“Eu Sou Spartacus” é o segundo disco da
banda paraense Turbo, trio formado por Camillo Royale nas guitarras, violões e
vocal, Wilson Fujiyoshi no baixo e Netto Batêra na bateria. O álbum que saiu
esse ano de maneira independente vem de uma longa gestação que remonta inicialmente
a 2012. Gravado em Gotemburgo na Suécia por Chips Kiesbye, produtor de bandas
como o Hellacopters (influência confessa do trio paraense) e remasterizado por
Henryk Lipp, o registro apresenta oito faixas que exibem toda o poder do grupo.
Com as guitarras em primeiro plano conduzindo uma cozinha eficientíssima, temos
um disco ganchudo, vigoroso e com energia explodindo pelos cantos. O bom humor,
um dos pontos fortes da banda, continua em alta como atesta “Fã #1”, onde a
letra destrincha uma fã que sabe todas as músicas de todas as bandas, ou “Gibson”,
que retrata o sonho maior de ter uma guitarra Gibson Les Paul Custom Black,
independente do que os outros acham. As guitarras dão o tom das “rajadas” - que
é o como o grupo nomeia suas apresentações - em músicas como “Já” e “Mais Além”,
esta última bastante pessoal com versos sobre resistência e falta de valor.
Some-se a elas o riff garageiro e possante de “Elis”, a balada torta de “Bem
Vinda”, o powerpop de “Pilar” (com letra fantástica citando o “Ok Computer” do
Radiohead) e o rock acelerado, quase stoner, de “Calor Senegâles” sobre a
questão climática da região. Tudo isso faz de “Eu Sou Spartacus” um compêndio bastante real do que é o Turbo, do
que a banda se prontifica a ser, conseguindo transpor o poder do ao vivo para
as gravações, o que nunca é tarefa fácil. “Eu
Sou Spartacus”, acima disso, é um disco à altura de Camillo Royale, daquilo
que se espera dele, um ídolo da cena local e um dos caras mais talentosos da
região.
Nota: 8,0
Baixe e ouça o disco no site
oficial da banda: http://www.turbooficial.com
O ano era 2006 e o músico
paraense Klebe Martins conseguia enfim lançar o primeiro trabalho solo com o
nome de Telesonic. “Canções de Bolso” trazia um folk-rock aliado com pop que
foi bem recebido pela crítica e público da região. Quase dez anos depois é a
vez do sucessor ganhar vida. “Pequenas
Juras de Amor...à Vida” tem produção própria, nove canções e vai além da
estreia, inserindo sonoridades mais amplas e outras influências, sem contar o
fato de uma produção mais cuidadosa e trabalhada. Novamente com participações
especiais pelo caminho, como as do casal Joel Melo e Susanne May do Suzana
Flag, Klebe Martins outra vez lança um álbum digno de nota, que merece muito ser
ouvido. Foram anos de trabalho na lapidação e aperfeiçoamento de cada canção,
aqui e ali mostradas ao público em alguns shows, um processo de criação
elaborado, novamente com forte apego para com as melodias e zelo nas letras,
que dessa vez aparecem mais positivas, mais contemplativas, porém ainda flertando
com o cotidiano e apresentando boas tiradas. Da grudenta “Manifesto II” até o
dedilhado da suave e terna “Nas Nuvens”, o trabalho exibe várias facetas, como
o folk-pop de “Dois Pares”, o trompete de “Tanto Faz” ou o pop pegajoso de “Balada
do Retirante”. Dentro da já citada sonoridade mais ampla, destaque para o leve
suingue e guitarras de “Não Sei Andar Sozinho”, ou o balanço de “Desafeto”,
também com presença marcante da guitarra e backing vocals chicletudos ao fundo.
O amor, presença marcante no álbum inaugural, aparece com louvor na perfeitinha
e crítica “Sétimo Céu”, assim como a questão “vida que segue” (outra temática
explorada antes) se apresenta nos violões de “Bem Mais Simples”, reafirmando o cotidiano
e rotina tão bem explorados pelo músico. “Pequenas
Juras de Amor...à Vida” é um disco prazeroso de ser escutado, com coisas
simples de se ouvir e que carregam em si o poder de melhorar uma parte do seu
dia.
Nota: 8,5
Baixe e ouça o disco aqui:
https://soundcloud.com/klebe-martins/sets/pequenas-juras-de-amor-vida
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Assista ao clipe de “Já” do
Turbo:
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