Quem foi o quinto beatle? Stuart
Sutcliffe, o amigo de John Lennon que tocava baixo nos primórdios da banda e
faleceu misteriosamente em 1962? George Martin, o produtor que foi fundamental
nos discos do quarteto? Pete Best, o primeiro baterista do grupo que saiu em
1962 para a entrada de Ringo Starr? Bom, para Paul McCartney, não foi nenhum
desses. Em 1999 ele afirmou que “se
existiu o quinto beatle, ele foi o Brian”.
O Brian em questão é Brian
Epstein, nascido em Liverpool em 1934 e falecido em 27 de agosto de 1967, que
de gerente de uma conceituada loja de discos chamada NEMS, passou para
empresário dos jovens garotos ingleses que sob o seu comando conquistariam o
mundo e ficariam para sempre marcados na história da música dali em diante.
Brian Epstein foi essencial para esse sucesso e em 10 de abril desse ano entrou
para o Hall da Fama do Rock And Roll na categoria de Não Artista.
Para os conhecedores da história
dos Beatles a importância de Brian Epstein já é devidamente reconhecida,
todavia ainda faltava uma obra recente que deixasse isso mais claro e cobrisse
principalmente a sua vida pessoal de maneira mais abrangente. Mesmo facilmente
correlacionado com adjetivos como visionário e empreendedor, ele tinha sérios
problemas de confiança e amargava um profundo deslocamento social. Era judeu
(ainda com a segunda guerra viva no cotidiano) e homossexual (quando essa opção
era crime na Inglaterra).
“O Quinto Beatle – A História de Brian Epstein” foi lançada pela Editora Aleph esse ano e adiciona na balança
esses dois lados: o idealismo e a insatisfação pessoal. O roteiro de Vivek J.
Tiwary (escritor de espetáculos de sucesso da Broadway em sua primeira aventura
nos quadrinhos) contorna isso de maneira satisfatória e começa mostrando
um pouco da vida anterior do empresário, suas predileções e medos, passa pela
maneira que ele conheceu os Beatles, o primeiro show visto no lendário Cavern
Club, até chegar ao estrelato e ao reconhecimento mundial.
Vivek J. Tiwary usa de uma livre
narrativa para apoiar fatos da vida do personagem principal e adiciona tons poéticos
e fantasiosos que juntos com a bonita e esperta arte repleta de cores e
variações de estilo dão um resultado interessantíssimo ao álbum. Essa arte que
durante quatro anos foi trabalhada por Andrew C. Robinson (Starman) e Kyle
Baker (O Sombra) resplandece em boa parte das 168 páginas espalhadas em formato
grande (31 x 21cm). O resultado é uma das mais bonitas graphic novels dos últimos anos.
“O Quinto Beatle – A História de Brian Epstein” apresenta vários textos
como adendos e esboços comentados dos artistas, assim como explicações dos
direcionamentos utilizados pelo próprio autor que deixou alguns fatos de lado
para compor a narrativa, o que não chega a ser problema, pois se referem a
pequenas licenças. Licenças que geram momentos interessantes como a conversa de
Epstein com Ed Sullivan (apresentador de tevê) ou com o Coronel Parker
(empresário de Elvis Presley) e mostram uma vida profícua amarrada entre a
alegria e a dor, entre a felicidade e a angústia, ainda que muito curta.
P.S: Brian Epstein faleceu aos 32 anos depois do lançamento
do clássico “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band” e não viu os “seus garotos”
caminharem para o final da banda, como também não presenciou as disputas que se
seguiram.
Nota: 9,0
Textos relacionados no blog:
- Quadrinhos: “Baby’s in Black, o Quinto Beatle: A História de Astrid Kirchhnerr e Stuart Sutcliffe” – Arne Bellsdorf
- Quadrinhos: “O Pequeno Livro dos Beatles” – Hervé Bourhis
- Literatura: “The Beatles Vs. The Rolling Stones – A Grande Rivalidade do Rock’ n’ Roll” – Jim Derogatis e Greg Kot
- Literatura: “Man On The Run – Paul McCartney nos Anos 1970” – Tom Doyle
- Shows: Paul McCartney – Estádio do Morumbi(SP) – 21.11.2010
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