terça-feira, 6 de janeiro de 2015

"Egum" - André Alonso e vários outros

Quantos e quantos políticos não estão espalhados pelo país agora praticando atos desonestos e espalhando mentiras para a população? São muitos e muitos. Evidente que não são todos, mas dá para arriscar que uma grande parcela se enquadra nos termos acima. A corrupção se espalha por secretarias de municípios pequenos e invade até ministérios. É lama que não acaba mais durante as últimas décadas. E é usando um desses políticos que o paulista, nascido em Santos, André Alonso, forjou seu primeiro álbum em quadrinhos.

“Egum” começou no primeiro semestre de 2013 com o lançamento do projeto para financiamento coletivo em uma das plataformas de crowdfunding existentes por aí. Alcançou a meta e partiu para a elaboração. O projeto teve sua conclusão no finalzinho de 2014 e agora no início do ano nasce realmente. Na história desenvolvida por André Alonso, conhecemos Rubens Carneiro (cujo rosto foi inspirado no cantor e ator Eduardo Dusek), um político boa pinta, com ótima oratória, mas repleto de ganância e falsidade.

Na campanha para governador de um estado fictício (mas que poderia ser de qualquer grande capital) ele acaba assassinado por um dos seus “parceiros” de negócio. Mesmo morto ele é “contratado” por uma estranha figura para continuar exercendo a mesma prática duvidosa de quando era vivo. E assim ele continua até se deparar com outros fatos que o fazem sucumbir mais ainda, por mais que alguma insípida compaixão se alinhe no horizonte. E daí surge o título do álbum, já que “Egum” em uma das suas possíveis traduções representa o espírito de um morto.

Para compor a parte gráfica, André Alonso convidou seis quadrinistas e ilustradores diferentes. Anderson Cabral, Silvio DB, Eudetenis, Felipe Moreno, Tila Barrionuevo e Helena Cintra são eles. Se essa pluralidade é interessante por um lado, pois apresenta a mesma história de várias formas diferentes, por outro lado não deixa a obra com uma concisão maior, e acaba perdendo alguns pontos por conta disso. A revisão também deixa a desejar e percebem-se alguns escorregões durante a leitura das 120 páginas.

Do lado positivo destaca-se a boa trama criada por André Alonso, com clara influência de Neil Gaiman e nos moldes de quadrinhos da linha Vertigo da DC Comics, além do desejo de sair do usual abordando temas raros em hq’s nacionais. A vasta gama de referências utilizada também vale ser ressaltada, pois ela é usada sem atropelos da história ou ataques de exibicionismo. Na boa safra de quadrinhos brazucas que estão aparecendo nos últimos tempos, “Egum” é mais um bom exemplar. 

Nota: 7,0

Site do autor: http://www.ooroboros.com       

Leia um pouco da história aqui: http://issuu.com/andrealonso/docs/egum 


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