sábado, 2 de setembro de 2017

Cinema: "King: Uma História de Vingança" e "Como Nossos Pais"


Em “King: Uma História de Vingança” (Message From The King, no original) filme de 2016 que recentemente entrou na grade do Netflix por aqui, o Pantera Negra dos filmes da Marvel Chadwick Boseman interpreta Jacob King, um sul-africano que desembarca na cidade de Los Angeles atrás do paradeiro da irmã mais nova (Sibongile Mlambo da série “Black Sails”). Tudo é muito incerto, pois a única pista que tem é uma ligação falha e um endereço antigo, mas com alguma destreza para o motorista de táxi que diz ser na imigração do aeroporto, ele vai superando e montando o quebra-cabeça que se apresenta. Filme do diretor belga Fabrice Du Welz (de “Calvaire” e “Alléluia”), o trabalho conta com um elenco bastante interessante. Estão presentes nomes como Luke Evans, Alfred Molina, Teresa Palmer, Tom Felton, Dale Dickey e Chris Mulkey, alguns deles em papéis bem curtos. O roteiro escrito por Oliver Butcher (“Desconhecido”) e Stephen Cornwell (“O Homem Mais Procurado”), insere o protagonista em uma Los Angeles bem distante do glamour e dos holofotes e tapetes vermelhos, ainda que esses de certa maneira ainda façam parte da trama como pano de fundo. Ao ir atrás da vingança que o título nacional já entrega de antemão, Jacob King explode em ira não poupando quem aparece no caminho, mas não daquela maneira banal de entrar em um canto como um doido e sair atirando em todo mundo de qualquer jeito, mas sim usando medidas inteligentes e alguns ardis. Tentando ser o mais realista possível e conseguindo isso em certa escala, o longa apresenta uma boa exibição de Chadwick Boseman e mesmo sem muitas surpresas é um suspense de ação que cumpre com as prerrogativas básicas desse estilo, contando como bônus o já citado interessante elenco de apoio.

Nota: 6,0


Logo no início de “Como Nossos Pais” que estreou nos cinemas no final de agosto já se vê que a personagem Rosa está com sinais de cansaço no rosto. A partir do almoço na casa da mãe (Clarisse Abujamra, em trabalho inspirado), esses sinais só avançam e se agravam. Aos poucos a vida da protagonista de 38 anos vivida de maneira contundente pela atriz Maria Ribeiro, sai dos eixos e desanda. Ela descobre que o pai não é quem pensava, o casamento com Dado (Paulo Vilhena) está em queda livre, as pressões das filhas em crescimento são motivos de estresse diário, é demitida do trabalho do qual já não gostava muito, e ela, como mulher forte que sempre precisou ser tem que saber lidar com tudo isso, mesmo que não saiba como. Grande vencedor do festival de Gramado desse ano, o filme da diretora Laís Bodanzky (de “Bicho de Sete Cabeças” e “As Melhores Coisas do Mundo”), como é inerente ao seu trabalho, aposta na força dos diálogos e no dia a dia dos personagens que reagem as coisas que lhe acontecem, mas sem imprimir mudanças drásticas na trama. Essa proximidade maior com a vida que estamos acostumados a conhecer impulsiona esse drama com toques tragicômicos no meio em mais uma obra de qualidade dentro da carreira. Com atuações consistentes de Maria Ribeiro (entre a fragilidade, o medo e a dureza), de Clarisse Abujamra e a participação mais que especial de Jorge Mautner como o pai anterior de Rosa, até alguns deslizes são perdoáveis como os que se referem a busca pelo novo pai e ao relacionamento dentro do casamento. “Como Nossos Pais” é um filme alinhado aos nossos tempos de tecnologia e na pressão exercida sobre mulheres que precisam ser profissionais hábeis, mães, esposas, filhas, donas de casa e o que mais vier, sempre no tudo ao mesmo tempo agora, sem alívio aparente.

Nota: 8,0

Assista aos trailers dos filmes:



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