sábado, 6 de fevereiro de 2016

Quadrinhos: "Mono" e “Hellboy no Inferno – Volume 1: Descenso”


“Mono” é um álbum de quadrinhos viabilizado através de campanha de crowdfunding no ano passado, mas só chega realmente agora em 2016. Com formato horizontal (16 x 21cm) e 80 páginas é o primeiro trabalho dentro da nona arte do casal de pernambucanos Júnior Ramos e Natália Lima, proprietários de um estúdio chamado “Sapo Lendário”. A trama invade o campo da ficção científica e mostra um futuro onde todos os governantes ajoelham perante a GateCorp, empresa que domina a essencial tecnologia do teleporte. A Esfera é uma associação formada por cientistas que briga contra isso, mas sem alcançar muito sucesso, enquanto o mundo caminha para o final. Para salvar essa terra em declínio a esperança recai sobre um robô (que empresta o nome ao título) e uma tripulação diversificada de etnias e pensamentos que parte em busca de encontrar moedas especiais, na verdade, fragmentos de um ser místico antigo e poderoso que pode permitir essa salvação. “Mono” tem arte bonita, bem influenciada pelos mangás e cores que valorizam isso, sendo um ótimo destaque da obra. O cuidado com a edição também é de se valorizar. Tudo muito bem feito, com direito a extras que servem de subsídio não somente para a trama em si, assim como para entender os caminhos que levaram a criação da hq. Por outro lado, o roteiro deixa bastante a desejar, o que deixa a trama confusa e um pouco sem sentido. Quando se trata de fazer ficção científica um dos principais pontos é tentar deixar aquilo que está se contando o mais viável possível, sem apressar demais os fatos ou sobrepor ideias só pelo simples fato de as exibir. O enredo não ajuda nisso e não amarra todos os lados da história com a precisão necessária, o que acaba deixando “Mono” como uma boa ideia, bem executada visualmente, mas que não consegue atingir todo o potencial.

Nota: 6,0

Site dos autores: http://sapolendario.tumblr.com


Mike Mignola apresentou Hellboy ao mundo em 1993 e de lá para cá o personagem viveu diversas aventuras nos quadrinhos, além de animações e dois bons filmes. Longe da prancheta de desenho da sua criação mais famosa desde 2001, o quadrinhista resolveu voltar em 2012 com o lançamento da primeira aventura do herói no inferno. A viagem de Hellboy ao inferno acontece logo após ele salvar a humanidade quando é assassinado de modo furtivo. Mesmo tendo feitos e mais feitos nobres no currículo ele não foi mandado para os céus e sim para sua casa natal, o Inferno. Que grande prêmio! Essa trama foi lançada aqui no final do ano passado pela Mythos Books em luxuoso encadernado de capa dura intitulado “Hellboy no Inferno – Volume 1: Descenso”, com 194 páginas. Como é costumeiro nos lançamentos da Mythos o trabalho editorial é primoroso, com vários extras, entrevista com o autor e introdução ambientando o leitor contextualmente. O álbum reúne as 5 primeiras edições da trama lançadas nos EUA entre dezembro de 2012 e dezembro de 2013. No total serão 10 revistas, sendo que a edição mais recente lá é a de número 8. Ao descer para o inferno que não visitava desde criança, Hellboy recebe a cobrança para assumir o trono que está vago e lida com parentes nada amistosos e novos e velhos inimigos, mesmo sem saber ao certo a trama que se desenvolve por trás disso. Ver Hellboy com Mike Mignola no comando não só do roteiro, como também da arte é outra história. Com maior liberdade criativa por não ter que retratar um universo real, o autor se esbalda em novas formas e construções, sempre em tons escuros, com muito uso de sombras e as cores cirúrgicas do hábil Dave Stewart. “Hellboy no Inferno – Volume 1: Descenso” é uma grande aventura a altura do personagem e quadrinhos da melhor estirpe. Vale muito.

Nota: 9,0




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