Depois de cinco livros, entre
eles “Sete Dias Sem Fim” que virou filme nas mãos do diretor Shawn Levy ano
passado, dá para entender bem quais as características da literatura do
escritor norte-americano Jonathan Tropper. E “Antes de Partir Desta Pra Uma Melhor” (One Last Thing Before I Go, no original), o recente trabalho que a
Editora Arqueiro publicou aqui em 2015 com 256 páginas e tradução de Marcello
Lino apresenta todas elas. O personagem principal é Drew Silver, um baterista
que teve um único sucesso com a banda que tocava e em pouco tempo ascendeu para
a posição de rockstar para logo depois galgar o panteão do ostracismo. Vive em
um hotel cheio de divorciados e perdedores. Sim, ele foi deixado pela mulher e
mantêm uma péssima relação com a filha. Tem como fonte de renda os trocados que
ganha tocando em aniversários, batizados e coisas do tipo e a venda de esperma
para uma clínica local. Tipo do cara que não ambiciona nada na vida. Até que de
uma só tacada descobre que a filha adolescente está grávida, que a ex-mulher
vai casar de novo e que tem um problema no coração que se não operar vai lhe
matar. Drew Silver carrega as mesmas cores que outros personagens do autor como
o Zachary King de “Tudo Pode Mudar”, o Doug
Parker de “Como Falar com um Viúvo”, ou mesmo o Judd Foxman de “Sete Dias Sem
Fim”. Da autopiedade a busca por alguma redenção, mesmo que de modo atrapalhado
e involuntário. Nos seus livros, Jonathan Tropper sempre pega o personagem
principal no meio de um momento ruim, com alguma doença ou morte aparecendo e
indica uma reviravolta que precisa ser feita para nisso enxertar bons diálogos
de humor no meio do drama. “Antes de
Partir Desta Pra Uma Melhor” é mais um exemplo disso e apresenta um autor
confortável na repetição e que agrada somente quem o lê pela primeira vez, pois
para quem já leu os demais livros a sensação de cansaço supera a diversão.
Nota: 4,0
Site do autor: http://jonathantropper.com
Tem um trecho disponível para
leitura, aqui.
Jacob Portman sempre foi muito
chegado ao seu avô. Principalmente quando era criança e enveredava em histórias
surreais e fantásticas que eram contadas por ele. Com o tempo foi crescendo e,
normalmente, passou a não mais acreditar nessas histórias se tornando um
adolescente como qualquer outro, cheio de insatisfações diversas. Contudo, ainda
assim continuou nutrindo um carinho todo especial por essa figura e quando este
é assassinado em circunstâncias nada normais, Jacob enlouquece perante o que
viu no dia da morte e o que lhe foi sussurrado no ouvido antes do falecimento.
Aos poucos percebe que as histórias do avô não eram tão surreais assim e para
tirar a prova de tudo se manda junto com o pai para uma inóspita ilha do País
de Gales onde conhece as tais crianças especiais que tanto ouvia sobre na
infância. Essa é a trama inicial de “O
Orfanato da Srta. Peregrine Para Crianças Peculiares” (Miss Peregrine’s Home For Peculiar Children, no original) livro de
autoria do escritor e cineasta Ransom Riggs originalmente publicado em 2011 que
ganha reedição nacional pela Editora Leya nesse ano. Com 336 páginas e tradução
de Edmundo Barreiro e Marcia Blasques, o livro encantou tanto o diretor Tim
Burton que ele resolveu levar a história para o cinema, com adaptação prevista
para estrear no ano que vem. Realmente a narrativa e a ambientação têm tudo a ver
com o diretor. No livro se fundem terror, suspense, fantasia e aventura de modo
esplêndido em uma obra onde o público jovem é o alvo principal, mas que também
agrada a adultos. O diferencial do livro é que é permeado por fotografias
antigas que vão do curioso ao bizarro sendo parte fundamental do processo da
narrativa, auxiliando e muito nas sensações descritas pelas páginas. Em “O Orfanato da Srta. Peregrine Para
Crianças Peculiares”, o autor cria uma trama sombria misturando diversos
conceitos fantásticos tanto da literatura quanto dos quadrinhos (a alusão aos
X-Men é óbvia) que funciona como literatura e promete muito mais nos cinemas.
Nota: 8,5
Site oficial do autor: http://www.ransomriggs.com
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