Chega a dar certa tristeza o que
a DC Comics faz com o Superman nos últimos anos. Dentro dos anos 2000, por
exemplo, pouco se salva. Várias mentes e mãos se alternaram nesse período e
aliadas com as questionáveis decisões editorais raramente produziram material
de qualidade e que faça jus a um dos pilares dos heróis nos quadrinhos. E
quando se pensa que as coisas não podem piorar, bom, é melhor não duvidar. Amostra
recente disso temos no encadernado “Superman:
Fim dos Dias” que a Panini Comics coloca agora nas bancas com capa
cartonada e 196 páginas. Estão reunidas as revistas Superman (51-52), Batman/Superman
(31-32), Action Comics (51-52) e Superman/Wonder Woman (28-29) lançadas
em junho e julho de 2016 nos EUA. Trata-se, como o nome supõe, de um
encerramento, mais precisamente da fase do Homem de Aço em “Os Novos 52” e que
abre caminho para o novo (outro) projeto da DC chamado “Rebirth”
(“Renascimento”, por aqui). Esse encerramento é a morte do Superman que
detonado por vários eventos anteriores (que são explicados no volume) está
exaurido e fraco, descobrindo que vai falecer e não tem saída ou cura para
tanto. Ao mesmo tempo em que isso ocorre uma nova gama de desafios surgem
enquanto ele busca avisar aos mais próximos o que acontecerá. O foco é deixar
as coisas acertadas quando não estiver mais por aqui, contudo tem que lidar com
as ameaças que aparecem na forma de três envolvidos que também dizem ser o
Superman. Em uma trama confusa criada por Peter J. Tomasi (de “Batman &
Robin”), quase nada se salva, somente uma arte aqui e outra ali, o envolvimento
com a Mulher-Maravilha e o teor emocional do final. No entanto, “Superman: Fim dos Dias” consegue uma
proeza rara: desagradar tantos fãs antigos quanto mais recentes e afastar
neófitos das revistas do personagem no futuro. Parabéns a todos os envolvidos.
De pé.
Nota: 2,0
Jim Starlin é um dos maiores ases
dos quadrinhos quando se fala em temas cósmicos e espaciais. Foi ele que nos
anos 70 criou Thanos, o Titã Louco, e com ele produziu sagas memoráveis como
“Desafio Infinito”. Mas o trabalho de Starlin vai além. Criou também Dreadstar
e fez trabalhos estupendos a frente do Capitão Marvel e também “Morte em
Família” e “Odisseia Cósmica” pela DC. São credenciais e tanto, temos que
convir. Em 2014 o autor voltou para aquele que já declarou ser seu personagem
favorito e concebeu “Thanos: Revelação
Infinita”, onde é responsável pelo roteiro e pelos desenhos que contam com
a arte-final de Andy Smith. A obra é inserida dentro de uma linha da Marvel chamada
OGN (Original Graphic Novels) que apresenta histórias fechadas fora da
cronologia normal, porém de acordo com bases já concebidas anteriormente de
modo geral. Essa linha já teve os Vingadores e o Homem-Aranha nas primeiras
edições e agora abre caminho para um dos vilões mais poderosos e insanos do
universo. Jim Starlin exibe um Thanos meio cansado com tudo que aos poucos nota
uma inconformidade pairando no ar, algo que diz que as coisas não andam da
maneira correta. Isso passa a lhe incomodar e acrescenta o ânimo que faltava
para mandar o cansaço embora e sair singrando pelas estrelas atrás de
respostas, sendo uma destas de fundamental importância. Como parceiro da missão
está o ressuscitado Adam Warlock, um de seus maiores inimigos e o catálogo de
personagens estelares da Marvel bate ponto com nomes como Surfista Prateado,
Guardiões da Galáxia, Ronan, o Acusador e o Gladiador dos Shiar. “Thanos: Revelação Infinita” tem tudo
que os fãs das aventuras espaciais gostam e se deliciam sob a batuta de um
mestre desse cenário. Contudo, é uma obra menor do autor com Thanos se
compararmos com o que já fez antes. Nem mesmo os mestres conseguem sempre a
excelência.
Nota: 6,0
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