Uma pequena cidade do estado de
Iowa nos Estados Unidos pode ser a responsável por desencadear o final do mundo
como conhecemos. Aliás, pequena não, seria elogio chamar Ealing de pequena. É
uma cidade que desde que uma antiga empresa cessou as atividades está só
sumindo cada vez mais. É lá que mora o jovem Austin Szerba, descendente de
poloneses, que tenta suportar a vida andando de skate e com a companhia do
melhor amigo Robby Brees e da namorada Shannon Collins. Porém, tudo ganha
outros contornos quando os dois amigos se deparam com vários objetos esquisitos
dentro da sala de uma loja de antiguidades. Junte-se isso a uma desavença com
outros garotos, um bom tanto de estupidez e algum azar, que o fim do mundo tem
seu início. Esse é o argumento geral de “Selva
de Gafanhotos” (Grassopper Jungle,
no original), livro de Andrew Smith que a editora Intrínseca colocou no mercado
nacional no ano passado com 352 páginas e tradução de Edmundo Barreiros. O
autor tem vários romances juvenis como “A Cura Invisível” e “A Lente de
Marbury” e navega tranquilamente por esses mares. O incidente resulta na
liberação de uma cepa que transforma seres humanos em insetos parecidos com
Louva-a-deus, mas de 1,80m cada. O que se desenrola a partir daí é a luta pela
sobrevivência e o caminhar de ações cada vez mais surreais, enquanto Austin e
Robby vão descobrindo pouco a pouco mais sobre os fatos que envolvem cientistas
malucos, experimentos para o governo e muito narcisismo. No pano de fundo estão
todas as dúvidas adolescentes em relação a amor e sexo, embalados com bom humor
e Rolling Stones. “Selva de Gafanhotos”
apresenta um autor que sabe muito bem onde pisa e utiliza todas as ferramentas
a disposição para agradar ao público que se direciona. Contudo, não consegue ir
além do razoável e não acrescenta nada de novo a essa categoria de literatura.
Nota: 5,5
Site do livro com capítulo para leitura:
Site do livro com capítulo para leitura:
Quando se termina a leitura de
“Aniquilação”, o primeiro livro da trilogia “Comando Sul” do escritor Jeff
Vandermeer, a expectativa para a continuação é bem boa. “Autoridade” (Authority,
no original) é essa sequência. Originalmente publicado em 2014, ganhou edição
tupiniquim no ano passado pela editora Intrínseca com 384 páginas e tradução de
Braulio Tavares. Os fatos narrados no livro são diretamente posteriores ao
fracasso da expedição de número 12 contado antes. O desastre com que resulta
mais essa missão dentro da área explorada pelo governo com o intuito de
descobrir razões e porquês é o suficiente para que um novo diretor seja
indicado para a instalação. John Rodriguez (mais conhecido como “Controle”) é
esse agente. Com uma missão no mínimo indigesta, sem contar com a colaboração
dos seus subordinados e um passado pesado dentro da mochila que carrega nos
ombros, as chances de sucesso não são nada animadoras. Se em “Aniquilação” a
aventura guiava a trama dentro dos aspectos da ficção científica, em “Autoridade” o drama e o terror
psicológico é que tomam a frente. Jeff Vandermeer vai aos poucos soltando novas
revelações sobre o que realmente representa a Área X ao mesmo tempo que insere
novos questionamentos e receios dentro do jogo. O autor cria uma atmosfera
psicológica tão pesada que o medo e o terror daquilo não anunciado servem como
combustível suficiente para tocar a trama, apesar de isso acontecer em um ritmo
menor e mais cadenciado. Nesse novo volume da trilogia temos uma guinada
importante não somente de caminhos propostos pelo roteiro como também de
estilo, sem deixar que o leitor perca o interesse. Porém, a qualidade total da
série fica condicionada ao seu término com “Aceitação” (já lançado por aqui),
já que esta não consegue funcionar bem individualmente como percebe-se agora em
“Autoridade”. A conferir.
Nota: 7,0
Nenhum comentário:
Postar um comentário