“Endgame: O Chamado” é o primeiro livro de uma trilogia escrita
pela dupla James Frey (de “Os Legados de Lorien”) e Nils Johnson-Shelton (de “A
Torre Invísivel”), voltada para o público adolescente. A editora Intrínseca
publicou aqui no Brasil o primeiro desses livros ano passado, sendo que o
subsequente já saiu em 2015. Com 504 páginas e tradução de Dênia Sad, a trama
remonta a criação da humanidade quando há doze milênios seres alienígenas
dotados de imenso saber e tecnologia, fizeram este mundo e deram aos moradores
as condições necessárias para a evolução, deixando claro que se não
respeitassem o planeta corretamente voltariam para aniquilar tudo em uma
competição chamada “endgame”. Desde então, as doze linhagens mais antigas da
humanidade vêm treinando século após século um jovem (entre 13 e 20 anos) para
lhe representar caso isso ocorra um dia. O prêmio da competição é a
sobrevivência de todos dessa linhagem. Partindo de um tema inicial largamente
utilizado tanto na literatura juvenil, quanto em histórias em quadrinhos e
lendas antigas, “Endgame: O Chamado” joga
12 jovens em busca de conquistar três chaves que lhe garantirão a vitória e a vida
de entes queridos. No meio há bastante ação, intrigas, paixões, dúvidas e
violência, tudo como manda o figurino. A série conversa bastante com a
interatividade dos dias atuais, com diversas notas contendo links externos,
como também e-books relacionados, um possível jogo a ser lançado e já a venda
dos direitos para o cinema. Convida também os leitores para uma competição
própria, caso assim queiram (mais no site: http://www.endgamerules.com).
Contudo, a narrativa desse primeiro volume poderia ter passagens a menos que
facilitariam o ritmo e o envolvimento com uma história que tem diversas
correlações com outras e que já foi melhor explorada anteriormente. Com
capítulos individuais para cada personagem, criação de símbolos e enigmas
pendentes, chega até a funcionar bem em alguns momentos, mas não consegue ir
muito além disso.
Nota: 5,0
“João & Maria” (Hansen
& Gretel, no original) é um dos contos mais simbólicos dentro da extensa
lista dos irmãos Grimm. Foi publicado pela primeira vez em 1812 no livro “Histórias
das Crianças e do Lar”, mas de acordo com alguns estudos a geração da história
remonta a idade medieval, lá pelo século XIV, quando a grande fome se espalhava
pela Europa devido a guerras e doenças. De lá para cá o conto teve além de vida
duradoura, inúmeras revisitações escritas, além de desenhos, histórias em
quadrinhos e até ópera. Cada revisitação dessa muda um pouco a fábula e isso
não seria diferente quando o escritor inglês Neil Gaiman escolheu também fazer uma
versão. Em conjunto com o artista gráfico italiano Lorenzo Mattotti, Gaiman fez
isso ano passado e agora em 2015 a editora Intrínseca publica esse material
aqui no Brasil em 56 páginas, com tradução de Augusto Calil. Em uma edição
muito bonita, o icônico autor de “Sandman” e tantos outros livros mergulha
nesse conto infantil, que na verdade não tem quase nada disso, já que se refere
a uma história de medo, fome, abandono, canibalismo, desespero e superação.
Inspirado na arte sombria e densa de Lorenzo Mattotti, o texto também caminha
por esse lado e com algumas mexidas aqui e ali na história conta para um novo
público a história dos irmãos que foram abandonados pelos pais no meio de uma
floresta escura, porque os mesmos não tinham mais como alimentá-los (e nem
estavam dispostos a brigar por isso) e quando se perdem caem na mão de uma
estranha velha que tem planos nada bons para os dois. Com texto sucinto, porém
mélico e ainda conseguindo inserir ironia no meio da tragédia e da aventura,
Neil Gaiman dá mais alguns anos de sobrevida a fábula nessa recriação de “João e Maria”.
Nota: 7,0
Mais sobre o livro aqui: http://www.intrinseca.com.br/neilgaiman/joaoemaria
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