O Exterminador (Deathstroke, no original) é um dos
personagens mais bacanudos da DC Comics. Criado em 1980 pela dupla formada por
Marv Wolfman e George Pérez, começou como antagonista dos Titãs, contudo foi
além. Vilão, mercenário inescrupuloso e assassino mortal, é respeitado e temido.
O que o transforma em tão interessante é que apesar de toda a vilania, vez ou
outra ainda opera alguma coisa boa, dentro do seu distorcido senso de justiça.
A Panini Comics coloca agora no mercado brasileiro um encadernado contendo a
aclamada fase dentro do “Renascimento” da DC, que angariou indicação ao Prêmio
Eisner. Com papel LWC, capa cartão, lombada quadrada e 140 páginas vemos o
assassino entrando em uma espiral de traição atrás de traição para descobrir
quem colocou a cabeça da sua filha a prêmio. Com roteiro de Christopher Priest
(Lanterna Verde) e arte na mão de vários nomes como o brasileiro Joe Bennett
(Arrow) e Mark Morales (Deadpool), a trama volta a diversos pontos da vida dele
com o objetivo de contextualizar a aventura que desenvolve. A Panini lança várias
publicações nesse formato, onde procura estabelecer um padrão gráfico que
servirá para abarcar os personagens fora das revistas mensais com preços
atrativos. Ideia bacana, mas que só sobreviverá se as histórias contadas forem boas,
o que se tratando da DC é sempre uma grande incógnita nos últimos anos, mesmo
sendo inegável o avanço mais recente dessa fase. Reunindo edições lançadas nos
EUA entre outubro e dezembro de 2016, “Exterminador
- Volume I” rende bons momentos, principalmente quando foca no passado do protagonista,
no entanto a trama que ocorre no presente com a presença ilustre de Batman e
Robin é confusa, mesmo com o potencial que oferece. Esse fato, somado a
passagem variada de artistas que prejudica a unidade, deixa a série apenas como
mediana.
Nota: 6,0
Entre tantas e tantas histórias
trágicas no mundo da música a de Billie Holiday é uma das mais impactantes. A
Lady Day (como ficou conhecida) foi uma das maiores vozes do jazz nos anos 30, 40
e 50, lançando dezenas de discos e falecendo precocemente aos 44 anos em 1959.
Reverenciada (com muita razão) até hoje, nada foi fácil para ela. Filha de um
casal adolescente, apanhava da família na infância, se prostituiu ainda garota
para sobreviver, foi estuprada inúmeras vezes e presa outras tantas. Conheceu
drogas e álcool desde cedo e levou os vícios durante a vida. Sofreu muito com o
racismo e brigou contra ele do jeito que pode. Do outro lado de toda essa
tragédia tinha o dom absoluto e magistral de cantar como poucas pessoas no
mundo. Virou imortal dentro do jazz na mesma época de tantos monstros sagrados.
A editora Mino em mais um trabalho editorial brilhante republica esse ano no
país em capa dura a versão dessa história contada em quadrinhos pelos mestres argentinos
José Muñoz (arte) e Carlos Sampayo (roteiro). Lançada originalmente como
graphic novel nos anos 90 tem início em 1989, 30 anos após a morte da artista,
quando um jornalista tem como missão elaborar um texto sobre esse fato, porém
não conhece exatamente nada sobre o assunto. Ao ir pouco a pouco descobrindo a
vida que retratará com palavras ele se depara com pinceladas fortes dos eventos
que resumimos acima. A arte em preto e branco com intenso realce nos contrastes
é um personagem próprio da edição, um estilo já utilizado pelos autores em
obras anteriores como na premiada “Alack Sinner”, que angariou fãs como Frank
Miller que usou disso na estupenda “Sin City”. “Billie Holiday” de Muñoz & Sampayo e suas 80 páginas não tem a
mínima condição de ficar fora da sua estante. Seria algo imperdoável.
Nota: 9,0
P.S: A biografia “Lady Sing The Blues” é muito recomendável para
quem quer se aprofundar na vida de Billie Holiday. Já foi lançada no Brasil.
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