É comum achar que tal ano ou tal década
foi mais importante para a música ou para um determinado estilo. O escritor,
crítico e diretor de cinema Andrew Grant Jackson também tem uma opinião em
relação a isso e apoiado em uma extensa pesquisa que alcançou diversas fontes
colocou o resultado disso no livro “1965:
o ano mais revolucionário da música” que a editora Leya lança esse ano aqui.
Originalmente publicado em 2015 nos EUA, “1965
– The most revolutionary year in music” tem tradução nacional de Edmundo
Barreiros e 384 páginas incluindo notas, bibliografia e índices. O livro extrai
da década de 60 esse mítico ano onde entre outras coisas os Beatles lançaram o
disco “Rubber Soul”, os Rolling Stones cravaram “(I Can´t Get No) Satisfaction”
nas paradas e nas mentes, o The Who apareceu com o hino “My Generation” e Bob
Dylan cunhou a soberba “Like a Rolling Stone” e assombrou convenções inserindo
a guitarra elétrica nos seus shows. Some-se a isso criação de várias outras pérolas
do soul, do pop e do folk e passos importantes para artistas como Beach Boys,
Velvet Underground, The Byrds, John Coltrane, James Brown, Sam Cooke, Them,
Jefferson Airplane e Simon & Garfunkel, entre tantos outros. O autor
consegue com relativo sucesso conectar esses atos a situação geral daqueles
anos, conjecturando um pouco sobre o cenário político, econômico e social
levando em conta tanto as revoluções em andamento, quanto a luta pela conquista
dos direitos civis nos EUA e a guerra do Vietnã. A obra expõe um trabalho
jornalístico cuidadoso e serve como bom instrumento de consulta para a época
seja nos casos já amplamente conhecidos ou em algumas surpresas que o texto
reserva. Todavia, falha quando o autor tenta guiar os fatos para dentro da sua
lógica pessoal de mundo e isso acaba por diminuir o resultado final.
Nota: 6,5
No primeiro semestre desse ano a
editora Intrínseca deu continuidade a trilogia de Ransom Riggs chamada “O
Orfanato da Srta. Peregrine Para Crianças Peculiares” e lançou o segundo livro
(o primeiro teve lançamento da editora Leya no ano passado) da pequena saga. O bom
primeiro livro rendeu também um bom filme esse ano nas mãos do diretor Tim
Burton e com Eva Green, Asa Butterfield e Samuel L. Jackson no elenco. O livro
II lançado originalmente em 2014 tem capa dura na edição nacional, tradução de
Fernando Carvalho e 386 páginas, incluindo um pequeno trecho do terceiro
trabalho no final. “Cidade dos Etéreos”
(Hollow City, no original) tem início
exatamente no ponto onde o exemplar anterior terminou com Jacob Portman, Emma
Bloom e os demais integrantes da trupe de crianças especiais em fuga depois da
destruição da ilha onde moravam. Com destino a Londres e tendo por objetivo salvar
sua querida tutora e professora da atual condição que se encontra (mesmo sem
saber como), o intrépido grupo vai se deparar com aventuras intensas e
desconhecidas pela frente. Utilizando um pouco de história como pano de fundo, Ransom
Riggs cria mais uma dezena de singulares personagens que apoia em outras
fotografias antigas que espalha pelo texto. Mantêm o mesmo modo de operação do
primeiro livro, mas enxerta pontos que dão mais vigor ao texto como viagens no
tempo e o romance mais vívido entre o casal de protagonistas. Com isso, Jacob
Portman sai da insegurança de antes para se tornar um jovem obstinado que tenta
a todo custo superar as dúvidas que lhe aparecem e achar o próprio caminho. “Cidade dos Etéreos” chega com um
trabalho editorial luxuoso da Intrínseca e está no mesmo nível que seu
antecessor, deixando uma boa expectativa para a conclusão e se consolidando como
uma das narrativas mais interessantes voltadas para o público jovem atualmente.
Nota: 8,0
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