Larry Ferrell
criou uma rede social que se alastrou como uma peste pelo mundo, entrando na
vida das pessoas de cabo a rabo do planeta e redefinindo a forma de comunicação
estabelecida antes (viu alguma semelhança aqui?). Bilionário, mas sofrendo de
uma doença terminal e sem mais muito tempo de vida pela frente desencadeia um
último processo social. Cria um aplicativo que escolhe aleatoriamente 140
pessoas de todo o globo para herdarem sua fortuna pessoal estimada em 18
bilhões de dólares. Usa elevados recursos para reunir os escolhidos em uma ilha
privada e colocar as regras do acordo que consistem basicamente em: a) só terão
a grana depois da sua morte, e b) a cada morte de um dos premiados o valor da
parte respectiva será automaticamente rateado entre os sobreviventes e assim sucessivamente.
É partindo disso que Rob Williams (roteiro) e Mike Dowling (arte) elaboraram
uma nova série para o selo Vertigo da DC Comics que chega agora ao Brasil pela
Panini Comics reunindo as edições de 1 a 6 publicadas nos EUA entre janeiro e
junho de 2016. “Unfollow: 140 Tipos”
tem 148 páginas e conta também com arte de R.M. Guéra e cores de Quinton Winter
e Giulia Brusco. Essa nova série da Vertigo recebeu elogios de nomes como Brian
Azzarello, mas na verdade as edições iniciais que conhecemos nesta edição, resultam
em uma junção de dezenas de ideias já desenvolvidas de maneira mais concisa
anteriormente e com bem mais brilho. Ao agrupar vários estranhos de lugares
diferentes e com ideais e pensamentos distintos para testar assim os limites da
humanidade quando está em jogo a própria sobrevivência e muito dinheiro, o
roteiro apenas recicla situações com uma roupagem moderna e sem grande efeito,
apesar da arte bem trabalhada. Por enquanto é bem passável. A conferir adiante.
Nota: 5,0
Marguerite
sempre se sentiu deslocada de tudo. Do mundo, dos padrões que a sociedade impõe
e espera dos seus participantes, até mesmo do círculo composto pelas pessoas
mais próximas de si. Aos 27 anos por conta de suas “manias” e jeito de ser
sofreu preconceitos das mais variadas estirpes. Não entendia o que acontecia
com ela, qual “problema” tinha que impedia de ser como os demais. Depois de
muito caminhar e bater cabeça descobre que tem Síndrome de Asperger, um tipo de
autismo onde a interação social é dificultosa, rotinas devem ser mantidas a
todo custo e é recomendável viver e trabalhar em lugares tranquilos sem muitos
barulhos e cheiros por causa da hipersensibilidade a esses tipos de coisas.
Quando descobre isso, a vida dá uma pequena reviravolta e tem adicionada uma
sensação de paz que nunca provara até então. Esse é o mote de “A Diferença Invisível” (La Différence Invisible, no original), trabalho
de 192 páginas lançado na França em 2016 que ganha publicação nacional esse ano
pela editora Nemo com tradução de Renata Silveira. A autora Julie Dachez passou
por tudo que relata na obra sobre o nome de Marguerite e resolveu mostrar isso
a todos com os desenhos simples, contudo funcionais, de Mademoiselle Caroline
que retratam bem a relação drama-humor de algumas situações. É um trabalho que
deve ser analisado basicamente por dois prismas: primeiramente como material sobre
o tema, não tão explorado e conhecido e sem os clichês padrão de autismo já
expostos na cultura; e no segundo momento, como extensão para qualquer tipo de
preconceito que alguém sofre simplesmente por ser diferente, por não entrar nos
padrões que estipulam-se ser os “aceitáveis”, seja por quais forem os motivos
que isso ocorra. De qualquer prisma que se olhe, temos uma leitura relevante e que
vale o tempo gasto.
Nota: 7,0
Leia um trecho
no site da editora: http://grupoautentica.com.br/nemo/amostra/1488
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