Desde os primórdios o terror teve
lugar garantido dentro dos quadrinhos. Seja em histórias chinfrins e baratas,
seja em outras mais elaboradas e significativas, sempre se fez presente. “Coffin Hill: Crimes e Bruxaria Vol. 1”
que a Panini Comics coloca no mercado nacional é mais um título que faz essa
tradição perdurar na nona arte. Esse volume compila as sete primeiras edições do
título publicadas nos Estados Unidos pelo selo Vertigo entre dezembro de 2013 e
junho de 2014. Com roteiro da escritora Caitlin Kittredge (da trilogia “O
Código de Ferro”), arte de Inaki Miranda (“Fábulas”) e cores de Eva de La Cruz ambiciona
honrar o gênero olhando para o passado de clássicas tramas, com um mal que
espreita em uma floresta, mas que ninguém sabe exatamente do que se trata e de
onde veio. A protagonista é Eve Coffin, descendente de uma antiga e rica família
que tem no sangue a bruxaria. Tentando renegar isso em conjunto com um perverso
acontecimento na adolescência, ela acaba se tornando policial e fica famosa ao
prender um assassino serial. Logo após isso, porém, a personagem acaba saindo
da polícia e retorna para a cidade natal no meio de uma bagunça que remete ao
fato que a fez fugir quando jovem. Com roteiro bem construindo e mesclando
passado e presente sem perder a atenção do leitor, “Coffin Hill” é uma boa história apesar da arte voltada mais para o
público adolescente. Além disso, convenhamos que atualmente ter algo de terror
que não envolva zumbis, vampiros ou lobisomens já se configura em relevante
mérito.
Nota: 6,0
Em 2013 os irmãos Vitor e Lu
Cafaggi encantaram milhares de leitores com “Laços”, releitura feita para
Mônica, Cebolinha, Cascão e Magali, os clássicos personagens de Mauricio de
Sousa, possível graças ao projeto “Graphic MSP”. O acerto foi tão grande que outra
empreitada com a turminha logo foi prometida. “Lições” é essa sequência com lançamento agora pela Panini Comics
com 82 páginas e duas opções disponíveis (capa cartonada ou dura), sendo o
oitavo rebento oriundo da ideia de revitalização pretendida. “Lições” é um prolongamento lógico de “Laços”,
onde a turminha está um pouquinho mais velha, um ano mais adiantada na escola,
e, evidentemente, com uma nova gama de coisas e descobertas acontecendo ao seu
redor. Os irmãos Cafaggi criaram de novo uma história comovente, que dessa vez
não vem na embalagem de uma grande aventura com todos, mas na superação de obstáculos
individuais, tendo como guia a forte amizade dos quatro. A trama é simples,
porém funcional. Depois de uma travessura com um final não planejado os pais
das crianças resolvem entrar na jogada e mudar a rotina deles para que aprendam
com o episódio (daí vem o título). Com isso a garotada precisa sair dos
costumes diários e encarar alguns desafios. A arte de “Lições”, assim como os personagens, também evolui e por si só já
vale o trabalho. As feições, os olhares, a tristeza e alegria retratadas são de
uma peculiar beleza. Em tempos de tanto cinismo e pouco afeto, essa nova
releitura é um alívio singelo que faz cada um lembrar de uma época em que a
vida era provavelmente mais amorosa e emocionante.
Nota: 8,5
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e Lu Cafaggi
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