segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

"Invencível" - 2015

Em 2001, a escritora norte-americana Laura Hillenbrand lançou “Seabiscuit: An American Legend”, livro que se tornou um best-seller e viria a ser a base para o filme “Seabiscuit” (por aqui recebeu o adendo “Alma de Herói”) que levou seis indicações para o Oscar de 2004. Em 2010 ela repetiu a dose com “Unbroken: A World War II Story Of Survival, Resilience, And Redemption”, que também vendeu milhões até agora e virou um novo sucesso editorial. Aqui no Brasil o livro foi publicado em 2012 pela Editora Objetiva e é baseado nele que a atriz Angelina Jolie constrói o segunda longa como diretora.

“Invencível” (“Unbroken”, no original) chegou aos cinemas nacionais agora em 2015 e traz consigo três indicações para o Oscar desse ano em categorias técnicas, a saber: melhor fotografia, melhor edição de som e melhor mixagem de som. Por se tratar de uma história de guerra e de uma superação fantástica que beira o surreal, a diretora porém, esperava mais, já que foi meio esnobada por quase todas as grandes premiações, como o Globo de Ouro. Depois de passar mais de duas horas na poltrona do cinema dá para se ter uma noção dos motivos disso ter ocorrido.

Angelina Jolie estreou como diretora no apenas razoável “Na Terra de Amor e Ódio” de 2011, e pelo tema escolhido para o segundo trabalho dá para se ter uma ideia do tipo de projeto que sempre irá procurar, tendo em vista a sua dedicação em prol de refugiados de guerra e a briga contra o mal provocado por ela. O livro de Laura Hillenbrand é assim uma ótima escolha, devido ao seu sucesso nas livrarias e ao assunto abordado, sendo que para adaptá-lo foram convocados os geniais irmãos Cohen, além dos rodados Richard LaGravenese e William Nicholson.

O enredo é montado em cima de Louis Zamperini, filho de imigrantes italianos que participou das Olimpíadas de Berlim em 1936 (as Olímpiadas de Jesse Owens). Mesmo sem ganhar medalha, ele teve uma elogiada participação e já tinha anseios para a próxima edição dos jogos que viria a acontecer em Tóquio. Entretanto, a Segunda Guerra Mundial eclodiu e além de não participar da competição cancelada, o atleta foi convocado para servir ao exército e tragicamente em uma missão de resgate o avião que estava caiu no mar.

Em um pequeno bote salva-vidas, Zamperini passou simplesmente 47 dias perdido em alto mar junto com outros dois companheiros, brigando contra a sede, a fome, os devaneios, os tubarões e o todo o mal que uma jornada desventurada dessa pode promover. Conseguiu ser resgatado, mas como desgraça pouca é bobagem, caiu nas mãos do exército japonês e desse ponto em diante sofreu torturas e maus tratos nas mãos de um sádico oficial nipônico (uma fraca atuação de Takamasa Ishihara).

Os destaques de “Invencível” ficam por conta da belíssima atuação de Jack O’Connell (da série “Skins”) como o personagem principal e a fotografia brilhante de Roger Deskins (de “Um Sonho de Liberdade”), além de duas cenas realmente memoráveis: o exercício de bravura e resistência de Zamperini carregando uma viga perante o oficial japonês e uma tomada aérea que pega os soldados americanos sujos de carvão dentro de um rio. Mas, tirando isso, nada consegue ir muito além do correto e funcional, isso valendo inclusive para a direção de Angelina Jolie.

Louis Zamperini morreu em 2014 aos 97 anos apesar de tudo que lhe aconteceu na vida, um sobrevivente na melhor acepção que o termo pode ter, e merecia muito ter sua história contada para um público maior. “Invencível” cumpre essa missão, no entanto, como cinema deixa a desejar, ainda mais por ser extremamente parcial, tratando os japoneses como “malvados” e os americanos como “bonzinhos”, quando que em uma guerra ambos os lados são capazes das maiores atrocidades possíveis como a história comprova. Uma coisa que Angelina Jolie deveria estar cansada de saber, assim poderia se supor.

Nota: 6,0

Assista a um trailer legendado: 


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