Em 2012 Bob Mould reapareceu de fôlego
renovado com “Silver Age”. Não que o antecessor “Life and Times” de 2009 fosse
um disco ruim, porém não exibia nada além do (bom) mais do mesmo já conhecido.
Após o álbum de 2012 foi a vez de “Beaty & Ruin” em 2014, outro belo
trabalho, alimentado em grande parte por brigas internas do artista e o
falecimento do pai. Depois do lançamento do disco foi a vez da mãe partir para
vislumbrar melhores paisagens e esse é um dos assuntos que dão força para “Patch The Sky”, registro que completa uma
espécie de tríade de raiva e fúria que o músico elaborou depois dos 50 anos. Lançado
pela Merge Records em março deste ano tem 12 faixas espalhadas em 41 minutos. Todas
as músicas são de autoria de Bob Mould que se trancou sozinho por seis meses
para compor. O trio formado já algum tempo por ele na guitarra, teclados e
vocal, Jason Narducy no baixo e Jon Wurster na bateria está cada vez mais entrosado
e o resultado disso é visível e extremamente avassalador. Do início potente de “Voices
In My Head”, uma canção que remete a sua antiga banda Sugar, com versos de
medo, vazio e solidão, até o final com a escuridão e arrependimento de “Monument”
temos o trabalho mais nervoso desses já citados, apesar de estar um pouquinho
abaixo em termos mais gerais. Durante o percurso o ouvinte se depara com letras
nada fáceis, sem felicidade aparente surgindo no horizonte, recheado com
questionamentos dos mais diversos. Destaques ainda para as envenenadas guitarras
de “The End Of Things”, os ecos de Hüsker Dü em “You Say You” e “Pray For Ruin”
e a urgência juvenil de “Hands Are Tried”. Aos 55 anos, Bob Mould mostra com “Patch The Sky” que ainda tem muita
lenha para queimar e muitas questões para serem exorcizadas através da música.
Nota: 8,0
Namore com alguém que nunca te
decepcione, assim como o Dinosaur Jr. Sim, utilizando o meme da internet, dá
para descrever de modo simplificado a banda de J. Mascis, Lou Barlow e Emmett
Murph, que desde a estreia em 1985 lança discos no mínimo bons, independente
dos integrantes a época. A formação original que voltou com “Beyond” em 2007
apresenta um novo trabalho agora em 2016. “Give
a Glimpse Of What Yer Not” tem lançamento pela gravadora Jagjaguwar, casa
da banda desde 2009 e apresenta 11 faixas em 46 minutos com mixagem do grande
John Agnello que já havia cuidado do “Farm” de 2009 e tem no currículo álbuns
com Sonic Youth, The Breeders e Buffalo Tom. O décimo-primeiro registro de
estúdio da carreira abre com a distorção alta de “Goin Down”, de pegada precisa
e vocal de Mascis adocicando a letra repleta de dúvidas e perguntas. “Tiny” vem
na sequência - uma das grandes músicas do ano - e até o final do disco com
“Left/Rigth” cantada por Barlow com o uso de violões em uma canção que quebra e
retorna de modo constante, o Dinosaur Jr. prova que está em grande forma.
Barlow canta mais outra sua (“Love is...”) e Mascis vai intercalando grandes
momentos seja na guitarra caótica de “I Told Everyone”, no flerte com o metal
de “I Walk For Miles”, no pop raro de “Lost All Day” ou na densa “Mirror".
Em uma carreira que tem obras como “You´re Living All Over Me” (1987), “Where
You Been” (1993) e “Beyond” (2007), esse “Give
a Glimpse Of What Yer Not” não fica devendo em nada e faz bonito com
canções mais curtas e com melodia e ferocidade se alinhando em uma intensa relação
de amor, fazendo assim com que depois de tantos anos o Dinosaur Jr. ainda consiga
manter sua chama muito acesa.
Nota: 9,0
Site oficial: http://www.dinosaurjr.com
Textos relacionados no blog:
- Música: “Farm” de Dinosaur Jr.
(2009)
- Música: “Several Shades Of Why”
de J Mascis (2011)
- Música: “District Line” de Bob
Mould (2008)
- Musica: “Silver Age” de Bob
Mould (2012)
Assista Bob Mould ao vivo com "The End Of Things" na KEXP:
Assista o Dinosaur Jr. com "Tiny" ao vivo no programa do Jools Holland: