Paola Gaviria nasceu em Quito,
capital do Equador em 1977, mas sua família é de origem colombiana o que levou a
uma frequente relação entre os dois países. Filha de um pai metido a padre, mas
que atuava na clandestinidade, e de uma mãe dramática que lia o futuro das
pessoas no dominó, ela foi a caçula que veio fazer companhia para duas irmãs. A
mãe ficou grávida dela mesmo após fazer uma operação para não ter mais filhos e
diversos médicos achavam que ela estava com algum tipo de vírus e não grávida. Com
o decorrer do tempo essa caçula que veio ao mundo meio sem querer virou a
artista Power Paola e esse processo de crescimento está relatada na graphic
novel “Vírus Tropical”, publicada
originalmente lá fora em 2010 e com lançamento aqui esse ano pela Editora Nemo.
Com 160 páginas e tradução conjunta de Nicolas Llano Linares e Marcela Vieira a
história envereda pela infância e juventude da autora que retrata em preto e
branco o processo de amadurecimento e formação da própria personalidade. Histórias
autobiográficas tem lugar cativo e habitual nos quadrinhos das últimas duas
décadas, pelo menos. Cada vez mais autores utilizam a nona arte como meio de
expressão e “Vírus Tropical” segue
essa toada. Power Paola usa do humor para espantar alguns demônios pessoais e fazer
as pazes com o passado. O tom é melodramático, mas permite risadas ao leitor.
Com a arte transitando entre o cartum e o fanzine, optando por ser brusca e
direta, Power Paola apresenta um trabalho que se não traz nada de novo, pelo
menos é um mais do mesmo com luz própria.
Nota: 6,5
O projeto Graphic MSP que
revitaliza as obras de Mauricio de Sousa através da visão de novos autores
continua com a missão em 2015. Ainda no primeiro semestre foi a vez de “Penadinho – Vida”. Idealizada e feita
a quatro mãos pelo casal Paulo Crumbim e Cristina Eiko (de “Quadrinhos A2”) com
84 páginas, o álbum visita os personagens do cemitério capitaneados pelo fantasminha
que empresta o nome ao título. A trama inicia quando Penadinho recebe da Dona
Cegonha a notícia de que Alminha – o amor da sua “morte” – vai reencarnar na
próxima manhã. Ocorre que Penadinho nunca falou sobre esse amor e com a partida
eminente da amada para o mundo dos vivos resolve enfim se declarar a ela.
Porém, ele não consegue, afinal nem sempre é fácil falar essas coisas não é
mesmo? Então, enquanto procura coragem e uma maneira para demonstrar toda
paixão, Alminha é raptada por um estranho ser sugador de almas. A partir disso
toda a turma do cemitério sai em busca de realizar o resgate e em uma aventura
empolgante enfrenta obstáculos e encontra personagens bem singulares. É verdade
que o tom de “Penadinho – Vida” é
mais infantil que a maioria das seis obras anteriores, contudo versa sobre
temas bem delicados como a morte e o amor. A maneira com que trata isso e ainda
envolve bom humor e ritmo hábil, representam o grande mérito da empreitada do
casal de autores. Com cores bonitas, arte que remete um pouco ao mangá e um roteiro
de fácil assimilação, porém bem construído, o álbum é mais um acerto dentro do
projeto Graphic MSP.
Nota: 7,0
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