Uma organização misteriosa e
secreta treina jovens com potencial para agirem na persuasão de pessoas,
ocultamento de fatos e divulgação de verdades não tão verídicas assim, tudo em
nome de um suposto equilíbrio mundial. Esses agentes quando vão ao trabalho de
campo deixam seus nomes verdadeiros para trás e assumem os de famosos poetas
como novos, já que as palavras são sua arma letal, principalmente as
combinações que promulgam para invadir a mente dos alvos e alterarem o seu
comportamento. Esse é o mote de “Léxico”,
livro do australiano Max Barry que há alguns anos nos brindou com o ótimo “Homem-máquina”.
Essa nova aventura do autor foi lançada aqui no país pela editora Intrínseca em
2015 (é original de 2013) e tem 368 páginas e tradução de Domingos Demasi. Em “Léxico” temos ação e bom humor em
quantidades generosas e mesmo sendo um livro agradável incomoda por utilizar
algumas das premissas já utilizadas em “Homem-máquina”. O protagonista, por
exemplo, é uma mistura do Charles Neumann do referido livro e Arthur Dent de “O
Guia do Mochileiro das Galáxias” do Douglas Adams. Esse protagonista é Will
Parke, um pacato cidadão que de repente se vê no meio de uma tremenda confusão
sem saber os motivos para tanto. Do outro lado da história está Emily Ruff, uma
jovem que vive na rua fazendo trambiques até ser recrutada pela organização que
vê potencial nela (apesar de um “lado sombrio”). E no meio de tudo está T. S.
Elliot, um renomado e experiente agente que busca solucionar as broncas. Juntando
esses três lados e alternando entre presente, passado e futuro, Max Barry
promove uma divertida e descompromissada jornada em busca da salvação mundial,
enquanto joga no meio do caminho algumas situações levemente críticas e ácidas
em relação a esse mesmo mundo.
Nota: 6,0
Leia um trecho diretamente do site da editora, aqui.
“Nós estamos aqui para revolucionar a Música Popular Brasileira, para dizer a verdade sem disfarces (e não tornar bela a imunda realidade): para pintar de negro a asa-branca, atrasar o trem das onze, pisar sobre as flores de Geraldo Vandré e fazer da Amélia uma mulher qualquer”.
O polêmico e enérgico trecho
acima é do final do movimento punk escrito por Clemente Tadeu Nascimento no
início dos anos 80. O líder da banda Inocentes, na ativa até hoje, é ícone
dessa geração e revê essa época no livro “Meninos
em Fúria” em parceria com o escritor Marcelo Rubens Paiva (de “Feliz Ano
Velho” e “Blecaute”, entre outros) que também viveu esses momentos e se
envolveu neles. Com lançamento pelo selo Alfaguara da Companhia das Letras no
ano passado tem 224 páginas e apresenta o subtítulo “E o som que mudou a música
para sempre”. Guardadas as dimensões do que essa frase enseja, o livro retrata
os primórdios do punk no Brasil e como ele caminhou nesses primeiros anos entre
preconceitos, brigas de gangues, acordes rápidos, afirmação e revolta de uma
turma que não se sentia representada por nada daquilo que o país exibia de
maneira geral. O texto construído na obra esbanja fluidez e se permite
transitar não somente pela música que retrata e dá mote ao livro, como também
pelas experiências pessoais dos autores, o crescimento e as dúvidas de cada um,
além de passar sabiamente pelo começo do processo de abertura política do país, fruto de uma ditadura que deixou corpos e anos tenebrosos no meio do caminho. “Meninos em Fúria” pode ser entendido como um valioso instrumento
histórico, retrato parcial de um tempo que hoje já parece distante (mas não é),
contudo pode ser entendido também como um romance juvenil e de descoberta
envolto em música, namores, sexo, drogas, álcool e muito inconformismo, sendo
que por onde quer que se entenda funciona muito bem.
Nota: 8,0
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