quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Séries - "The Flash"

Existem vários poderes desejáveis no universo imaginário dos super-heróis. Invulnerabilidade, invisibilidade, telepatia, voo, magia, premonição, mas convenhamos, velocidade ampliada é um dos mais bacanas de todos. Poder chegar onde quiser rapidamente, entrar e sair sem ser percebido, não se atrasar nunca mais, não se preocupar com engarrafamentos, é realmente um sonho. O Flash, um dos personagens mais populares da DC Comics tem essa habilidade e por isso, além de popular sempre se apresentou com grande importância no mundo da empresa.

Criado na Era de Ouro dos quadrinhos (anos 40) por Gardner Fox e Harry Lampert, o personagem foi reinventado na segunda metade dos anos 50 (conhecida como Era de Prata) como Barry Allen, um cientista forense de Central City que ao ser atingido por um raio é afetado por vários produtos químicos e ganha a possibilidade de acessar algo chamado “força da aceleração”, que lhe permite ser o homem mais rápido do mundo. Durante o decorrer dos anos o Flash teve várias outras encarnações nos quadrinhos, morreu e ressuscitou (como de costume), mas sempre se manteve em um papel de destaque na DC.

No ano passado o personagem ganhou novamente uma série de tevê, dessa vez produzida pelo Canal CW. Em 1990 já havia sido feito uma tentativa que durou apenas uma temporada e 21 episódios e que trazia o ator John Wesley Shipp no papel do herói (e que está na nova série como o pai de Barry Allen). Todavia, essa série dos anos 90 não chega nem próximo do nível de sofisticação da nova “The Flash” que é transmitida aqui no Brasil pela Warner Channel toda quinta-feira às 22hs. Ambientada no mesmo espaço e tempo de “Arrow”, a nova empreitada é bem mais luxuosa e completa.

A relação com “Arrow” se define em vários aspectos. Primeiro, a produção executiva conta com a mesma dupla formada por Greg Berlanti e Andrew Kreisberg, segundo, Barry Allen (interpretado pelo ator Grant Gustin) já havia aparecido em alguns episódios de lá, e por fim, as duas séries tiveram um crossover (prática comum nos quadrinhos, mas pouco usual em séries) logo na primeira metade da temporada de “The Flash” (e que funcionou muito bem). Há ainda o grande Geoff Johns, um dos artistas mais expressivos da DC, como consultor de ambas as histórias.

“The Flash” é bem produzida e comandada, diretores experientes da televisão como David Nutler e John Behring passaram pelos episódios. A representação da velocidade e dos aspectos dos poderes dos vilões também funciona bem, mas o que preocupa nesta primeira metade é a condução de parte dos roteiros. Óbvio que por se tratar de um início a série fala sobre ambientação e adequação, mas o tom do roteiro flerta muito a ação com uma parte de humor meio forçado e não muito adequada a Barry Allen. Além disso, os personagens novos criados para a série ainda não conseguiram se firmar, exceção feita ao Detetive Joe West (Jesse L. Martin).

Já que “The Flash” tem uma relação direta com “Arrow” é simples correlacionar os mesmos problemas apresentados nas duas primeiras temporadas do arqueiro de Starling City, onde episódios muito bons eram divididos com outros nem tanto assim, alternando a inspiração dos quadrinhos com flertes para agradar um possível novo público. “Arrow” só começou a ficar realmente interessante a partir da terceira temporada onde os personagens se consolidaram e um caminho foi traçado. “The Flash” sofre dessas mesmas questões e mesmo com a segunda temporada já confirmada, resta saber se terá fôlego para alcançar um nível melhor de qualidade.

A confirmar.

Nota: 6,0


Assista a um trailer legendado:


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