A Islândia é um pequeno país
europeu, com fundições nórdicas, que tem paisagens belíssimas e distintas entre
si. Conhecida por artistas musicais como Björk, Sigur Rós e Of Monsters And Men,
o país também tem uma tradição literária forte, tendo ganho até um prêmio Nobel
de literatura em 1955 com o escritor Halldór Laxness. O selo Alfaguara, da
editora Objetiva, que vem prestando um ótimo serviço desde que surgiu, lança em
2015 aqui no Brasil um livro oriundo dessa literatura.
“Rosa Candida” (Afleggjarinn,
no original) é o terceiro livro da professora, poeta e escritora Audur Ava
Ólafsdóttir e foi publicado originalmente na Islândia em 2007. Nesta edição a
obra chega com tradução de André Telles e 304 páginas. O protagonista é
Arnljótur Thórir, um jovem de 22 anos retraído e com uma imensidão de receios
dentro de si. Após a morte da mãe em um acidente de carro, vive com o pai e
cuida da área de cultivo de plantas que era a paixão da mãe, em uma localidade
onde isso é bastante complicado por conta das condições do terreno.
Lobbi, como também é chamado o
jovem, teve outra surpresa recente e se descobriu pai de uma hora para outra,
fruto de uma noite rápida depois de uma festa. A mãe da criança, não lhe força
a quase nada, mas isso serve ainda mais para aumentar o sentimento de inconformidade
pessoal com a vida. É quando resolve partir em uma jornada de descoberta para
outro país. A viagem tem como final um mosteiro conhecido por ter um dos mais
belos jardins do mundo com destaque para um roseiral com inúmeras espécies, mas
que se encontra abandonado.
A finalidade (ou a desculpa) de
Lobbi para sair de casa então é essa, consertar e edificar esse jardim igual
aos dias de ouro. De posse de uma nova espécie de rosa que acredita ser a única
no mundo todo inicia uma trajetória longa até esse mosteiro, incrustado em uma
pequena vila sem maiores atrativos sociais. E é nesse local longe de
computadores, celulares, televisão e afins, que finalmente começa a dissipar
seus medos e questionamentos sobre questões como sexo, vida e morte.
O que até então se assemelhava a
um misto de jornada do herói com um romance de formação, é alterado pela
escritora com a inclusão do Frei Tomás e suas soluções e respostas sempre
baseadas em algum filme antigo, com tiradas como: “Antonioni lhe ensinará tudo que você precisa saber sobre o amor”,
como também o reaparecimento da filha e da mãe dela (com a qual ele não nutre nenhuma
intimidade).
Em “Rosa Cândida”, temos uma história delicada e terna, que comove em
alguns pontos, porém em nenhum momento desanda para o sentimentalismo choroso e
banal. No meio do texto a autora insere um humor de constrangimento e inadequação
e aproveita para lançar mão de questões com alicerces no esoterismo e religião,
sem explicar muito bem os motivos dessas inserções e deixa ao leitor a tarefa
de buscar o entendimento por si só, o que é sempre válido.
Nota: 7,0
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