Na metade de 2014 a Marvel
resolveu novamente dedicar uma revista mensal para a personagem Elektra, criada
pelas mãos de Frank Miller no início dos anos 80. A assassina que coleciona
idas e vindas nos quadrinhos desde que foi criada, dessa vez teve o recomeço
através do roteirista W. Haden Blackman (Batwoman) e do artista Michael Del
Mundo (Hulk). Essa nova inserção não foi bem sucedida e não chegou a durar nem
um ano (foram só 11 edições), sendo que a Panini Comics juntou as 5 primeiras revistas em um encadernado com capa cartonada de 116 páginas agora em 2016. “Elektra: Linhagem Assassina” apresenta
a Sra. Natchios tentando seguir em frente finalmente assumindo aquilo que faz
de melhor que é matar pessoas. Para tanto procura uma contratante chamada Casamenteira
que lhe encaminha um serviço nada simples: encontrar um lendário assassino de
nome Corvo Encapuzado. Elektra aceita a missão e parte atrás desse fantasma
enquanto procura acalmar os próprios sentimentos e os seus problemas de
cabeceira que ainda lhe atormentam muito. No meio dessa busca se depara com
vários outros assassinos, mas principalmente um australiano que ao comer
pedaços de pessoas e animais ganha os poderes e lembranças da vítima. “Elektra:
Linhagem Assassina” pode ser considerada uma tentativa válida de reativar a
personagem que agora deu as caras na segunda temporada da série do Demolidor na
Netflix (ainda que bem diferente da tradicional) depois de aparecer no filme do
personagem lá de 2003. Contudo, fica somente nisso, em uma tentativa. O roteiro
que flerta com o sobrenatural é raso e não empolga e o real mérito da história
fica apenas na bela arte do filipino Michael Del Mundo, o que ainda assim é bem pouco.
Nota: 5,0
Geoff Darrow nasceu no estado de
Iowa nos Estados Unidos em 1955. Na carreira como designer e artista
gráfico, além de quadrinhista, tem trabalhos na Hanna-Barbera e na trilogia “Matrix”,
assim como parcerias com os craques da nona arte Moebius e Frank Miller. Em
2004 criou o personagem Shaolin Cowboy, um monge que é expulso do templo porque
armaram contra ele em “questões nutricionais”. De porte avantajado com uma
barriga que salta aos olhos e sem o menor estilo de lutador, mas com
ensinamentos também de um velho cowboy dentro da cabeça além do kung-fu, essa
ímpar figura se mete quase que sem querer no meio de estapafúrdias confusões.
A Editora Mino lançou recentemente um belíssimo encadernado de capa dura, com
papel couchê e vários mimos contando uma história desse singelo protagonista. “The Shaolin Cowboy: Buffet de Shemp”
tem 136 páginas e é a versão nacional da publicação da Dark Horse de 2015.
Antes de entrar na história o leitor é apresentado aos fatos até ali, que
envolvem além do nonsense e surreal que permeia o personagem, a uma vasta gama
de trocadilhos e sátiras com nomes variados, principalmente políticos como
Donald Trump, Sarah Palin e Dick Cheney, essas vergonhosas personalidades. A
trama é simplíssima e quase não tem diálogos. Depois de mais uma aventura
impossível, ele escapa e acaba no meio de um deserto e para sua surpresa se
depara com uma multidão de zumbis que precisa enfrentar usando apenas duas serras
elétricas amarradas a um pedaço de bambu. O primordial do álbum é a arte de
Darrow, e esta é fenomenal. Com o auxílio das cores do premiado Dave Stewart, o
autor esbanja detalhamento e humor em cenas de ação que mais parecem uma dança
coreografada. Autores do porte de Frank Quitely, Mike Mignola, Walter Simonson
e Sergio Aragonés são fãs confessos de Geoff Darrow e com essa publicação da
Mino finalmente dá para se entender mais a razão disso.
Nota: 9,0
Site oficial do autor: http://geofdarrow.com
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