sábado, 7 de março de 2015

Documentários: “Fontanarrosa – Vida, Pasíon Y Humor” e "Dear Mr. Watterson"

Roberto Fontanarrosa foi um cartunista e quadrinista argentino que também se aventurou com sucesso em contos e romances. Chamado carinhosamente de “Negro” pelos amigos e familiares foi um cara apaixonado pelo que fazia e pelo time do Rosário Central, oriundo da cidade natal que nunca abandonou mesmo que a carreira lhe suplicasse em ir para Buenos Aires. Falecido em 2007 criou personagens famosos no seu país como “Boogie, El Aceitoso”, que era uma forte sátira contra os EUA e contra os preconceitos em geral, convidando a rir a partir do excesso e “Dom Inodoro Pereyra”, um típico gaúcho dos pampas argentinos. Na época da ditatura foi um dos que combateram com papel e lápis em revistas clássicas como “Hortênsia” e “Satirícon”, participando depois também da conceituada “Fierro”. “Fontanarrosa – Vida, Pasíon Y Humor” (2008) é um documentário dirigido pelo experiente Matías Gueilburt que conta um pouco da trajetória aliado a depoimentos de pessoas ligadas a ele. É uma narrativa simples, com algum acréscimo de outras linguagens visuais que cumpre com o objetivo primário, sem se aprofundar muito ou buscar coisas negativas, caso elas existissem. Influenciado pelos quadrinhos argentinos dos anos 50 e pelo italiano Hugo Pratt (de “Corto Maltese”), Fontanarrosa foi um caso raro de sucesso de público e crítica, e que até hoje é adorado por seu país e por nomes importantes da atualidade como o impecável Liniers e o premiado diretor José Juan Campanella que adaptou um texto dele para compor o filme de animação “Metegol” (aqui chamado de “Um Time Show de Bola”), sem esquecer nunca também da intensa torcida do Rosário Central.

O documentário está disponível no Netflix.

Nota: 6,5

Mesmo que você não goste de tirinhas de quadrinhos e ache isso algo sem valor algum, a chance de já ter se deparado com alguma coisa de “Calvin and Hobbes” (Calvin e Haroldo, no Brasil) por aí é estratosférica. E olha, que ao contrário de outros ícones como os “Peanuts” de Charles M. Schulz ou o “Garfield” de Jim Davis, o seu criador Bill Watterson nunca liberou os produtos para licenciamento em outras mídias. O documentário “Dear Mr. Watterson” (2013) dirigido por Joel Allan Schroeder, um fanático pelos personagens, se concentra no legado da obra e suas correspondências dentro do mercado, deixando um pouco de lado a vida pessoal do criador, um recluso de carteirinha que deixou de fazer novas aventuras dos personagens em 31 de dezembro de 1995 e desde então quase não apareceu ou deu entrevistas, ressurgindo somente no final do ano passado com uma nova tirinha aleatória para um festival de quadrinhos. Com um início arrastado e preocupante, quando o diretor começa a contar as próprias experiências tornando o filme quase um diário pessoal, o trabalho ganha muito em fôlego quando aparecem outros cartunistas nos depoimentos. Isso eleva o filme para uma análise consistente da obra, das influências, do mercado, do domínio sobre a criação e da comercialização demasiada que tira a fantasia do trabalho e deixa tudo claro demais. Os 40 minutos que tratam desses pontos fazem de “Dear Mr. Watterson” um documentário interessante, não somente para os milhões de fãs da criança travessa e criativa e do melhor amigo, um tigre de pelúcia racional que serve de contraponto para as travessuras, como também para quem gosta do universo dos quadrinhos em geral.


O documentário está disponível no Netflix.

Nota: 8,0

Assista ao trailer de “Dear Mr. Watterson” (em inglês): 


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