Mike Mignola
costuma convidar para as edições do seu rebento preferido nomes talentosos dos
quadrinhos. Em “Hellboy e o B.P.D.P: 1952” não foi diferente. O roteiro foi construído por ele e John
Arcudi (B.P.R.D), a arte e capas feitas pelo Alex Maleev (Demolidor) e as cores
nas mãos do excepcional Dave Stewart (DC: A Nova Fronteira). Meio difícil sair
algo ruim né? Pois é, para agrado dos fãs, não saiu mesmo. Esse conjunto reúne
a minissérie lançada nos EUA entre dezembro de 2014 e abril de 2015 pela Dark
Horse. No Brasil, recebeu edição encadernada de capa dura ano passado pelo
Mythos Books. Com 180 páginas apresenta papel de alta qualidade e extras com
entrevistas, esboços e processo de criação, o que quase sempre justifica o alto
preço das publicações da editora. Enquanto nas revistas atuais Hellboy morre e
desce ao inferno para findar sua saga, Mike Mignola também leva em paralelo o
personagem para uma viagem no tempo onde almeja contar por ano as aventuras
pregressas antes da estreia em 1993. Sendo assim, esse volume conta a primeira
missão do agente, ainda um novato, sem toda a segurança que nos habituamos a
ver. Essa missão ocorre no Brasil, quando depois de vários assassinatos
insólitos na selva amazônica o Bureau de Pesquisas e Defesa Paranormal é
chamado e Hellboy vai junto com o time. O roteiro mistura a aventura da solução
do mistério com terror, nazismo e ficção científica sem deslizar e fazendo com
que além dos vilões em si, o time ainda se preocupe com um traidor nas próprias
fileiras. Se realmente o autor levar adiante o desejo de narrar aventuras
anuais até 1993, teremos um extenso material a ser explorado daqui em diante, o
que na maioria dos casos é repetição de ideias para fins especificamente
comercias, no caso de Mignola e Hellboy as coisas vão por outro caminho, como
já ficou provado mais de uma vez. Ainda bem.
Nota: 7,0
Um terremoto
de proporções gigantescas atingiu Los Angeles e transformou totalmente a Cidade
dos Anjos. Uma nova cidade surgiu do desastre com um muro afastando os pobres e
indignos e uma brutal força policial se certificando que ninguém passe (lembra
algo?). Os administradores e donos dessa nova cidade utilizam de um truque muito
antigo para entreter a população: batalhas entre homens em uma arena. Faça aqui
a correlação que quiser, desde os gladiadores do império romano até os
octógonos dos dias atuais do UFC. A ideia é a mesma, basicamente. Esses
lutadores têm melhorias mecânicas para as lutas e são comandados de acordo com
as vontades da corporação que lhes paga muito bem e proporciona uma vida de
estrela (enquanto for do seu interesse). Esse é o mote da série criada pelo exímio
Lee Bermejo de “A Piada Mortal” e “Coringa”, que conta ainda com as cores de
outra fera da nona arte, Matt Hollingsworth de “Tom Strong” e “Preacher”. A
Panini Comics lança “Suicidas – Volume 1”
no mercado nacional esse ano, um encadernado contendo as edições 1 a 6 da série,
originalmente publicados nos EUA entre abril e novembro de 2015 com 164 páginas
e papel LWC. O personagem principal é Santo, o maior lutador das arenas e um
verdadeiro popstar (lembre, apesar do desastre ainda estamos em Los Angeles),
contudo sem vontade própria devido aos segredos que carrega do passado. O maior
acerto do roteiro de Lee Bermejo é que ao mesmo tempo que faz o leitor se
envolver com os dramas do protagonista, insere coadjuvantes que também tem
brilho próprio. E, indo mais além, coloca ao lado da questão das lutas e busca
de redenção, considerações sobre poder, mídia, opressão e desmandos das grandes
corporações. Das séries que o selo Vertigo publicou no último triênio, sem
dúvida essa é uma das mais interessantes.
Nota: 8,0