O selo Graphic MSP continua a todo
vapor. Mais um produto da série que visa revitalizar os clássicos personagens
de Mauricio de Sousa para os nossos dias chega ao mercado. Agora é a vez do
indiozinho Papa-Capim repaginado pela mente de Marcela Godoy (“Fractal”, “A
Dama do Martinelli”) e pelo traço e cores do craque Renato Guedes (“Superman”, “Vingadores
Secretos”). A graphic novel tem 84 páginas e mais uma vez lançamento pela
Panini Comics que dispõe as habituais versões em capa cartonada e capa dura. A
trama apresenta o personagem principal, seu melhor amigo Cafuné e a paixonite
Jurema mais velhos do que nas revistas, já adolescentes e próximos de encararem
papéis mais importantes dentro da aldeia. Tudo corre razoavelmente bem, porém
um mal sem nome começa a ameaçar todos. Primeiramente de modo súbito e depois
avançando para um terror mais vigoroso, Papa-Capim se vê como potencial
salvador da tribo contra essa escuridão secular. Para compor o roteiro do
álbum, Marcela Godoy mergulhou nos mitos do folclore indígena tupiniquim,
fazendo um trabalho interessante não somente do ponto de vista da composição do
roteiro, como para deixar vivos esses mitos e lendas nacionais. Usou ainda como
base textos do historiador Luís da Câmara Cascudo (1898-1986) para criar os
vilões da trama, como também embelezou o texto com um poema de Gonçalves Dias
(1823-1864). A arte de Renato Guedes apresenta a já conhecida categoria do
artista que utiliza habilmente os tons escuros que o trabalho pede e desenha sempre
objetivando traços mais próximos do real. “Papa-Capim
– Noite Branca” amplia o leque de estilos abrangidos dentro do projeto
aproveitando de modo muito sagaz um personagem bem secundário do universo de
Mauricio de Sousa.
Nota: 7,5
De um lado uma bonita jovem
insatisfeita com a vida, com um trabalho que quase não consegue suportar,
expectativas totalmente em baixa e morando com um namorado que além de grosso e
estúpido passa o dia em casa sem correr atrás de nada. Do outro lado um charmoso
e famoso escritor, recluso em uma casa que ninguém tem acesso e que sofre por
não conseguir escrever mais do que duas linhas no papel. São esses dois leves
extremos que se cruzam e dão o tom da graphic novel “Uma Morte Horrível” (Cadavre
Exquis, no original), lançamento da editora Nemo desse ano, com 128 páginas
e tradução de Fernando Scheibe. Publicado na França em 2010 é uma obra da
quadrinista parisiense Pénélope Bagieu, hoje com 30 e poucos anos (nasceu em
1982). Com humor e diálogos eficazes e funcionais a autora une os universos de
Zoé e Thomas para contar uma história cheia de coisas escondidas no armário e
envolvendo insatisfações pessoais, paixão, narcisismo, traição e ganância tendo
a literatura como personagem coadjuvante. O texto usa sabiamente toda a aura “mágica”
que a literatura tem na França para compor uma história que surpreende o leitor
quase que a cada passo, pois quando este pensa que se trata de apenas mais um
romance banal, vê no fundo do copo algo mais. O traço de Pénélope Bagieu é simples,
sem requintes, mas transpõe as emoções a que se ambiciona e enxerta um toque
sempre leve e descompromissado ao álbum, o que acaba sendo de grande valia. “Uma
Morte Horrível” é um trabalho que tem a capacidade de satisfazer não somente os
leitores de quadrinhos, como também aqueles não acostumados com a nona arte.
Nota: 8,5
Twitter da autora: http://twitter.com/penelopeb
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