“Malcolm McLaren. Ninguém tem uma opinião fria sobre o homem: ou ele
era o ser mais abjeto que já pisou na terra, um oportunista que descartava seus
artistas assim que eles não mais lhe serviam, ou era um gênio absoluto, capaz
de usar a mídia a seu favor de uma maneira que ninguém, até hoje, aperfeiçoou.
Talvez ele fosse as duas coisas ao mesmo tempo.”
O pequeno texto acima está na
contracapa de “Malcolm”, álbum em
quadrinhos lançado no início desse ano pela Edições Ideal. Foi extraído do
posfácio escrito pelo André Barcinski e ilustra muito bem a controversa pessoa
de Malcolm McLaren, figura única no mundo do entretenimento dos últimos 50
anos, pelo menos. Falecido em 2010, ele foi empresário, produtor musical,
agitador cultural, artista, criador de moda, entre outras coisas mais. E foi
essa personalidade ímpar que desembarcou nos estúdios da MTV Brasil em São
Paulo durante o ano de 1995.
No mesmo dia o jornalista Fabio
Massari foi avisado dessa visita e se preparou para encarar uma missão
complicada à primeira vista, mas que se tornou bem agradável durante o curso da
entrevista ali feita, que de quinze minutos previstos inicialmente se espalhou
por mais de cinquenta. McLaren estava na teoria lançando seu mais recente disco
chamado “Paris” (de 1994), mais a conversa se espalhou por assuntos bem
diferentes desse, fazendo uma espécie de compêndio da carreira dele até ali.
Na época, só alguns trechos foram
ao ar na MTV e a gravação da entrevista ficou guardada pelo Fabio Massari para
ser usada posteriormente. O resultado ganhou corpo dezenove anos depois. E em
um formato até certo ponto inusitado: em quadrinhos. Feita em conjunta com o
quadrinista gaúcho Luciano Thomé, “Malcolm”
é um grande acerto. O formato casou muito bem com o teor da entrevista e a
originalidade do personagem principal. Méritos a Thomé, que em preto e branco e
com um traço quase anárquico, conseguiu repassar visualmente tudo muito bem,
com várias inserções externas, caricaturas e referências.
Fabio Massari que já havia lançado
em 2013 o livro “Mondo Massari – Entrevistas, Resenhas, Divagações e Etc.”,
volta novamente a carga com essa ideia, que é o primeiro projeto da coleção que
administra (e leva o seu nome) dentro das Edições Ideal. O segundo livro dessa
muito bem-vinda coleção inclusive já saiu, chamado “Nós Somos a Tempestade”, do
jornalista Luiz Mazetto, que fala sobre o metal alternativo dos EUA. “Malcolm” tem capa dura e 68 páginas e mostra
pensamentos relevantes do seu entrevistado mesmo tanto tempo depois. Mais uma ótima
bola dentro do Reverendo.
Nota: 8,0
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