Em 2001, a escritora
norte-americana Laura Hillenbrand lançou “Seabiscuit:
An American Legend”, livro que se tornou um best-seller e viria a ser a
base para o filme “Seabiscuit” (por aqui recebeu o adendo “Alma de Herói”) que
levou seis indicações para o Oscar de 2004. Em 2010 ela repetiu a dose com “Unbroken: A World War II Story Of Survival,
Resilience, And Redemption”, que também vendeu milhões até agora e virou um
novo sucesso editorial. Aqui no Brasil o livro foi publicado em 2012 pela
Editora Objetiva e é baseado nele que a atriz Angelina Jolie constrói o segunda
longa como diretora.
“Invencível” (“Unbroken”,
no original) chegou aos cinemas nacionais agora em 2015 e traz consigo três
indicações para o Oscar desse ano em categorias técnicas, a saber: melhor
fotografia, melhor edição de som e melhor mixagem de som. Por se tratar de uma
história de guerra e de uma superação fantástica que beira o surreal, a
diretora porém, esperava mais, já que foi meio esnobada por quase todas as
grandes premiações, como o Globo de Ouro. Depois de passar mais de duas horas
na poltrona do cinema dá para se ter uma noção dos motivos disso ter ocorrido.
Angelina Jolie estreou como
diretora no apenas razoável “Na Terra de Amor e Ódio” de 2011, e pelo tema
escolhido para o segundo trabalho dá para se ter uma ideia do tipo de projeto
que sempre irá procurar, tendo em vista a sua dedicação em prol de refugiados
de guerra e a briga contra o mal provocado por ela. O livro de Laura
Hillenbrand é assim uma ótima escolha, devido ao seu sucesso nas livrarias e ao
assunto abordado, sendo que para adaptá-lo foram convocados os geniais irmãos
Cohen, além dos rodados Richard LaGravenese e William Nicholson.
O enredo é montado em cima de
Louis Zamperini, filho de imigrantes italianos que participou das Olimpíadas de
Berlim em 1936 (as Olímpiadas de Jesse Owens). Mesmo sem ganhar medalha, ele
teve uma elogiada participação e já tinha anseios para a próxima edição dos
jogos que viria a acontecer em Tóquio. Entretanto, a Segunda Guerra Mundial
eclodiu e além de não participar da competição cancelada, o atleta foi
convocado para servir ao exército e tragicamente em uma missão de resgate o
avião que estava caiu no mar.
Em um pequeno bote salva-vidas,
Zamperini passou simplesmente 47 dias perdido em alto mar junto com outros dois
companheiros, brigando contra a sede, a fome, os devaneios, os tubarões e o
todo o mal que uma jornada desventurada dessa pode promover. Conseguiu ser
resgatado, mas como desgraça pouca é bobagem, caiu nas mãos do exército japonês
e desse ponto em diante sofreu torturas e maus tratos nas mãos de um sádico
oficial nipônico (uma fraca atuação de Takamasa Ishihara).
Os destaques de “Invencível” ficam por conta da
belíssima atuação de Jack O’Connell (da série “Skins”) como o personagem principal
e a fotografia brilhante de Roger Deskins (de “Um Sonho de Liberdade”), além de
duas cenas realmente memoráveis: o exercício de bravura e resistência de
Zamperini carregando uma viga perante o oficial japonês e uma tomada aérea que
pega os soldados americanos sujos de carvão dentro de um rio. Mas, tirando isso,
nada consegue ir muito além do correto e funcional, isso valendo inclusive para
a direção de Angelina Jolie.
Louis Zamperini morreu em 2014
aos 97 anos apesar de tudo que lhe aconteceu na vida, um sobrevivente na melhor
acepção que o termo pode ter, e merecia muito ter sua história contada para um
público maior. “Invencível” cumpre essa
missão, no entanto, como cinema deixa a desejar, ainda mais por ser
extremamente parcial, tratando os japoneses como “malvados” e os americanos
como “bonzinhos”, quando que em uma guerra ambos os lados são capazes das
maiores atrocidades possíveis como a história comprova. Uma coisa que Angelina
Jolie deveria estar cansada de saber, assim poderia se supor.
Nota: 6,0
Assista a um trailer legendado:
Nenhum comentário:
Postar um comentário