“The Last Of Us” é um jogo de
ação e sobrevivência desenvolvido pela Naughty Dog (de “Uncharted”). Com o
sucesso na esfera dos games é comum que se invada outras mídias como os
quadrinhos. Isso acontece em “The Last
Of Us: Sonhos Americanos” que reúne as quatro edições publicadas
originalmente pela Dark Horse em uma única revista, lançada aqui pela NewPOP Editora com 104 páginas. A casa mais acostumada com a publicação de mangás se aventura
por outro estilo com bom cuidado editorial nessa trama desenvolvida em parceria
pelo diretor criativo do jogo Neil Druckmann com Faith Erin Hicks, que também
assume a arte do volume e conta com Rachelle Rosenberg nas cores. Optou-se por
contar uma história de origem nessa hq, então ela ocorre antes dos eventos
vividos no game (19 anos antes para ser mais exato), com foco na personagem
Ellie, que ainda adolescente aqui convive com o início do surto que mata uma
quantia considerável da população global. Ellie acaba de chegar a uma escola
militar que representa um dos poucos lugares seguros das redondezas. Lá conhece
outra garota chamada Riley e além de conquistar uma suada amizade com ela, passa a enxergar
as coisas de modo um pouco mais ampliado. Isso somado a sua inconsequência
juvenil, sua inquietação constante e a dificuldade de aceitar ordens prove bons
momentos de ação na revista. A arte de Faith Erin Hicks incomoda um pouco na
entrada mas depois serve bem aos propósitos de uma obra voltada ao público
jovem. E aí reside o principal problema de “The
Last Of Us: Sonhos Americanos”, que é funcionar somente para o público a que
se destina. No mais, consegue agradar como expansão do universo do
jogo, deixando os fãs felizes, o que deve ser a missão principal de franquias
que se expõem para outras mídias.
Nota: 6,0
Jeff Lemire é um nome que dentro
dos quadrinhos quase sempre é sinônimo de boa qualidade. Principalmente nas
suas obras autorais, já que o trabalho dele na Marvel e na DC Comics tem
alternado bons momentos e outros apenas razoáveis. Esse canadense que logo de
estreia produziu “Essex County” (ainda inédita no Brasil infelizmente) engatou na
sequencia a ótima “Sweet Tooth” (publicada totalmente aqui pela Panini). Em
2016 temos a oportunidade de ver mais uma criação dele chamada “O Soldador Subaquático” (The Underwater Welder, no original), que
chega aqui no Brasil pela editora Mino com 224 páginas. Em preto e branco o
autor conta a história de Jack que mora em uma região remota do Canadá onde
exerce a profissão que dá nome a graphic novel em plataformas petrolíferas. Em
um dos mergulhos ele tem de ser resgatado pelos companheiros que o salvam
da morte e o encaminham para casa para ficar ao lado da mulher que está grávida
de 9 meses. Só que Jack não consegue ficar quieto e parece ausente, distraído e
preocupado com questões que nem mesmo sabe ao certo quais são. Apesar de
não entender bem o que está acontecendo parte novamente para o mar deixando uma
esposa furiosa para trás e nesse momento tem uma aventura pessoal intrigante e
complexa. Jeff Lemire cria em “O
Soldador Subaquático” uma história sobre paternidade, casamento, dor e
culpa. Uma história sobre o amor de um filho para o pai, ao mesmo tempo em que
descobre que existem imperfeições nessa figura e busca não cometer os mesmos
erros. Um assunto delicado, mas tocado com extrema sutileza pelo autor com o
traço meio caricato que já nos habituamos, olhares expressivos e precisos enquadramentos,
adicionando assim mais um belo trabalho a carreira.
Nota: 8,0
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