Roberto Fontanarrosa foi um cartunista
e quadrinista argentino que também se aventurou com sucesso em contos e
romances. Chamado carinhosamente de “Negro” pelos amigos e familiares foi um cara
apaixonado pelo que fazia e pelo time do Rosário Central, oriundo da cidade
natal que nunca abandonou mesmo que a carreira lhe suplicasse em ir para Buenos
Aires. Falecido em 2007 criou personagens famosos no seu país como “Boogie, El
Aceitoso”, que era uma forte sátira contra os EUA e contra os preconceitos em
geral, convidando a rir a partir do excesso e “Dom Inodoro Pereyra”, um típico
gaúcho dos pampas argentinos. Na época da ditatura foi um dos que combateram com
papel e lápis em revistas clássicas como “Hortênsia” e “Satirícon”,
participando depois também da conceituada “Fierro”. “Fontanarrosa – Vida,
Pasíon Y Humor” (2008) é um documentário dirigido pelo experiente Matías
Gueilburt que conta um pouco da trajetória aliado a depoimentos de pessoas
ligadas a ele. É uma narrativa simples, com algum acréscimo de outras linguagens
visuais que cumpre com o objetivo primário, sem se aprofundar muito ou buscar
coisas negativas, caso elas existissem. Influenciado pelos quadrinhos
argentinos dos anos 50 e pelo italiano Hugo Pratt (de “Corto Maltese”),
Fontanarrosa foi um caso raro de sucesso de público e crítica, e que até hoje é
adorado por seu país e por nomes importantes da atualidade como o impecável
Liniers e o premiado diretor José Juan Campanella que adaptou um texto dele
para compor o filme de animação “Metegol” (aqui chamado de “Um Time Show de Bola”),
sem esquecer nunca também da intensa torcida do Rosário Central.
O documentário está disponível no
Netflix.
Nota: 6,5
Mesmo que você não goste de
tirinhas de quadrinhos e ache isso algo sem valor algum, a chance de já ter se
deparado com alguma coisa de “Calvin and Hobbes” (Calvin e Haroldo, no Brasil)
por aí é estratosférica. E olha, que ao contrário de outros ícones como os “Peanuts”
de Charles M. Schulz ou o “Garfield” de Jim Davis, o seu criador Bill Watterson
nunca liberou os produtos para licenciamento em outras mídias. O documentário “Dear
Mr. Watterson” (2013) dirigido por Joel Allan Schroeder, um fanático pelos
personagens, se concentra no legado da obra e suas correspondências dentro do
mercado, deixando um pouco de lado a vida pessoal do criador, um recluso de
carteirinha que deixou de fazer novas aventuras dos personagens em 31 de
dezembro de 1995 e desde então quase não apareceu ou deu entrevistas,
ressurgindo somente no final do ano passado com uma nova tirinha aleatória para
um festival de quadrinhos. Com um início arrastado e preocupante, quando o
diretor começa a contar as próprias experiências tornando o filme quase um
diário pessoal, o trabalho ganha muito em fôlego quando aparecem outros
cartunistas nos depoimentos. Isso eleva o filme para uma análise consistente da
obra, das influências, do mercado, do domínio sobre a criação e da
comercialização demasiada que tira a fantasia do trabalho e deixa tudo claro
demais. Os 40 minutos que tratam desses pontos fazem de “Dear Mr. Watterson” um
documentário interessante, não somente para os milhões de fãs da criança
travessa e criativa e do melhor amigo, um tigre de pelúcia racional que serve
de contraponto para as travessuras, como também para quem gosta do universo dos
quadrinhos em geral.
Site oficial: http://www.dearmrwatterson.com
O documentário está disponível no Netflix.
Nota: 8,0
Assista ao trailer de “Dear Mr.
Watterson” (em inglês):
Nenhum comentário:
Postar um comentário