quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Música: Turbo e Telesonic

“Eu Sou Spartacus” é o segundo disco da banda paraense Turbo, trio formado por Camillo Royale nas guitarras, violões e vocal, Wilson Fujiyoshi no baixo e Netto Batêra na bateria. O álbum que saiu esse ano de maneira independente vem de uma longa gestação que remonta inicialmente a 2012. Gravado em Gotemburgo na Suécia por Chips Kiesbye, produtor de bandas como o Hellacopters (influência confessa do trio paraense) e remasterizado por Henryk Lipp, o registro apresenta oito faixas que exibem toda o poder do grupo. Com as guitarras em primeiro plano conduzindo uma cozinha eficientíssima, temos um disco ganchudo, vigoroso e com energia explodindo pelos cantos. O bom humor, um dos pontos fortes da banda, continua em alta como atesta “Fã #1”, onde a letra destrincha uma fã que sabe todas as músicas de todas as bandas, ou “Gibson”, que retrata o sonho maior de ter uma guitarra Gibson Les Paul Custom Black, independente do que os outros acham. As guitarras dão o tom das “rajadas” - que é o como o grupo nomeia suas apresentações - em músicas como “Já” e “Mais Além”, esta última bastante pessoal com versos sobre resistência e falta de valor. Some-se a elas o riff garageiro e possante de “Elis”, a balada torta de “Bem Vinda”, o powerpop de “Pilar” (com letra fantástica citando o “Ok Computer” do Radiohead) e o rock acelerado, quase stoner, de “Calor Senegâles” sobre a questão climática da região. Tudo isso faz de “Eu Sou Spartacus” um compêndio bastante real do que é o Turbo, do que a banda se prontifica a ser, conseguindo transpor o poder do ao vivo para as gravações, o que nunca é tarefa fácil. “Eu Sou Spartacus”, acima disso, é um disco à altura de Camillo Royale, daquilo que se espera dele, um ídolo da cena local e um dos caras mais talentosos da região.

Nota: 8,0

Baixe e ouça o disco no site oficial da banda: http://www.turbooficial.com

O ano era 2006 e o músico paraense Klebe Martins conseguia enfim lançar o primeiro trabalho solo com o nome de Telesonic. “Canções de Bolso” trazia um folk-rock aliado com pop que foi bem recebido pela crítica e público da região. Quase dez anos depois é a vez do sucessor ganhar vida. “Pequenas Juras de Amor...à Vida” tem produção própria, nove canções e vai além da estreia, inserindo sonoridades mais amplas e outras influências, sem contar o fato de uma produção mais cuidadosa e trabalhada. Novamente com participações especiais pelo caminho, como as do casal Joel Melo e Susanne May do Suzana Flag, Klebe Martins outra vez lança um álbum digno de nota, que merece muito ser ouvido. Foram anos de trabalho na lapidação e aperfeiçoamento de cada canção, aqui e ali mostradas ao público em alguns shows, um processo de criação elaborado, novamente com forte apego para com as melodias e zelo nas letras, que dessa vez aparecem mais positivas, mais contemplativas, porém ainda flertando com o cotidiano e apresentando boas tiradas. Da grudenta “Manifesto II” até o dedilhado da suave e terna “Nas Nuvens”, o trabalho exibe várias facetas, como o folk-pop de “Dois Pares”, o trompete de “Tanto Faz” ou o pop pegajoso de “Balada do Retirante”. Dentro da já citada sonoridade mais ampla, destaque para o leve suingue e guitarras de “Não Sei Andar Sozinho”, ou o balanço de “Desafeto”, também com presença marcante da guitarra e backing vocals chicletudos ao fundo. O amor, presença marcante no álbum inaugural, aparece com louvor na perfeitinha e crítica “Sétimo Céu”, assim como a questão “vida que segue” (outra temática explorada antes) se apresenta nos violões de “Bem Mais Simples”, reafirmando o cotidiano e rotina tão bem explorados pelo músico. “Pequenas Juras de Amor...à Vida” é um disco prazeroso de ser escutado, com coisas simples de se ouvir e que carregam em si o poder de melhorar uma parte do seu dia.

Nota: 8,5

Baixe e ouça o disco aqui:
https://soundcloud.com/klebe-martins/sets/pequenas-juras-de-amor-vida    

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Assista ao clipe de “Já” do Turbo:




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