Quantos e quantos políticos não
estão espalhados pelo país agora praticando atos desonestos e espalhando
mentiras para a população? São muitos e muitos. Evidente que não são todos, mas
dá para arriscar que uma grande parcela se enquadra nos termos acima. A
corrupção se espalha por secretarias de municípios pequenos e invade até
ministérios. É lama que não acaba mais durante as últimas décadas. E é usando
um desses políticos que o paulista, nascido em Santos, André Alonso, forjou seu
primeiro álbum em quadrinhos.
“Egum” começou no primeiro semestre de 2013 com o lançamento do
projeto para financiamento coletivo em uma das plataformas de crowdfunding
existentes por aí. Alcançou a meta e partiu para a elaboração. O projeto teve
sua conclusão no finalzinho de 2014 e agora no início do ano nasce realmente.
Na história desenvolvida por André Alonso, conhecemos Rubens Carneiro (cujo
rosto foi inspirado no cantor e ator Eduardo Dusek), um político boa pinta, com
ótima oratória, mas repleto de ganância e falsidade.
Na campanha para governador de um
estado fictício (mas que poderia ser de qualquer grande capital) ele acaba
assassinado por um dos seus “parceiros” de negócio. Mesmo morto ele é “contratado”
por uma estranha figura para continuar exercendo a mesma prática duvidosa de
quando era vivo. E assim ele continua até se deparar com outros fatos que o
fazem sucumbir mais ainda, por mais que alguma insípida compaixão se alinhe no
horizonte. E daí surge o título do álbum, já que “Egum” em uma das suas possíveis traduções representa o espírito de
um morto.
Para compor a parte gráfica,
André Alonso convidou seis quadrinistas e ilustradores diferentes. Anderson
Cabral, Silvio DB, Eudetenis, Felipe Moreno, Tila Barrionuevo e Helena Cintra
são eles. Se essa pluralidade é interessante por um lado, pois apresenta a
mesma história de várias formas diferentes, por outro lado não deixa a obra com
uma concisão maior, e acaba perdendo alguns pontos por conta disso. A revisão
também deixa a desejar e percebem-se alguns escorregões durante a leitura das
120 páginas.
Do lado positivo destaca-se a boa
trama criada por André Alonso, com clara influência de Neil Gaiman e nos moldes
de quadrinhos da linha Vertigo da DC Comics, além do desejo de sair do usual
abordando temas raros em hq’s nacionais. A vasta gama de referências utilizada
também vale ser ressaltada, pois ela é usada sem atropelos da história ou
ataques de exibicionismo. Na boa safra de quadrinhos brazucas que estão
aparecendo nos últimos tempos, “Egum”
é mais um bom exemplar.
Nota: 7,0
Site do autor: http://www.ooroboros.com
Leia um pouco da história aqui: http://issuu.com/andrealonso/docs/egum
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