Exibida entre os anos de 1999 a
2007 a série “Família Soprano” deixou saudades. Com uma qualidade até então
nunca vista na televisão (e até hoje difícil de ser visualizada), as seis
temporadas mostravam o mafioso Tony Soprano entre o amor e a fúria enquanto
cuidava dos seus negócios escusos. O braço direito do personagem interpretado
magnificamente por James Gandolfini era Silvio Dante com suas caretas, gestos e
frases bem marcantes.
Silvio Dante era responsabilidade
do ator Steven Van Zandt, que entre outras coisas é o hábil guitarrista da E
Street Band que acompanha Bruce Springsteen durante anos e anos mundo afora.
Algum tempo se passou depois do fim dos Sopranos e Steven Van Zandt retornou
para a vida de ator em “Lilyhammer”,
a primeira série original do Netflix em parceria com um canal de tevê da
Noruega. A primeira temporada foi em 2012 e já se estende até a terceira que
foi lançada no final do ano passado.
Criada por Anne Bjornstad e Eilif
Skodvin e produzida pelo próprio Steven Van Zandt, “Lilyhammer” conta a história de Frank Tagliano, um mafioso de Nova
York que depois de depor contra a máfia entra no programa de proteção a
testemunhas do governo. Com tantas cidades e lugares para escolher ele resolve
se esconder e recomeçar na pacata cidade que empresta nome a série, devido ao
fato de ter acompanhado pela televisão os jogos olímpicos de inverno que lá
aconteceram em 1994.
Nesta serena cidade, Frank
Tagliano (Van Zandt) vira Giovanni Henriksen, um imigrante em busca de um novo
começo. O choque de cultura e de pensamento fica logo evidente nos primeiros
episódios e proporciona alguns dos grandes momentos das três temporadas. “Lilyhammer” é na sua essência uma
comédia com fortes tons de escracho, politicamente incorreto, humor corrosivo e
sem muitas concessões. Quando ela abraça definitivamente os jeitos e trejeitos
de mafioso do personagem principal se torna mais engraçada e cáustica ainda.
E isso se dá mais no segundo ano,
onde até brincadeiras e referências com “Família Soprano” passam a ser
permitidas, como o ingresso de Tony Sirico (o “Paulie” de Sopranos) como um
irmão padre de Tagliano. Na terceira temporada onde o Brasil (mais
especificamente o Rio de Janeiro) atua como coadjuvante, é que “Lilyhammer” se perde um pouco e baixa
o nível de qualidade antes vista, devido principalmente a inclusão de novos
personagens sem tanto carisma quanto os anteriores como o Torgeir Lien (Trond
Fansa).
Ainda assim, “Lilyhammer” é uma boa pedida para quem gosta de mafiosos, comédia
e humor fora do convencional. Indicado para aqueles dias ou noites em que
pensar muito não está nos planos e apenas uma boa sequencia de risadas serve de
alento.
Todas as temporadas estão
disponíveis no Netflix.
P.S: Na terceira temporada até o Bruce Springsteen aparece
fazendo um pequeno papel.
Nota: 7,0
Assista a um trailer legendado:
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