sábado, 12 de novembro de 2016

Música: Green Day e Descendents


Depois do insucesso do projeto triplo que envolveu os discos ¡Uno!, ¡Dos! e ¡Tré! lançados entre setembro e dezembro de 2012, Billie Joe Armstrong, Tré Cool e Mike Dirnt retornam em 2016 com “Revolution Radio”. Novamente distribuído pela Reprise Records, o trio deixou o velho amigo e produto Rob Cavallo e fez tudo sozinho no disco. O resultado é um álbum cru, sem grandes invencionices, que aponta para os primeiros registros sem esquecer coisas posteriores como o “American Idiot” de 2004, o que é normal para uma banda com os anos de vida que o Green Day ostenta. A banda nunca foi de deixar problemas atuais ficarem longe das músicas e isso novamente aparece como na enérgica faixa-título e em “Troubled Times” (e vem se alongando ao vivo devido ao momento ainda mais crítico do país). Os 44 minutos de “Revolution Radio” não exibem nenhuma canção estupenda e as que ficam mais próximas disso são o primeiro single “Bang Bang”, com as paradas características do grupo, e a pra cima “Youngblood”, mas pode ser entendido como um disco de transição, com o trio novamente tomando as rédeas da carreira, saindo em turnê, sentido em prazer em tocar. O grande problema do Green Day e isso vêm desde o já citado “American Idiot” de 2004 é querer se alinhar entre o punk e o rock mais de arena, o que gerou bons trabalhos, mas tudo indica ter chegado a um limite de saturação. Isso fica claro em faixas como “Somewhere Now”, “Outlaws” e “Still Breathing”. Já que a banda pensou nesse “Revolution Radio” como uma retomada de origens (e é isso mesmo algumas vezes), seria interessante no futuro retomar com tudo para esse caminho, pois aparenta ainda ter fôlego para tanto, basta só deixar de vez de lado as pretensões construídas em outro momento da carreira. A conferir.

Nota: 6,0

Site oficial: http://www.greenday.com  


Banda essencial do punk rock e influência para diversos grupos, os californianos do Descendents voltaram em 2016 com um novo registro chamado “Hypercaffium Spazzinate”. A banda que não gravava nada desde 2004 com o bom “Cool To Be You” retorna com um álbum que rememora seus melhores momentos. Lançado pela gravadora Epitaph apresenta 16 músicas na versão principal e mais 5 em uma versão deluxe que ao invés de ser apenas uma encheção de linguiça traz canções do mesmo nível do disco como “Days of Desperation”, “Business A.U” e “Unchaged”. Formado no final dos anos 70 e com discos na bagagem do porte de “I Don’t Want to Grow Up” (1985) e “Everything Sucks (1996)” (sem contar a seminal estreia com “Miles Goes to College” de 1982), o grupo já cinquentão exibe uma obra com a mesma pegada que fez tantos e tantos fãs. As faixas são elaboradas por todos os integrantes, a saber: Stephen Egerton (guitarra), Milo Aukerman (vocal), Karl Alvarez (baixo) e Bill Stevenson (bateria), e apresentam as temáticas cotidianas e bem humoradas já conhecidas de outrora, com algumas mais sérias como “Feel This” que fala sobre perda. Apesar de tanto tempo de estrada “Hypercaffium Spazzinate” é apenas o sétimo registro de estúdio, o que mostra que fazer música sempre foi coisa importante para todos os integrantes, sem lançamentos banais pelo meio. Com faixas como “Victim Of Me”, “Shameless Halo”, “Comeback Kid”, “Beyond The Music” e principalmente a chicletuda “Without Love”, o Descendents compôs um dos grandes discos desse ano e deixa mais ansiedade ainda no ar para a apresentação que faz em solo brasileiro no início de dezembro e que já pode ser chamada de imperdível para os amantes do punk. Escute alto.

Nota: 8,5


Assista a apresentações ao vivo abaixo. O Green Day com "Bang Bang" e o Descendents com “Shameless Halo”:


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