domingo, 11 de outubro de 2015

Quadrinhos: "Vírus Tropical" e "Penadinho - Vida"


Paola Gaviria nasceu em Quito, capital do Equador em 1977, mas sua família é de origem colombiana o que levou a uma frequente relação entre os dois países. Filha de um pai metido a padre, mas que atuava na clandestinidade, e de uma mãe dramática que lia o futuro das pessoas no dominó, ela foi a caçula que veio fazer companhia para duas irmãs. A mãe ficou grávida dela mesmo após fazer uma operação para não ter mais filhos e diversos médicos achavam que ela estava com algum tipo de vírus e não grávida. Com o decorrer do tempo essa caçula que veio ao mundo meio sem querer virou a artista Power Paola e esse processo de crescimento está relatada na graphic novel “Vírus Tropical”, publicada originalmente lá fora em 2010 e com lançamento aqui esse ano pela Editora Nemo. Com 160 páginas e tradução conjunta de Nicolas Llano Linares e Marcela Vieira a história envereda pela infância e juventude da autora que retrata em preto e branco o processo de amadurecimento e formação da própria personalidade. Histórias autobiográficas tem lugar cativo e habitual nos quadrinhos das últimas duas décadas, pelo menos. Cada vez mais autores utilizam a nona arte como meio de expressão e “Vírus Tropical” segue essa toada. Power Paola usa do humor para espantar alguns demônios pessoais e fazer as pazes com o passado. O tom é melodramático, mas permite risadas ao leitor. Com a arte transitando entre o cartum e o fanzine, optando por ser brusca e direta, Power Paola apresenta um trabalho que se não traz nada de novo, pelo menos é um mais do mesmo com luz própria.

Nota: 6,5

Leia um trecho gratuitamente: http://grupoautentica.com.br/nemo/amostra/1245 


O projeto Graphic MSP que revitaliza as obras de Mauricio de Sousa através da visão de novos autores continua com a missão em 2015. Ainda no primeiro semestre foi a vez de “Penadinho – Vida”. Idealizada e feita a quatro mãos pelo casal Paulo Crumbim e Cristina Eiko (de “Quadrinhos A2”) com 84 páginas, o álbum visita os personagens do cemitério capitaneados pelo fantasminha que empresta o nome ao título. A trama inicia quando Penadinho recebe da Dona Cegonha a notícia de que Alminha – o amor da sua “morte” – vai reencarnar na próxima manhã. Ocorre que Penadinho nunca falou sobre esse amor e com a partida eminente da amada para o mundo dos vivos resolve enfim se declarar a ela. Porém, ele não consegue, afinal nem sempre é fácil falar essas coisas não é mesmo? Então, enquanto procura coragem e uma maneira para demonstrar toda paixão, Alminha é raptada por um estranho ser sugador de almas. A partir disso toda a turma do cemitério sai em busca de realizar o resgate e em uma aventura empolgante enfrenta obstáculos e encontra personagens bem singulares. É verdade que o tom de “Penadinho – Vida” é mais infantil que a maioria das seis obras anteriores, contudo versa sobre temas bem delicados como a morte e o amor. A maneira com que trata isso e ainda envolve bom humor e ritmo hábil, representam o grande mérito da empreitada do casal de autores. Com cores bonitas, arte que remete um pouco ao mangá e um roteiro de fácil assimilação, porém bem construído, o álbum é mais um acerto dentro do projeto Graphic MSP.

Nota: 7,0



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