“Jogador No. 1” foi publicado no
Brasil em 2012 pela editora Leya e chamou a atenção. Escrito por Ernest Cline
(roteirista do filme “Fanboys”), o livro é dinâmico e insere cultura pop em
doses saborosas, o que resulta em ótimo brilho nostálgico. A obra até virou
filme a ser lançado esse ano com direção de Steven Spielberg, destacando bem essas qualidades. A expectativa para o segundo trabalho do autor era
natural e em 2015 ela terminou com o lançamento de “Armada”. No mesmo ano a Leya colocou a versão nacional no mercado
com 430 páginas e tradução de Fábio Fernandes. Nessa nova trama conhecemos Zack
Lightman, um jovem que está prestes a terminar os estudos antes da faculdade e que
passa a maior parte do tempo jogando videogame no simulador que empresta o nome
ao livro e trabalhando em uma loja geek na pequena cidade que mora. Tudo anda
na toada entre a insatisfação, o tédio e os sonhos impossíveis enquanto o
futuro não se apresenta. Com o fantasma do falecido pai sempre circulando em
meio aos pertences e teorias deixadas por ele que lhe transferiu o gosto por
games, música e filmes, tudo muda quando Zack vê no pátio da escola uma nave
exatamente igual a do jogo que tanto gosta de passar o tempo. Muda mais ainda quando outra nave desce no pátio para lhe buscar para partir em uma missão que tem
como objetivo simplesmente salvar a terra de uma invasão alienígena. Com um
misto de deslumbramento, medo e espanto, parte para um universo que
pensava não existir. Em “Armada”,
Ernest Cline homenageia a ficção espacial e usa as mesmas técnicas já
apresentadas antes. Contudo, dessa vez diminui a dinâmica, deixa o roteiro cheio de
pequenas falhas e exagera nas doses de cultura pop e nostalgia, com referências
em excesso que mais prejudicam do que ajudam. Decepcionante.
Nota: 4,0
Site do autor: http://www.ernestcline.com
Nina Borg é enfermeira da Cruz
Vermelha na Dinamarca, ajudando imigrantes por fora quando possível. Já prestou
serviço em países com situação complicada, sempre com a intenção de ajudar as
pessoas. Casada e com dois filhos, tenta seguir adiante em uma vida que vez ou
outra abdica em troca da obstinação constante de lutar contra a injustiça. Essa faceta volta à tona quando uma amiga liga e pede
para que vá urgentemente retirar uma mala de um armário na estação local.
Quando chega ao local e faz o que foi pedido depara com um menino de 3 anos
desacordado e nu dentro da mala. Assustada e sem saber o que fazer de imediato
vê as coisas piorarem quando um homem furioso chega na estação e vai
diretamente ao mesmo local que ela acabou de retirar a criança. “O Menino da Mala” (Drengen I Kufferten, no original) foi
publicado em 2008 e ganhou edição nacional em 2013 pela editora Arqueiro, com
256 páginas e tradução de Marcelo Mendes. Escrito em dupla por Lene Kaaberbøl e
Agnete Friis fez bastante sucesso e ganhou edição em vários países. Esse
sucesso levou a mais dois livros com as aventuras da enfermeira (“Morte
Invísivel” já foi publicado aqui) e é mais um retrato da produção de romances
de suspense e policiais dos países escandinavos. Nina Borg foi comparada a
Lisbeth Salander da trilogia Millenium do sueco Stieg Larsson, porém as semelhanças
ficam apenas no perfil físico. A protagonista de “O Menino da Mala” é bem diferente e já traz na essência o
altruísmo, o inconformismo, a busca pelo bem, por mais duro que isso seja.
Enquanto inserem Nina na luta para descobrir quem é o garoto encontrado e
sobreviver a isso, as autoras aproveitam – mesmo com uma escrita rasa – e criticam
o tráfico de pessoas e crianças oriundas de países mais pobres, um mercado vil
e violento que demonstra que nem tudo que brilha é ouro no próprio país.
Nota: 6,0
Leia um trecho no site da editora, aqui.
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