Sites de financiamento coletivo
são atualmente grandes aliados para os quadrinhistas nacionais com vários
projetos nascendo ali. “Aurora” é
mais um exemplo disso, porém tem uma pequena diferença, uma vez que o criador
do argumento e do roteiro é o ator Felipe Folgosi. De galã jovem global dos
anos 90, esse fã de quadrinhos hoje atua em produções bem questionáveis como as
novelas “Os Mutantes” e “Chiquititas”. Com formação em Cinema e especialização
em Los Angeles, inicialmente Felipe Folgosi concebeu “Aurora” como um roteiro de cinema, só que como para filmar um
projeto com esse teor não é lá muito fácil resolveu migrar para os quadrinhos.
Com a produção do Instituto dos Quadrinhos e o apoio do crowndfunding a obra
chega às livrarias e bancas do país. Mesmo ostentando somente o nome do ator na
capa, o álbum foi adaptado por Klebs Junior que também armou os layouts para os
desenhos de Leno Carvalho. A trama é de ficção científica e apresenta nosso
planeta passando por um fenômeno que desenhará o próximo passo evolutivo da
humanidade. O protagonista é Rafael, um pescador que é absorvido por esse
fenômeno e passa a desenvolver certos poderes e habilidades. Logo o governo vem
ao seu encalço, não medindo esforços para tanto e eliminando quem se colocar no
caminho. Com uma ideia promissora para ser desenvolvida em hq’s nacionais, “Aurora” peca bastante no ritmo e na
aplicação das ideias, como a pressa desmesurada para chegar a um diagnóstico
para o personagem principal que surge tão exato e didático que não cai bem. O
uso da religião em contraponto a ciência também não funciona e outro ponto
negativo é a arte. Se nos planos mais gerais ela corresponde, deixa a desejar
em vários momentos nas feições retratadas para o momento que se apresenta,
ficando frágil a passagem de quadrinho para quadrinho. “Aurora” tem seu valor, porém exibe muitas falhas e a principal
delas é não exprimir emoção suficiente para envolver o leitor.
Nota: 5,0
O Punho de Ferro foi criado por Roy
Thomas e Gil Kane e estreou em uma revista de 1974. Foi criado para aproveitar
o sucesso dos filmes marciais da época, mas é coerente afirmar que mesmo
vivendo com o ostracismo em alguns momentos, o personagem conseguiu ir além
disso. Punho de Ferro é na verdade o empresário Daniel Rand, que junto com
heróis como Demolidor, Luke Cage e Justiceiro faz parte do universo mais urbano
da editora. Não é à toa, por exemplo, que a Netflix também irá produzir uma
série sua assim como fez com Demolidor e Jessica Jones e fará com Luke Cage. Todos
fazem parte do mesmo micro universo. A Panini Comics lança agora uma edição
cartonada com 130 páginas chamada “Punho
de Ferro: A Arma Viva – Vol. 1”, reunindo as edições de 1 a 6 de “Iron First: The Living Weapon”
publicadas nos EUA entre junho e novembro do ano passado contendo a fase
recente do personagem. Sob o comando de Kaare Andrews (de “Doutor Octopus:
Origem”) no roteiro e na arte, a história apresenta um Punho de Ferro mais fechado,
de poucas palavras e com tormentos constantes lhe tirando o sono. Recorta então
a atualidade de um ataque que sofre em seu apartamento e lhe direciona
novamente para Kun Lun, a cidade que lhe fez ser o que é, com fatos do passado
que adicionam novos elementos na origem que já conhecida. O tratamento que
Kaare Andrews dá ao Punho de Ferro é louvável e consegue o objetivo de trazer nova
vida a um personagem mal utilizado na maior parte do tempo. A arte desfocada,
escura e brutal é um bom adendo a trama. Se ainda não supera a estupenda fase
comandada pela dupla Ed Brubaker e Matt Fraction há alguns anos no mundo
pós-Guerra Civil da Marvel, tem suas virtudes e se manter a toada das primeiras
edições pode render algo muito bom no futuro.
Nota: 7,5
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