A Mônica foi criada por Mauricio
de Sousa em 1963 e pouco tempo depois se tornou a principal personagem entre
tantos e tantos que habitam as histórias concebidas pelo autor e estúdio no
decorrer dos anos. Virou aquele personagem que é impossível não reconhecer de
imediato, com vestidinho vermelho, cara emburrada e aqueles dois dentões
saltando a vista. Em geral resolve todos seus problemas na base da porrada,
seja contra o Cebolinha ou o Cascão, ou com algum invasor alienígena ou vilão
que apareça no meio dos quadrinhos. Dentro do projeto Graphic MSP, a turminha
já teve duas ótimas releituras (“Laços” e “Lições”), porém era esperada a hora
que a dona da rua aparecesse em uma aventura solo. Para fugir do tradicional,
essa história denominada habilmente de “Força”,
coloca a nossa velha amiga gorduchinha na frente de uma situação que ela não
pode resolver na porrada. Cabe lembrar que a Mônica não passa de uma criança e
como tal, por mais esperta que seja, ainda não está acostumada a todas as
neuroses e orgulhos dos adultos (ainda bem). Para tocar tal enredo o nome
escolhido não podia ser mais acertado: Bianca Pinheiro. Sim, a criadora de “Bear”
que já chega ao terceiro volume nas bancas e livrarias nesse ano é uma das quadrinhistas
em ascensão no mercado nacional e tem a sensibilidade necessária para tocar
essa nova edição do projeto Graphic MSP. “Força”
mantêm o formato que já nos habituamos com duas edições de capa, texto
introdutório de Mauricio de Sousa e texto sobre a primeira aparição da
personagem, além de alguns extras. Com 82 páginas traz roteiro e arte de Bianca
Pinheiro e explora uma situação que muito provavelmente emocionará a todos que
leem e, acima disso, pode levar a enxergar a Mônica com outros olhos, o que é
mais importante ainda. “Força”
merece o título e acerta a mão na arte e no enredo que é delicadamente
conduzido pela autora sem descambar para o piegas.
Nota: 7,5
Foram 66 edições dispostas em 2
volumes entre julho de 2009 e março de 2015. Nesse período Mike Carey
(Hellblazer) e Peter Gross (Lúcifer) exploraram nuances diversas e entraram com
vontade em estradas forradas pela literatura em “O Inescrito”. Lançada completamente
em 12 encadernados aqui pela Panini, a aclamada série é daquelas que suscitam
considerações adicionais após a leitura e promovem discussões sobre o caminho e
as referências. Ambientada no selo Vertigo e em teoria dentro do mesmo universo
de coisas como “Fábulas” de Bill Willingham (tem até crossover no meio das
edições), os autores exploram dentro do universo da fantasia a questão da
idolatria desmesurada de fãs, assim como a proliferação disso nas mídias, além de versar sobre o poder de manipulação que as histórias possuem e enxertar doses e mais doses de referências a literatura em uma trama
envolvente, com ação, mas que não deixa de lado a inteligência. O personagem
principal é Tom Taylor, filho do escritor Wilson Taylor, que serviu de base
para a criação mais importante dos últimos anos, um pequeno mago chamado Tommy
Taylor que vendeu milhões de livros e invadiu brinquedos, games e tudo o mais.
Acontece que existem muitas coisas escondidas nessa “inspiração” e a saga trabalha
com fantasia e real se cruzando até coexistir, onde Tom é Tommy e vice-versa e
precisam lidar com conspirações antigas e vilões nada habituais. “O Inescrito”
é claramente calcado em personagens como Harry Potter de J.K. Rowling e Timothy
Hunter de Neil Gaiman, além de se correlacionar com diversas outras obras da
fantasia. Isso, no entanto, não funciona como plágio e sim como sustentáculo
para uma crítica bem realizada. Agora em 2016, a Panini Books publica a graphic
novel “O Inescrito: Tommy Taylor e o
Navio Que Afundou Duas Vezes” com capa dura, 160 páginas e papel de boa
qualidade (LWC). Lançado originalmente em 2013 essa espécie de spin-off
desmistifica o início de tudo e é mais um saboroso prato elaborado por Carey e
Gross para os leitores de quadrinhos.
Nota: 9,0
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