Finn Maguire
tem 17 anos. É disléxico, tomou algumas decisões equivocadas na vida e trabalha
em uma unidade dessas de fast-food como atendente. Não há muita esperança de
melhora pela frente, a verdade é essa. Mora com o pai, um ator aposentado e
pretenso roteirista que não consegue finalizar nada, com quem tem um
relacionamento bom e amoroso. Ao chegar em casa em um dia aparentemente como
qualquer outro encontra o pai na sala em meio a uma poça de sangue. E então
tudo muda. Com essas diretrizes iniciais é que se edifica “O Triturador” (Crusher,
no original), livro publicado esse ano no Brasil pela editora Bertrand Brasil,
com 320 páginas e tradução de Ronaldo Passarinho. Lançado lá fora em 2012 é o
primeiro trabalho do norte-irlandês Niall Leonard a chegar aqui. Roteirista de
televisão e cinema usa dessa experiência para deixar a obra com ritmo em
capítulos curtos que tem como principal objetivo não deixar o leitor se cansar
ou se aventurar em discussões mais elaboradas. A partir do assassinato do pai,
Finn Maguire se mostra disposto a achar as razões e os responsáveis.
Inteligente e longe de ser um santinho, se aventura por uma Londres menos efervescente
e conta com um golpe de sorte para cair exatamente onde pretendia estar. Entra
então em uma gangorra de emoções que lhe afetarão de maneira bem delicada com o
retorno de familiares sumidos e um romance cheio de questões obscuras batendo
na porta. “O Triturador” tem como
grande vantagem ser lido rapidamente, com trama ágil e eficaz no suspense
simples que expõe. No entanto, não difere em nada de centenas de outras
publicações do mesmo estilo, não apresenta nada que o torne especial se
consolidando na típica história que depois de uns dias será esquecida
completamente por quem leu.
P.S: Como curiosidade o autor é esposo da escritora
E. L. James de “Cinquenta Tons de Cinza”.
Nota: 5,0
Um dos livros
mais bacanas do Neil Gaiman ganhou reedição revisada nacional esse ano. “Belas Maldições” (Good Omens, no original) foi escrito em parceria com o já falecido
Terry Pratchett e exibe 350 páginas nesta nova edição da editora Bertrand
Brasil com tradução de Fábio Fernandes. A obra virará série de tevê em 2018 e
contará com David Tennant e Michael Sheen no elenco vivendo os protagonistas: o
demônio Crowley e o anjo Aziraphale. Na trama, o fim do mundo está próximo, o
apocalipse final já é daqui a alguns dias. Tanto o anjo quanto o demônio sabiam
que um dia isso acontecer, que a contenda final entre bem e mal chegaria, mas
eles não querem nada disso pois se habituaram a vida que levam e aos prazeres
que tem na vida terrena. Por estarem a tanto tempo em solo defendendo os
interesses de cada lado os dois acabaram por estabelecer uma relação de
respeito, consideração e até mesmo amizade. Por isso se unem para impedir o
anticristo de provocar o derradeiro ato. Um detalhe: o anticristo tem somente
11 anos, não sabe disso e foi criado na família errada. Nessa aventura contra o
tempo recheada com muito bom humor, acidez, sátiras e críticas a tudo que é
coisa, os autores inserem personagens coadjuvantes tão interessantes quanto os
principais como o caçador de bruxas Newton Pulsifer, o sargento Shadwell e a
jovem Anathema Device, descendente de uma antiga profeta da qual vive recitando
passagens oriundas de um velho livro. Destaque também para os quatro cavaleiros
do apocalipse e suas representações. A parceria de Gaiman e Pratchett em “Belas Maldições” publicada pela
primeira vez em 1990 na Inglaterra ainda diverte bastante, contudo, algumas das
piadas perderam o sentido com o decorrer do tempo e não funcionam mais tão bem.
Mesmo assim é leitura bem recomendável.
Nota: 7,5
Leia um trecho
no site da editora, aqui.
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