quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Quadrinhos: "Aurora" e "Punho de Ferro: A Arma Viva – Vol. 1”

 
Sites de financiamento coletivo são atualmente grandes aliados para os quadrinhistas nacionais com vários projetos nascendo ali. “Aurora” é mais um exemplo disso, porém tem uma pequena diferença, uma vez que o criador do argumento e do roteiro é o ator Felipe Folgosi. De galã jovem global dos anos 90, esse fã de quadrinhos hoje atua em produções bem questionáveis como as novelas “Os Mutantes” e “Chiquititas”. Com formação em Cinema e especialização em Los Angeles, inicialmente Felipe Folgosi concebeu “Aurora” como um roteiro de cinema, só que como para filmar um projeto com esse teor não é lá muito fácil resolveu migrar para os quadrinhos. Com a produção do Instituto dos Quadrinhos e o apoio do crowndfunding a obra chega às livrarias e bancas do país. Mesmo ostentando somente o nome do ator na capa, o álbum foi adaptado por Klebs Junior que também armou os layouts para os desenhos de Leno Carvalho. A trama é de ficção científica e apresenta nosso planeta passando por um fenômeno que desenhará o próximo passo evolutivo da humanidade. O protagonista é Rafael, um pescador que é absorvido por esse fenômeno e passa a desenvolver certos poderes e habilidades. Logo o governo vem ao seu encalço, não medindo esforços para tanto e eliminando quem se colocar no caminho. Com uma ideia promissora para ser desenvolvida em hq’s nacionais, “Aurora” peca bastante no ritmo e na aplicação das ideias, como a pressa desmesurada para chegar a um diagnóstico para o personagem principal que surge tão exato e didático que não cai bem. O uso da religião em contraponto a ciência também não funciona e outro ponto negativo é a arte. Se nos planos mais gerais ela corresponde, deixa a desejar em vários momentos nas feições retratadas para o momento que se apresenta, ficando frágil a passagem de quadrinho para quadrinho. “Aurora” tem seu valor, porém exibe muitas falhas e a principal delas é não exprimir emoção suficiente para envolver o leitor.

Nota: 5,0

O Punho de Ferro foi criado por Roy Thomas e Gil Kane e estreou em uma revista de 1974. Foi criado para aproveitar o sucesso dos filmes marciais da época, mas é coerente afirmar que mesmo vivendo com o ostracismo em alguns momentos, o personagem conseguiu ir além disso. Punho de Ferro é na verdade o empresário Daniel Rand, que junto com heróis como Demolidor, Luke Cage e Justiceiro faz parte do universo mais urbano da editora. Não é à toa, por exemplo, que a Netflix também irá produzir uma série sua assim como fez com Demolidor e Jessica Jones e fará com Luke Cage. Todos fazem parte do mesmo micro universo. A Panini Comics lança agora uma edição cartonada com 130 páginas chamada “Punho de Ferro: A Arma Viva – Vol. 1”, reunindo as edições de 1 a 6 de “Iron First: The Living Weapon” publicadas nos EUA entre junho e novembro do ano passado contendo a fase recente do personagem. Sob o comando de Kaare Andrews (de “Doutor Octopus: Origem”) no roteiro e na arte, a história apresenta um Punho de Ferro mais fechado, de poucas palavras e com tormentos constantes lhe tirando o sono. Recorta então a atualidade de um ataque que sofre em seu apartamento e lhe direciona novamente para Kun Lun, a cidade que lhe fez ser o que é, com fatos do passado que adicionam novos elementos na origem que já conhecida. O tratamento que Kaare Andrews dá ao Punho de Ferro é louvável e consegue o objetivo de trazer nova vida a um personagem mal utilizado na maior parte do tempo. A arte desfocada, escura e brutal é um bom adendo a trama. Se ainda não supera a estupenda fase comandada pela dupla Ed Brubaker e Matt Fraction há alguns anos no mundo pós-Guerra Civil da Marvel, tem suas virtudes e se manter a toada das primeiras edições pode render algo muito bom no futuro.

Nota: 7,5



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