse para tanto, a obra é realmente interessante e exibe
diversas qualidades. Normal então conferir com certa expectativa se essas
qualidades seriam mantidas no trabalho seguinte intitulado “O Livro dos Baltimore” (Le
Livre des Baltimore, no original). Publicado na França em 2015 recebeu
edição nacional no início desse ano pela editora Intrínseca com 416 páginas e
tradução de André Telles. Nele, temos o retorno do personagem principal Marcus
Goldman. A trama se desenvolve antes dos fatos narrados em “A Verdade” e por
mais que tenham relação indireta com esse, se constitui em uma história
independente e diferente. Sai o policial e entra a crônica familiar, mas com o
clima de mistério ainda presente. Enquanto se refugia na Flórida para escrever
o novo romance, Marcus se depara com lembranças e coincidências que o remetem a
infância e adolescência onde cresceu dividido na sua casa em Montclair e na
casa dos tios ricos de Baltimore, onde criou grande afeição com dois primos e
mais tarde com Alexandra, que se juntou a trupe até que o caminhar da vida se
incumbisse de deixar esses dias mágicos cada vez mais no passado, culminando em
um drama que mudou tudo. Em “O Livro dos
Baltimore” Joël Dicker transita pelo romance de formação em flashbacks
constantes, enquanto por outro lado enverada pela busca de redenção e afirmação
pessoal. Ira, segredos, ego, inveja e paixão são bem presentes no livro que no
geral fica bastante aquém do seu antecessor, cansando em determinadas passagens
e não resolvendo de maneira satisfatória as camadas que expõe, sendo, dessa
maneira, apenas um livro comum como tantos por aí.
Nota: 6,0
Leia um trecho diretamente do
site da editora, aqui.
Sobre “A Verdade Sobre o Caso
Harry Quebert” no blog, passe aqui.
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