“Mono” é um álbum de quadrinhos viabilizado através de campanha de
crowdfunding no ano passado, mas só chega realmente agora em 2016. Com formato
horizontal (16 x 21cm) e 80 páginas é o primeiro trabalho dentro da nona arte
do casal de pernambucanos Júnior Ramos e Natália Lima, proprietários de um
estúdio chamado “Sapo Lendário”. A trama invade o campo da ficção científica e
mostra um futuro onde todos os governantes ajoelham perante a GateCorp, empresa
que domina a essencial tecnologia do teleporte. A Esfera é uma associação formada
por cientistas que briga contra isso, mas sem alcançar muito sucesso, enquanto
o mundo caminha para o final. Para salvar essa terra em declínio a esperança recai
sobre um robô (que empresta o nome ao título) e uma tripulação diversificada de
etnias e pensamentos que parte em busca de encontrar moedas especiais, na
verdade, fragmentos de um ser místico antigo e poderoso que pode permitir essa
salvação. “Mono” tem arte bonita,
bem influenciada pelos mangás e cores que valorizam isso, sendo um ótimo
destaque da obra. O cuidado com a edição também é de se valorizar. Tudo muito
bem feito, com direito a extras que servem de subsídio não somente para a trama
em si, assim como para entender os caminhos que levaram a criação da hq. Por
outro lado, o roteiro deixa bastante a desejar, o que deixa a trama confusa e um
pouco sem sentido. Quando se trata de fazer ficção científica um dos principais
pontos é tentar deixar aquilo que está se contando o mais viável possível, sem
apressar demais os fatos ou sobrepor ideias só pelo simples fato de as exibir. O
enredo não ajuda nisso e não amarra todos os lados da história com a precisão
necessária, o que acaba deixando “Mono” como
uma boa ideia, bem executada visualmente, mas que não consegue atingir todo o
potencial.
Nota: 6,0
Site dos autores: http://sapolendario.tumblr.com
Mike Mignola apresentou Hellboy
ao mundo em 1993 e de lá para cá o personagem viveu diversas aventuras nos
quadrinhos, além de animações e dois bons filmes. Longe da prancheta de desenho
da sua criação mais famosa desde 2001, o quadrinhista resolveu voltar em 2012
com o lançamento da primeira aventura do herói no inferno. A viagem de Hellboy
ao inferno acontece logo após ele salvar a humanidade quando é assassinado de
modo furtivo. Mesmo tendo feitos e mais feitos nobres no currículo ele não foi
mandado para os céus e sim para sua casa natal, o Inferno. Que grande prêmio! Essa
trama foi lançada aqui no final do ano passado pela Mythos Books em luxuoso encadernado
de capa dura intitulado “Hellboy no
Inferno – Volume 1: Descenso”, com 194 páginas. Como é costumeiro nos
lançamentos da Mythos o trabalho editorial é primoroso, com vários extras,
entrevista com o autor e introdução ambientando o leitor contextualmente. O álbum
reúne as 5 primeiras edições da trama lançadas nos EUA entre dezembro de 2012 e
dezembro de 2013. No total serão 10 revistas, sendo que a edição mais recente
lá é a de número 8. Ao descer para o inferno que não visitava desde criança,
Hellboy recebe a cobrança para assumir o trono que está vago e lida com
parentes nada amistosos e novos e velhos inimigos, mesmo sem saber ao certo a
trama que se desenvolve por trás disso. Ver Hellboy com Mike Mignola no comando
não só do roteiro, como também da arte é outra história. Com maior liberdade
criativa por não ter que retratar um universo real, o autor se esbalda em novas
formas e construções, sempre em tons escuros, com muito uso de sombras e as
cores cirúrgicas do hábil Dave Stewart. “Hellboy
no Inferno – Volume 1: Descenso” é uma grande aventura a altura do
personagem e quadrinhos da melhor estirpe. Vale muito.
Nota: 9,0
Site do autor: http://www.artofmikemignola.com
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