Os anos 90 foram palco de várias
decisões bem questionáveis das duas grandes editoras de quadrinhos do mundo em
relação aos seus personagens. Na Marvel, por exemplo, uma saga bem criticada
foi “Massacre”, que sucedia a ótima “Era
do Apocalipse” e teve diversos detratores na época. Nela, os X-Men precisam
lidar com um traidor dentro de suas fileiras e com o surgimento de um vilão
extremamente poderoso (que dá o título a saga). A Panini Comics resolveu
republicar essa história em três edições agora em 2015 e a primeira delas tem
260 páginas e reúne além dos títulos dos mutantes e seus derivados, revistas do
Quarteto Fantástico, Vingadores e Hulk. Sem extras e com capa cartonada (e bem feia
visualmente) exibe como vantagem ter a trama na ordem cronológica dos títulos
da casa das ideias onde a saga se desmembrou. Em “Massacre – A Saga Completa – Volume 1” uma constelação de autores é
reunida. Lá estão Mark Waid, Scott Lobdell, Tom DeFalco, Jeph Loeb e Peter
David, sendo que o mesmo ocorre com os desenhistas com nomes como Andy Kubert, Mike
Deodato, Carlos Pacheco e Mike Wearingo, entre outros. Todavia, essa
constelação não foi suficiente para fazer da história algo palatável e válido.
O vilão quase invencível que precisa ser derrubado a todo custo é fruto da
psique quebrada e destroçada do Professor Xavier em conjunto com o Magneto.
Para que ele caia é preciso sacrifícios, mas como sabe-se bem, nos quadrinhos
sacrifícios quase nunca são para sempre e logo em seguida no evento “Heróis
Renascem” tudo volta ao normal. Por mais que hoje a Marvel e, por consequência,
a Panini tentem ressaltar “Massacre” como
algo válido e importante, as coisas não são bem assim. Mesmo com tantos nomes
bons envolvidos e grandes cenas de ação com arte competente, a saga continua
patinando e não é nada além de mediana.
Nota: 6,0
“The Sandman – Overture” teve o número inicial publicado nos EUA em
dezembro de 2013 e a edição seguinte saiu em maio de 2014. Aqui, a Panini Books
lançou agora no segundo semestre um cuidadoso encadernado incluindo essas duas
edições, com direito a alguns extras no final. Mas do que se trata essa nova
aventura de Sandman? O personagem que deu fama a Neil Gaiman volta às bancas com
roteiro dele, arte J. H. Williams III e cores de Dave Stewart em história
situada anteriormente aos fatos da estreia de “Sandman” em 1988. Mostra as
razões que levaram o mestre do Sonhar a ficar vulnerável ao ponto de ser capturado
no início da consagrada série idealizada pelo autor. “Sandman – Prelúdio 1” tem 56 páginas e apresenta o começo dessa
trama (mais duas edições virão pela frente para abarcar os números originais de
3 a 6), aproveitando para inserir no meio das páginas velhos conhecidos como o
Coríntio e os Perpétuos e fazendo leves links com outras histórias publicadas primordialmente.
O que à primeira vista aparenta ser mais um caça-níquel em cima da fama de
Sandman, cai por terra já nas primeiras páginas. Mesmo distante de ter o brilho
do que foi feito antes, “Sandman –
Prelúdio 1”, demonstra a mesma pegada, o mesmo magnetismo, a mesma magia. No
final do primeiro capítulo temos uma página quádrupla que é deleite puro, tanto
pelas diversas facetas representadas de Morpheus, quanto pela arte caprichada e
detalhista. Neil Gaiman retira um pouco mais de fantasia para o seu público,
mas aí reside um problema do álbum que é agradar belamente fãs já conhecedores,
contudo por todo o tom da história fica um pouco difícil de conquistar novos
leitores de imediato. Entretanto, isso não é nada que importe muito para quem
de novo tem na mão o arroubamento provocado por Sandman e seu universo
fantástico.
Nota: 8,0
Nenhum comentário:
Postar um comentário